O raro meio campista completo


Líbero é o jogador responsável pelo primeiro passe, é aquele marcador que, por vezes, sobe, chegando a intermediária ofensiva e efetuando passes curtos ou longos. Num modo grosso de dizer, o líbero é um zagueiro que tem "toda" a liberdade do mundo.

Regista é o mesmo que um primeiro volante, entretanto, um regista precisa ser um maestro, ou seja, agregar calma, classe e passes de qualidade, com poucos erros.

Box to box é aquele que é a fusão de um meia ofensivo e de um meia defensivo. Jogadores assim precisam ter muito fôlego e vigor físico para correr de área a área.

Enganche é um termo muito popularizado entre os hermanos e nada mais é do que aquele 10 clássico que joga perto da área adversária e pode decidir uma partida em um chute de fora da área ou então em uma "pifada".
Juventus e o camisa 8 já estão juntos há muito tempo.

Entre tantas variações de um jogador de meio campo, há um jogador que mesmo sem atrair tanta atenção, acaba conseguindo realizar um pouco de cada. Claudio Marchisio, conhecido como principino pela torcida bianconera tem características que estão presentes em qualquer meio campista de qualidade, seja ele um regista ou até um enganche. Claudio é raro por ser tão versátil.

O italiano está vinculado a Juve desde 1993, quando tinha 7 anos. Enquanto criança e adolescente, participou de todas as categorias de base do clube e passou por todas as divisões da Seleção, desde o Sub 16. Subiu ao profissional como segundo atacante e rapidamente foi recuado para o meio campo, onde já atuou em todas as posições. Fez sua primeira temporada na Serie B, ganhando espaço com outros jovens no início da renovação bianconera pós calciopoli.
O jovem Marchisio defendendo o Empoli.

Depois de subir para a primeira divisão, foi emprestado ao Empoli, por conta da falta de oportunidades. Participando de 29 jogos pelo clube da Toscana, Marchisio, mesmo com seu bom futebol, não evitou o rebaixamento para a Serie B.

Mais maduro, voltou a Juve, conquistou o Torneio de Toulon com a seleção Azzurra e passou a aparecer em várias listas como uma das promessas do futebol mundial. Acabou se concretizando e sendo peça chave no time de Turim na mesma temporada, o que lhe rendeu uma convocação para defender a seleção na Copa da África do Sul, onde foi eliminado na fase de grupos.

Marchisio continuou como jogador importante do gigante de Turim. Sempre muito consistente, o meio campista sempre expôs suas múltiplas qualidades. Acabou sendo essencial no esquema imortalizado do técnico Antonio Conte. Mantendo uma regularidade incrível, foi peça chave no tricampeonato conquistado com o ex-jogador e ídolo da Juventus no comando.

O camisa 8 atuou como volante com Conte, sendo um pouco mais adiantado na temporada 12/13, onde teve sua maior média de chutes a gol por jogo numa temporada (2.2) e efetuou um percentual de passes certos um pouco abaixo das últimas temporadas, visto que foi um jogador mais vertical no 3-5-2 da Juve. Neste período participou de Eurocopa, chegando a final, Copa das Confederções e novamente foi eliminado na fase de grupos da Copa do Mundo, disputada no Brasil.
O versátil meio campista também é importantíssimo para a seleção nacional, não a toa já tem duas copas disputadas no currículo.

Com a chegada de Allegri, Marchisio voltou a seu papel original, de volante, mas um volante diferente. Massimiliano não só enxergou que o italiano tem muitas qualidades (como Conte fez), mas potencializou isso dando a Marchisio liberdade para atuar de área a área, se aproveitando de todas a sua capacidade. A mudança deu certo, e o meia acabou se tornando ainda mais importante para o esquema da equipe, sendo peça chave no Tetra do Calcio e na campanha de finalista da Juventus, na Uefa Champions League.

A temporada 2015/2016 foi a melhor da carreira do italiano. 3 vezes Man of the match no campeonato italiano, o volante, que tem como característica desempenhar todas as funções secundárias de um meio campista, foi o ponto de equilíbrio da pentacampeã Juventus, que obteve uma brilhante campanha após um fraco início de temporada com Massimiliano Allegri.

Marchisio se destacou por toda a temporada com 87.3% dos passes certos e nota média de 7.23 na temporada.


Neste vídeo da temporada do camisa 8, podemos notar o quão ele é completo e quais são suas qualidades:

- A proteção de bola é um diferencial de Marchisio. Se ele não é um grande driblador, é um grande condutor por proteger a bola tão bem. Quando apertado, ele demonstra um raciocínio rápido para encontrar um companheiro desmarcado ou melhor posicionado.

 - Quando desmarcado, não tem medo de se utilizar de passes longos (foram 7.3 por jogo na temporada). Também tem um bom número de key passes, dando em média um por jogo.

- Marchisio marca notavelmente bem. Tem média de 1.9 desarmes e 3 interceptações por jogo, sendo essencial para o fortíssimo sistema defensivo da Juve, que tem Buffon e o BBC.

Atualmente lesionado e desfalque para a Itália na Eurocopa, em Turim o meia, vinculado a 23 anos com o seu time de infância, vive seu auge. Marchisio é único e raro, consegue cumprir qualquer função do meio campo bianconero e, provavelmente, de qualquer time do mundo.

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