Pelo muito além da Taprobana


Calma. Respira. Respira fundo. O pior já passou. A tempestade acabou. O tornado já foi embora. O fim do mundo já parece distante. A esperança brilha nas faces rubro-negras praianas. A claustrofóbica sensação de medo se extinguiu. Enfim, o Bournemouth chegou na Premier League e, para a surpresa de muitos, permaneceu. Agora é se segurar. Ufa.

Mesmo com toda a desconfiança que o cercava, o AFC Bournemouth permaneceu na primeira divisão inglesa. Fruto do excelente trabalho do promissor técnico Eddie Howe, de apenas trinta e oito anos de idade, e de seus comandados, um esquadrão repleto de jogadores interessantíssimos, como o rápido Gradel, o goleador Callum Wilson e o excelente Steve Cook, os cherries chegaram à décima-sexta colocação na última EPL, se mantendo longe do rebaixamento durante toda a competição. “A Chapecoense inglesa” surpreendeu a todos com vitórias sobre times como Chelsea e Manchester United, e promete buscar repetí-las nessa nova temporada.

Com a saída de Matt Ritchie rumo ao Newcastle United, para ser um dos protagonistas da reformulação que a equipe do norte vive, o Bournemouth se viu necessitado de sair às compras. Trouxe os laterais Brad Smith e Nathan Aké, de Liverpool e Chelsea, respectivamente, o meia americano Hyndman, do Fulham, o atacante Lys Mousset, do Le Havre (um novo Mahrez, talvez?), o promissor volante Lewis Cook, do Leeds United e, no que foi o maior negócio da história centenária do Bournemouth, o ponta Jordan Ibe, do Liverpool, negócio este que movimentou cerca de dezoito milhões de euros. Mais jovem, o time dos cherries planeja lapidar as promessas na esperança de formar um time mais competitivo no futuro. Pelo menos é o que as contratações feitas parecem acusar.
A torcida vem colocando muita expectativa na temporada de estreia de Jordan Ibe. Para muitos, o inglês vai mostrar todo seu potencial com Howe.

Por mais uma temporada, a mais simpática equipe inglesa tentará sua sobrevivência. O Vitality Stadium parece ficar pequeno diante de tanta esperança que a cidade litorânea de Bournemouth respira. O medo do desconhecido parece ter ficado para trás, afinal, a Premier League já fora devidamente explorada. Aquele frio na barriga da temporada de estreia já passou e o Bournemouth tem forças para alcançar sua permanência.

Respirando fundo, olhando para o horizonte e partindo.

Se espelhando em Camões, o “praiano” time rubro-negro pode explorar por estes mares uma vez já navegados e, quem sabe, alcançar alguma máquina do mundo.

"E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram"
Compartilhar: Plus