O Manchester City vem para a temporada 16/17 com grandes expectativas, principalmente pelas mudanças que ocorreram no verão europeu. A temporada anterior foi atípica: A campanha na Premier League foi a pior nos últimos 5 anos, repleta de altos e baixos na qual o time sofreu para ficar em quarto lugar, conquistado apenas na última rodada – contrastando com 2 títulos, 2 vices e um terceiro lugar, na temporada 2010/11 – e assim garantindo participação na Champions League pela sexta vez consecutiva.
No entanto, se no campeonato nacional a campanha foi apenas razoável, em terras europeias os Citizens tiveram campanha bem superior: conseguiu chegar à sua primeira semifinal, sendo eliminado por um placar mínimo pelo time que mais adiante se sagraria campeão.
Ainda assim, os azuis de Manchester não passaram a temporada em branco. O título da Copa da Liga Inglesa, conquistado após a vitória nos pênaltis por 3-1 sobre o Liverpool de Klopp foi a primeira, em 2014, e a última taça levantada por Manuel Pellegrini sob o comando do City: Em 3 anos na Inglaterra, o chileno foi bi-campeão da Copa da Liga e também em 2014 conquistou a Premier League.
Pellegrini se despediu com títulos, porém, não conseguiu convencer na sua última Premier League. |
Naquela altura, Pelle já sabia que este seria seu último ano em Manchester. Em janeiro a diretoria anunciou a contratação de Pep Guardiola e sua comissão técnica para as próximas três temporadas, trazendo muita expectativa para o crescimento do clube e da Premier League que também contará com vários outros grandes técnicos a partir deste ano.
O time de Pep é ainda uma incógnita: o Catalão marcado pelos sucessos no Barcelona e no FC Bayern trabalha agora com um elenco já bastante entrosado e de características que pendem ao jogo ofensivo com bastante toque de bola, mas é necessário observar como será a adaptação de Guardiola ao futebol inglês e seus comandados a um novo – e entusiasmante – trabalho. Para a temporada 16/17, Pep irá contar com Joe Hart – que vem sofrendo muitas críticas após uma Eurocopa ruim e sua dificuldade em sair com os pés, mas já defende a meta citizen por 10 anos - e Willy Caballero, herói da final em Wembley, em fevereiro. Muito ainda se discute a possibilidade de transferência de um goleiro badalado, a partir de junho de 2017 o City poderá contar com Gerónimo Rulli, que foi re-emprestado para a Real Sociedad a fim de ganhar minutos de jogo.
A chegada de Pep empolga demais todos do lado azul de Manchester. No entanto, o time segue uma incógnita. |
O setor defensivo, que demonstra fragilidade e instabilidade já a algumas temporadas, contará com Bacary Sagna alinhando o time titular – se Pep decidir usar laterais, é claro – que a conquistou após uma temporada consistente e também pela falta de jogos de Zabaleta, muito afetado por constantes lesões. Do time jovem, Pablo Maffeo ganhou também alguns minutos no elenco principal durante a pré-temporada, e poderá ganhar oportunidades durante a temporada uma vez que os Citizens não foram ao mercado contratar um jogador para a posição.
O setor central da zaga é um dos mistérios da nova temporada. Com Pellegrini, a dupla titular era formada pelo capitão Vincent Kompany e Nicolás Otamendi, e teve baixíssima média de gols sofridos. Porém, Kompany fez a sua pior temporada desde que joga no Etihad Stadium, sofrendo 4 lesões seguidas no mesmo tornozelo e desfalcando o time por mais da metade do campeonato, e aí reside o problema: a sua reposição era disputada por Mangala e Demichelis. Assim, a qualidade caía assustadoramente. Para a nova temporada, o experiente Demichelis não será aproveitado e Mangala ainda não justificou o valor de sua transferência, então o City tratou de trazer um novo zagueiro para ser tutelado por Pep: a promessa inglesa John Stones entrou no top3 de zagueiros mais caros da história do futebol, e Denayer voltou de empréstimo na Turquia. Tal qual a lateral direita, o lado esquerdo também não conta com novos reforços, e a pré-temporada foi muito bem utilizada por Angeliño Tasende, promessa da base do City que figurará o time principal junto com Kolarov e Clichy.
As características de Stones batem com o que Guardiola pensa de futebol: zagueiro de saída de bola. Pode crescer demais com o espanhol. |
Uma das maiores características de Pep é gostar de controlar o jogo, utilizando de superioridade numérica com vários jogadores habilidosos no meio de campo, desde a primeira linha de criação. Para melhorar a qualidade de distribuição, o City tratou de ir ao mercado buscar um grande jogador, e voltou para casa com Ilkay Gundogan, que deve trabalhar com Fernandinho, o terceiro melhor jogador Citizen na temporada passada e dono da posição.
No banco de reservas, conta com Fabian Delph, Fernando e Yaya Touré. Yaya, apesar de ser muito respeitado pela intensa participação em todos os títulos do City entre 2011 e 2016, teve uma péssima temporada que terminou lhe reservando uma cadeira fora do campo, e necessitará de muito trabalho para voltar ao 11 principal.
A próxima linha é a área do campo onde Pep terá mais opções, e portanto, mais tempo para decidir quem vai jogar. Pelas características de um jogo de posse de bola, David Silva pode recuperar o grande futebol que costuma mostrar na Inglaterra, prejudicado pela falta de tempo de jogo no último ano. Junto a ele deve estar a grande contratação da temporada passada e também melhor jogador dela, o belga Kevin de Bruyne.
Se Kevin De Bruyne voou já na sua primeira temporada, com Pep a expectativa de evolução é ainda maior. |
Para dar mais consistência ao elenco, a grande contratação ofensiva foi jovem alemão Leroy Sané. Caracterizado por ser veloz, habilidoso e capaz de dar muitas assistências, poderá jogar aberto pelos 2 lados e foi contratado junto ao Schalke 04 para disputar posição com Raheem Sterling, outra promessa inglesa que não teve a sua melhor primeira temporada em Manchester, e constantemente recebe críticas devido ao alto valor investido em um futebol que ainda não entrou em campo.
Nolito foi o jogador mais velho de uma janela de transferências que olha para o futuro em Manchester, com 29 anos. Vindo de Celta, consegue ler o jogo muito bem e brigará por uma posição com seu compatriota Jesús Navas. Samir Nasri, que apesar de nunca ter jogado pelo City o futebol que mostrara em Londres, mas foi determinante para a classificação para a Champions League 2016/17 não teve minutos na pré-temporada, e assim como Mangala não foi inscrito para a maior competição europeia e deve procurar novos ares.
O setor ofensivo do City é a sua parte mais qualificada, responsável pelo melhor ataque nos últimos 3 anos consecutivos. Na linha mais agressiva do time, o titular inquestionável é o camisa 10 e dono da 2° melhor média de gols da Premier League: Sergio ‘Kun’ Aguero é a maior esperança de gols do City, e embora o Etihad Stadium conte com 6 novas contratações, o maior reforço seria uma temporada em que o argentino esteja livre de lesões e apto para jogar por mais partidas, pois mesmo perdendo jogos em todas as temporadas ele foi o 3° artilheiro da temporada 13/14, o 1° em gols da temporada 14/15 e o vice-colocado na temporada 15/16.
Sem lesões, Aguero com certeza pode se tornar o principal jogador da temporada citizen. |
Kelechi Iheanacho, jóia da academia de jovens se consolidou no time principal, tem cada vez mais minutos como titular e oficialmente tomou o lugar de Wilfried Bony, que em 2 temporadas não chegou nem perto de mostrar o futebol que os Citizens viram para contratá-lo. Não deverá ser utilizado por Pep e já tem seu nome vinculado em outros times da Inglaterra. Considerando a saída de Bony, o ataque teria apenas 3 jogadores até janeiro: Aguero, Kelechi e Nolito. A partir de 2017, o camisa 9 da seleção olímpica estará disponível para jogar a Premier League.
A pré-temporada serviu para
mostrar poucos detalhes do novo Manchester City, que preza mais pela bola,
marca de modo mais agressivo, deixa suas linhas defensivas mais à frente,
procura uma saída lavolpiana (saída com 2 zagueiros e um volante) e
principalmente busca superioridade numérica nos setores do campo. O ataque
continua muito qualificado, criando chances de gol com qualidade e frequência,
porém a defesa continua muito vulnerável, exposta, com falhas individuais e
coletivas. No entanto, é apenas o início de um trabalho de 3 anos, de certo em
pouco tempo este time estará muito diferente.
Mesmo sendo a primeira temporada
de Pep na Inglaterra, o City continua como um dos favoritos à conquista da
Premier League, e essa expectativa é compartilhada pela direção, pelos jogadores
e pela torcida. Diferentemente do fim sem sabor da temporada passada, se espera
um time agora com muito mais recursos, espera-se sanar o problema da falta de
elenco que foi um empecilho gigante em momentos decisivos, e também com o novo
treinador busca-se maiores variantes táticas que, no final, buscam sempre o
mesmo objetivo: a vitória.
Sem dúvidas, essa será uma das
mais difíceis temporadas do inglesão. Grandes técnicos, vários elencos
recheados de estrelas e jogos emocionantes do início ao fim, e o torcedor
Citizen certamente espera que neste final esteja o pentacampeonato da Premier
League.