Desgaste precoce


No meio do futebol, é muito comum ouvirmos falar sobre ciclos. Para alguns treinadores, um trabalho precisa de tempo, mas tem seu limite. Quando se atinge tal extremo, é melhor cada um rumar seu destino. As relações acabam desgastadas, não só na parte pessoal, mas nas questões táticas e até técnicas.

Para Tite por exemplo, o período ideal de um treinador no Brasil, é de três anos. Obviamente, esse tempo aumenta conforme a cultura do país, e principalmente na Inglaterra vemos as grandes exceções. Alex Ferguson que se aposentou com 27 anos de Manchester United e atualmente Arsene Wenger, que está a 19 anos no comando do Arsenal são os maiores exemplos de uma gestão diferenciada. Os managers contam com total respaldo da diretoria, e geralmente passam muito tempo no cargo. Algo que muitas vezes se mostra produtiva, em outras nem tanto.

Mesmo com tal costume, nem tudo são flores na terra da rainha. Em times "mais ricos" a tendência é de mudança. O Chelsea de Abrahmovic por exemplo, se mantém na filosofia de "ou ganha ou saí". Nem mesmo Roberto Di Matteo, campeão da tão sonhada Uefa Champions League teve chance. Os resultados não vieram e seu emprego se foi.

E é justamente o atual campeão inglês que passa por problemas no momento. Sob o comando do ídolo José Mourinho, o time de Londres voltou a conquistar o campeonato nacional e parecia vir forte para essa temporada. Porém, acomodado com o título, poucos foram os reforços para um elenco que já não era recheado de opções e contava com muitos jogadores experientes. O imprevisto aconteceu. A queda de rendimento coletivo foi absurda, e isso não parece ocorrer apenas por idade ou falta de opções, isso é que é o pior.

O técnico português parece ter perdido a mão. Nota-se que o ambiente está ruim não só pelo desempenho, mas por pequenos detalhes durante as partidas ou entrevistas. O abatimento parece ter tomado conta dos blues, que estão a ponto de escolher entre manter Mou ou o elenco. 

Segundo alguns jornalistas, jogadores confidenciaram informalmente que o clima no vestiário não anda nada bem, e o rendimento dentro de campo seria apenas reflexo de tudo que acontece durante a semana no CT da equipe. 

Essa crise é bem perceptível. O esquema já não funciona como antes. A doação não é mais a mesma, a base não é mantida, jogadores importantes foram sacados e outros podem ser em breve. Esse é o caso do preguiçoso Eden Hazard. Sim, preguiçoso. O destaque das últimas temporadas da Premier League simplesmente desapareceu. Nada de desfilar seu enorme repertório de dribles ou partir pra dentro da marcação em busca da finalização. Se esconde e passa a maioria das partidas apagado, como no confronto contra o intenso Liverpool de Jurgen Klopp.
O motivado Liverpool de Klopp atropelou o apático Chelsea de José Mourinho

O 3-1 sofrido pelo Chelsea deverá ecoar durante toda a semana nos corredores de Stamford Bridge. Totalmente dominado a equipe do português simplesmente não reagiu ao ímpeto dos reds. Parecia ter consciência de que perderia o jogo, algo impensável na última temporada, quando sobrou.

Depois da partida, o manager blue deu entrevista extremamente abatido. Não sabia nem queria responder as perguntas do repórter. Parece não saber o que aconteceu e muito menos o que fazer para mudar o rumo da temporada. 

O tempo de "desgaste" de um ciclo costuma ser longo, mas o de Mourinho em sua segunda passagem pelo Chelsea parece ter acabado cedo. Muita cobrança e algumas escolhas equivocadas (como o caso envolvendo Eva Carneiro) teriam acabado com o clima do elenco. Um vestiário acabado, um time totalmente sem vontade e a classificação para a Champions cada vez mais complicada. Com certeza o momento mais difícil da carreira do treinador.

O Special one não tem nada a dizer sobre o que vem acontecendo com os blues. Talvez também seja inexplicável para ele. O certo é que alguém tem que ceder. Ou o grupo de jogadores volta a se doar ao máximo, ou um deles vai ter que sair, e conhecendo o esporte, podem ser os últimos dias de Mourinho no Chelsea. Quando envolve dinheiro e futebol, não há canto de torcida que segure um técnico.
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