9 de Abril de 2006. Final do Campeonato Pernambucano de
Futebol. Jogo emocionante. A primeira peleja terminou 2x1 para o Sport. A
segunda acabou 1x0 para o Santinha. Na decisão por penais, o Sport venceu.
Nesse dia, começou o declínio do Santa Cruz Futebol Clube. Depois disso, foi só decepção para o torcedor da Cobra Coral. O clube conseguiu a façanha
de ser rebaixado três vezes consecutivas. Da A para a B em 2006, da B para a C
em 2007 e da C para a D em 2008. Sim, o tradicional e querido Santa Cruz
chegava ao fundo do poço.
Mas vamos voltar um pouquinho no tempo, antes da final do
Pernambucano de 2006, para contarmos essa história do Santa Cruz: Do fundo do poço à redenção.
Em 2005, o Santa liderou toda a primeira fase da Série B,
qualificando-se para a segunda. Liderou também toda a segunda fase,
qualificando-se para a fase final. A fase final consistia em um quadrangular,
onde se qualificaram equipes tradicionais do futebol brasileiro. Portuguesa,
Grêmio e Náutico brigavam com o Santa Cruz pelo acesso à Série A e pelo título
da Série B. O Grêmio acabou campeão, no jogo intitulado de “Batalha dos
Aflitos”, contra o Náutico. Mas o Santa conseguiu o vice-campeonato e o acesso.
A Cobra Coral estava na primeira divisão de 2006.
2006: Primeira
divisão e descenso para a Segundona
O Santa Cruz chegou na primeira divisão. Mas, não
desempenhou um papel condizente com sua grandeza. Basicamente foi o saco de
pancadas do campeonato. Fez uma campanha pífia, conquistando apenas 28 pontos
em 38 partidas. Foram 7 vitórias, 7 empates e 24 derrotas. Aproveitamento de
míseros 24.5%. Terminou o certame na última colocação e, consequentemente, voltou
para a Série B. Mal sabia o torcedor que só estava começando a tristeza com o
Tricolor do Arruda.
2007: Um ano pra se
esquecer
2007... Uma mísera 6ª colocação no Pernambucano e uma
eliminação precoce na Copa do Brasil para a Ulbra de Roraima em pleno Mundão do
Arruda. O ano já começou mal para o clube. E pra piorar a situação, o Santa
acabou rebaixado para terceira divisão como 18º colocado entre 20 clubes, com
42 pontos em 38 rodadas. Foram 10 vitórias, 12 empates e 16 derrotas. Uma
campanha pífia.
2008: Uma Série C
Deprimente
O Santa começou a terceira divisão com um prognóstico um pouco animador. Na primeira fase,
estava no grupo 5 com Potiguar de Mossoró, Campinense e Central de Caruaru.
Acabou apenas atrás dos paraibanos da Campinense. Fez 8 pontos em 6 jogos, com
2 vitórias, 2 empates e 2 derrotas. Com esses resultados, classificou-se para a
segunda fase da Série C.
Já na segunda fase, o Santinha estava no grupo 19, com a
Campinense (novamente), Icasa e Salgueiro. Mas dessa vez, ficou longe da
classificação para a próxima fase. Fez apenas 4 pontos em 6 jogos, com nenhuma
vitória, 4 empates e 2 derrotas. Consumando a ultima colocação e a não
permanência do clube na Série C. Nessa fase, passavam os dois primeiros de cada
grupo para a terceira fase. Os 4 melhores terceiros colocados no geral
garantiam a vaga para a Série C do ano seguinte. O restante estava rebaixado
para a Série D. Fórmula maluca? Sim, mas tem uma explicação. Aquele ano, a
Série C passava por um enxugamento, já que no ano seguinte, o Campeonato
Brasileiro recebia mais uma divisão, a Série D, ou Quarta Divisão.
2009: Série D e o Fundo
do Poço
O Santa Cruz, por ser o clube mais tradicional disputando o
certame, entrava como favorito ao título. Mas passou longe disso. Ficou na
última colocação com um grupo que também tinham o Central de Caruaru, o Sergipe
e o CSA de Alagoas. Fez somente 5 pontos em 6 partidas, com 1 vitória, 2
empates e 3 derrotas. O Santa estava eliminado da quarta divisão e sem
calendário para o restante do ano. O clube ficou na última divisão até 2011.
Foi aí que o jogo virou.
2011: A Maré Começa a
Virar
Talvez nesse ano tenha sido a Série D com mais clubes “tradicionais”
disputando. Além do Santa Cruz tinham: Juventude - RS, Gama - DF, Volta Redonda
- RJ, Treze - PB, Tupi - MG e Alecrim – RN. O Santa ficou no grupo A3, com Guarani de Juazeiro,
Porto-PE, Alecrim, e o Santa Cruz do Rio Grande do Norte. Ficou em segundo no
grupo, com 15 pontos conquistados em 8 jogos, 4 vitórias, e 1 derrota, ficando
atrás apenas do xará potiguar.
Nas oitavas de final, a Cobra Coral enfrentou os alagoanos
do Coruripe. Na primeira partida, no Mundão do Arruda, vitória por 1x0, gol de
Thiago Cunha. Na segunda partida, no estádio Gerson Amaral, empate em 0x0. Nas Quartas, a equipe pegou o Treze. No Estádio Amigão,
empate em 3x3, e na volta no Arruda, empate em 0x0. O Santa se classificou pelo
critério de gols fora de casa. O clube estava de volta à Terceira Divisão.
Na Semifinal, foi a vez de pegar o Cuiabá. Bismarck tratou
de fazer o placar da primeira partida no Recife. Vitória por 1x0 do Santinha.
Na Segunda partida, outra vitória tricolor por 2x1.
Na decisão, o Santa perdeu as duas partidas para o Tupi, mas
isso era o de menos.
2013: De volta a
Segundona
Na Série C de 2013, os 21 clubes foram divididos em 2
grupos. Um com 11 clubes e outro com 10. O
Santa ficou no de 11. E fez bonito. Se classificou em primeiro no grupo,
com 34 pontos em 20 jogos, com 10 vitórias, 4 empates e 6 derrotas. Mesmos
números da Luverdense, mas ficando com mais Saldo de Gols do que os mato-grossenses:
12x10.
Chega as quartas de final para pegar o Betim (atual
Ipatinga). Faz 1x0 fora de casa e 2x1 dentro, garantindo assim a vaga para a
Série B 2014. Mas o clube queria mais.
Nas semifinais, a equipe enfrentou a Luverdense. Fez 2x0
fora e 2x1 dentro de casa. A decisão foi contra os maranhenses do Sampaio Correia. A
primeira partida no Maranhão terminou em empate: 0x0. No Arruda a história foi diferente. Vitória por 2x1 e festa
no Recife. O Santa Cruz era Campeão da Série C.
2015: Chegada de
Grafite e volta à Elite!
Em 2014, era centenário do clube, mas os resultados não
foram os esperados pela torcida. Apenas um quarto lugar no estadual e um nono
lugar na Série B. Mas 2015 foi diferente. O Santa, dirigido por Ricardinho
faturou o título pernambucano contra o Salgueiro. Ricardinho
deixou a equipe logo após um desempenho fraco na Segunda Divisão. Em 7 jogos,
conseguiu apenas 1 vitória. Chegava Marcelo Martelotte. A equipe enfim embalou
no campeonato. Depois do 3x3 contra o Ceará, conseguiu 5 vitórias, 1
empate e 2 derrotas. Com esses resultados, o clube pulou da 18ª colocação para
a 11º.
Outro fator para a equipe de vez embalar foi a chegada de
Grafite. O ex-atacante da seleção havia jogado pelo Santa Cruz entre 2001 e 2002, marcando 16
gols e ganhando projeção nacional na Cobra Coral.
Com a torcida empurrando o tempo todo e as chegadas de
Grafite e de Martelotte, a equipe parece ter ganhado força para chegar ao G4 e
conseguir o objetivo de voltar à Série A. E foi isso que aconteceu. Foram
chegando de mansinho, e de repente chegaram no G4. Isso aconteceu na partida
contra o Bragantino no Arruda, em que a equipe venceu por 3x1.
Sabe aquela história do deixou chegar? Então, foi isso que
aconteceu.
O Tricolor do Arruda chegou na partida contra o Mogi-Mirim
com plenas chances de garantir a vaga. E conseguiu. Vitória por 3X0 do Santa em
Itu e a equipe comemorou a vaga para a Primeira Divisão!
Vale salientar que a torcida é parte fundamental nessa volta
por cima do Santa Cruz, já que aquela torcida apaixonada não deixou de
acreditar um minuto sequer que o clube voltaria a viver as glórias de outrora e
sempre lotava o Mundão do Arruda. Talvez, Sem essa torcida que mesmo para troca
de gramado ia (quando o clube não tinha calendário), o clube não tivesse
conquistado os acessos que conquistou.