Na década de 70 a Alemanha tinha no seu comando de ataque Gerd Müller. O atacante tinha um faro de gol impressionante e contribuiu para a conquista da Copa do Mundo de 1974 marcando 4 gols. Esses gols o fizeram se tornar o maior artilheiro da história das copas (feito que só foi superado por Ronaldo Fenômeno em 2006 e Klose em 2014) pois o camisa 13 alemão já tinha feito 10 gols na Copa do Mundo de 1970.
Quatro décadas depois os alemães estão vendo novamente a sua seleção ser liderada por um atacante com excelente faro de gol, que veste a camisa 13 e usa o sobrenome Müller. Trata-se de Thomas Müller.
Müller é de Weilheim, cidade a 50 quilômetros de Munique, e passou a integrar a base do Bayern em 2000, antes de completar 11 anos. Nove anos depois, ele assinou seu primeiro contrato profissional.
Thomas Müller fez sua estréia no time principal do Bayern de Munique no dia 15/08/2008 no empate do Bayern, do técnico Jürgen Klinsmann, com o Hamburgo em 2x2. O primeiro gol do alemão com a camisa do clube bávaro foi num jogo de UEFA Champions League no dia 10/03/2009 contra o Sporting de Portugal. O Bayern venceu o jogo por 7x1.
Müller estreou pela seleção alemã em março de 2010, na derrota por 1x0 contra a Argentina, tendo jogado como titular. Depois da ótima temporada no Bayern, foi convocado para a Copa do Mundo de 2010. Na Copa, o camisa 13 foi um dos destaques da Alemanha e da competição, faturando dois prêmios individuais (chuteira de ouro e melhor jogador jovem) e ajudando a seleção a ser terceira colocada.
Thomas Müller não é como os outros craques que, assim como ele, desfila um futebol de grandes atuações e números pela Europa. Müller é diferente. Seu físico, que até difere dos demais futebolistas, o faz aparentar ser frágil e até desajeitado. Ele não é agraciado de uma grande técnica que faz os torcedores se encantarem em frente à TV ou na arquibancada. Você não o verá dando arrancadas de deixar os adversários no chão com dribles, porque esse não é o estilo de Müller. Como ele mesmo declarou, em uma entrevista no dia 11/01/2011, ao jornal alemão Süddeutsche Zeitung ele é um “Raumdeuter”, que traduzindo para o português seria algo como um “investigador de espaços”.
Esse estilo do alemão por vezes causa uma desvalorização do seu futebol por ele diferir da forma como joga os outros grandes craques. Ele tem uma capacidade absurda e única para encontrar atalhos no campo. Duvidar da inteligência de Müller por seu estilo de jogo é um grave erro; ele não só consegue encontrar espaços, e fugir da marcação, durante o jogo como sabe utilizá-los de maneira perfeita, marcando seus gols ou servindo seus companheiros.
Sua inteligência na busca por espaços no relvado ajuda na sua característica de flutuar em campo. Mesmo iniciando a maiorias das partidas dessa temporada como meia direita ele percorre todos os lados do campo para encontrar lugares que apenas ele é capaz de ver como ótimas opções para receber a bola.
Confira no vídeo abaixo como Müller analisa bem o jogo e consegue encontrar espaços:
Nesse seu gol contra o Arsenal, o time inglês está bem organizado no início da jogada, mas Müller analisa como está posicionada a defesa e percebe um espaço que fica mais nítido após o movimento de Pizarro, nesse momento o alemão pede a bola no local que ele havia percebido e marca o gol.
Nesse seu gol contra o Arsenal, o time inglês está bem organizado no início da jogada, mas Müller analisa como está posicionada a defesa e percebe um espaço que fica mais nítido após o movimento de Pizarro, nesse momento o alemão pede a bola no local que ele havia percebido e marca o gol.
Mesmo ganhando menos destaques que seus companheiros de equipe, como Ribéry, Robben e mais recentemente Douglas Costa e Lewandowski, o camisa 25 é um jogador muito importante e decisivo para o Bayern de Munique e os números comprovam isso: Müller disputou, até o momento, 325 jogos pelo time bávaro, marcou 140 gols e realizou 110 assistências.
Um grande exemplo do poder de decisão do camisa 25 do Bayern foi na conquista da última UEFA Champions League do clube Bávaro, que ocorreu na temporada 2012/2013. Thomas Müller marcou em 7 dos 13 jogos disputados; inclusive nos dois jogos da semi final contra o Barcelona.
Veja que dos 7 gols marcados pelo Bayern na semi final Müller participou diretamente de 4. Muito decisivo. Fonte: Transfermarkt. |
E se no Bayern de Munique, Müller é tão decisivo e importante, na seleção não é diferente. Mesmo que por vezes atue como um centro avante sua movimentação é tão intensa quanto quando está jogando em outras posições, contribuindo para os companheiros chegarem dentro da área. Na conquista da Copa do Mundo de 2014, o camisa 13 alemão foi de grande importância. Ele começou já com uma grande exibição contra Portugal marcando três gols em quatro chutes. Foi muito importante nos três jogos seguintes também, garantindo um ponto contra Gana e as vitórias contra Estados Unidos e Argélia, que valeu a vaga nas quartas de final. Com os gols marcados na Copa do Mundo, Müller chegou a 10 gols em copas e tem tudo para ficar entre os maiores artilheiros da história das copas.
Desempenho de Müller na Copa do Mundo de 2014, ele participou de gols da seleção em 5 dos 7 jogos realizados. Fonte: Transfermarkt. |
Com todos esses números era de esperar que Müller conseguisse alcançar e quebrar alguns recordes, e o mais recente foi se tornar o jogador mais jovem a alcançar 50 vitórias na UEFA Champions League, com 26 anos e 72 dias. E com os gols marcados nessa temporada da Champions o camisa 25 está a apenas um gol de se igualar a Gerd Müller como o maior artilheiro alemão da história competição.
As apresentações de Müller já fazem com que ele ganhe mais destaque do que ganhava anteriormente e começa a surgir quem o defende como candidato a bola de ouro. Pode ser que o alemão nunca consiga ficar entre os três candidatos, tamanha é a quantidade de craques que se destacam no futebol, mas temos a certeza de que Müller já colocou seu nome na lista de jogadores World Class e na história do futebol e continuará fazendo isso durante a sua carreira.
Mesmo que suas exibições não sejam de um futebol bonito que envolva um grande repertório de dribles - pois ele prefere a objetividade - parar para assisti-lo é muito gratificante. Enquanto os demais craques utilizam as jogadas plásticas e demais artifícios com a bola para chegar ao seu objetivo, Müller inicia suas jogadas sem a bola se aproveitando dos mínimos espaços deixados pelos adversários. Ele é o investigador de espaços.
Mesmo que suas exibições não sejam de um futebol bonito que envolva um grande repertório de dribles - pois ele prefere a objetividade - parar para assisti-lo é muito gratificante. Enquanto os demais craques utilizam as jogadas plásticas e demais artifícios com a bola para chegar ao seu objetivo, Müller inicia suas jogadas sem a bola se aproveitando dos mínimos espaços deixados pelos adversários. Ele é o investigador de espaços.