Avante, magiares!


Como podemos traduzir a palavra "tradicional" na esfera esportiva? Por certo que analisaríamos os maiores campeões das principais competições de determinada modalidade, para alegarmos quem possui tradição. Dessa forma, ao olharmos para o voleibol, por exemplo, diríamos que a extinta União Soviética era muito tradicional, uma vez que havia encabeçado o maior número de ouros e medalhas olímpicas.

Por mais hilário que possa ser, no futebol, a maior campeã olímpica do esporte chega apenas pela 3ª vez à uma disputa de Eurocopa. Trata-se da seleção húngara de futebol. Francamente, não há nada de estranho nesses números. A compreensão deles, entretanto, depende da análise da historicidade do futebol magiar.

Voltando no tempo, é possível ver que o período de maior prestígio dos magiares corresponde as décadas de 30 à 60, contando com esquadrões memoráveis, campanhas eternizadas e ataques imortalizados na história do esporte. 

Os primeiros passos.



A seleção húngara possui 9 participações em Copas do Mundo, sendo a primeira em 1934. Bastaram duas edições para mostrar ser uma equipe de bravura. O torneio de 1938, realizado na França, foi o último antes da pausa ocorrida por conta da II Guerra Mundial. A Hungria vinha de um fracasso nos Jogos Olímpicos de 1936 e de uma eliminação nas quartas de finais na Copa de estréia. Desta forma, percebia-se que os magiares não eram favoritos ao título, eis que se encontrava no páreo seleções de grande porte, como o Brasil do artilheiro Leônidas e a Itália de Giuseppe Meazza.

A peculiaridade dos húngaros era exatamente aquilo que os tornariam famosos anos após o torneio. O ataque incisivo botou os magiares em vantagem em cima das seleções confrontadas. Foram 13 gols marcados em 3 jogos, e dois jogadores como vice artilheiros da competição com 5 gols cada: György Sárosi, ídolo do tradicional Ferencváros, e Gyula Zsengellér, ídolo do arquirrival, Üjpest FC.

Os triunfos daquela seleção cessaram na poderosa Itália. Comandadas pelo prestigiado treinador Vittorio Pozzo, campeão dos jogos olímpicos de 1936 e da Copa do Mundo de 1934 com a seleção, os italianos venceram por 4-2, com gols de Colaussi (2x) e Pioli (2x) para a Itália e Titkos e Sarosi para a Hungria, decretando o primeiro vice campeonato de copas dos húngaros. A derrota pode ter sido um golpe no futebol local, mas a maior lamentação dos magiares viria 18 anos depois. 

A era de ouro dos ofensivos magiares.

O futebol na Hungria passou a ser referência nacional na década de 50. Naquele tempo, o país vivia uma tensão política, sendo o país comandado por uma ditadura comunista e vivendo um período de inquietude com a União Soviética. As forças armadas do país buscaram uma forma de ganhar prestígio da população e encontraram no esporte mais popular do mundo uma forma de atingir as massas.

Antes de sofrer uma brusca intervenção dos órgãos estatais, o campeonato húngaro possuía três potências: o Ferencváros TC, o Üjpest FC e, ganhando força especialmente na década de 40, o Csepel SC. Entre os outros clubes que figuravam no país, dois coadjuvantes acabaram sendo escolhidos pelas conjunturas políticas húngaras para virarem potências no esporte. Entretanto, ganhando apoio popular e angariando a maioria dos craques magiares da época, um deles se despontou como a força máxima. Nascia o Budapest Honvéd.

Equipe do Budapest Honvéd, esquadrão que seria pentacampeão nacional. Foto tirada do blog "Que fim levou".


Anteriormente conhecido como Kispesti FC, foi o clube que seduziu as forças armadas húngaras, que abraçaram um time pré existente, ao invés de fundar sua própria equipe. Alterando o nome para Budapest Honvéd e já contando anteriormente com nada mais nada menos que Ferenc Puskás no seu time, a "nova" equipe passou a se tornar competitiva. De outro lado, teriam a rivalidade do time formado pela polícia secreta húngara, o MTK Hungária, que não contava com grande apoio popular, justamente por conta de sua formação.

Mas o que teria a ver a criação de um clube com a elevação em nível mundial de uma seleção? Tudo! O técnico do time nacional magiar na época era Gusztáv Sebes, um revolucionário tático no seu tempo, e que solicitou a federação nacional que os melhores jogadores do país fossem dividos em dois times, no máximo. Isso porque o entrosamento da equipe seria o foco primário. Para melhorar ainda mais os trabalhos de Sebes, o Budapest Honvéd acabou concentrando a maior parte dos craques da seleção.

Enquanto o Honvéd fazia sucesso na metade da década de 50, a seleção se preparou nesse período para conquistar sonhos que, anteriormente, pareciam muito distantes.

Toques de bola ofensivo, cinco homens atacando, trocas de posições constantes e, sem a bola, uma linha de 4 defensores. A formação de Sebes ficou conhecida como WW e trouxe novos conceitos táticos no planeta bola.


Com peças preciosas, Gusztáv Sebes pode armar um time ofensivo e organizado. Diferentemente da tática mais corriqueira naquela época, popularizada pela seleção inglesa, uma espécie de 2-3-2-3 conhecida como WM, o treinador dos magiares optou por valorizar a movimentação e trocas de posições. Alterava o desenho da equipe quando não tinha a bola, sem deixar de subir com cinco homens alternando entre diagonais e inverções de postos no ataque. Os três homens mais agudos já tinham o entrosamento necessário. Sándor Kocsis, Ferenc Puskás e Nándor Hidegkuti eram o sinônimo de evolução no futebol. Contavam ainda com o apoio de Zoltán Czibor e László Budai, que eram companheiros de Puskás e Kocsis no Honvéd. O padrão tático da equipe influenciaria a seleção brasileira de 58, que jogava no 4-2-4, e também a máquina holandesa de Rinus Michels.

O ingresso da trilha para o triunfo começaria nos Jogos Olímpicos de Helsinque, na Finlândia, em 1952. Naquela época, não havia nenhum torneio continental europeu de seleções nas proporções da Eurocopa, que seria criada em 1960, fazendo com que as equipes tratassem as Olimpíadas com maior atenção. A Hungria chegava em terras finlandesas já com um semblante de favoritismo.

Como motivação em busca da medalha de ouro, os magiares enfrentaram logo na fase preliminar seu maior rival, a Romênia. O placar terminou 2-1, com gols de Czibor e Kocsis para a Hungria e Suru para os romenos. A partir daí, os magiares mostrariam o motivo pelo qual são considerados como um dos melhores times ofensivos da história do futebol. Atravessaram a primeira fase enfrentando a Itália. Nem tomaram conhecimento da Azzurri, e venceram por 3-0, com dois gols de Péter Palotás, jogador do MTK, e um de Sándor Kocsis. Nas quartas de finais, um chocolate de 7-1 para cima da Turquia, com gols de Kocsis (2x), Puskás (2x), Palotás, Mihály Lantos, também do MTK, e Bozsik, ídolo do Honvéd e jogador com mais jogos (101) pela seleção húngara.

Faltavam apenas duas partidas para o tão sonhado ouro olímpico. A primeira delas, a semi final, foi tão fácil quanto as outras partidas. Um 6-0 diante da Suécia. Tentos anotados por Kocsis (2x), Hidegkuti, Puskás, Palotás e Lindh (contra), dando a vaga aos magiares para enfrentar a temida Iugoslávia, que derrotou a Alemanha por 3-1. Na final, após um primeiro tempo com placar fechado, a equipe húngara conseguiu seu primeiro prêmio no futebol. Com gols de Púskas e Czibor, os iugoslavos foram derrotados por 2-0, dando o título aos húngaros.

A medalha abriu as portas para a fama daquele esquadrão. A partir daquele momento, as equipes passariam a temer a ofensiva húngara. Entre a disputa dos Jogos Olímpicos e a Copa do Mundo, os magiares estiveram em diversos amistosos que reafirmaram sua supremacia: nenhuma derrota. O destaque vai para a partida realizada no estádio de Wembley, contra a temida Inglaterra, em 1953, que nunca havia perdido para uma seleção não britânica em seus domínios, mas acabou sendo goleada por 6-3 pelos comandados de Sebes, com gols de Hidegkuti (1', 20' e 53'), Puskás (24' e 27') e Boszik (49') para os magiares e Sewell (12'), Mortensen (34') e Ramsey (57') para os bretões. O duelo ainda teria uma revanche, disputada em Budapeste, mas o placar foi mais elástico ainda: 7-1 para os anfitriões.

Aparentemente, ninguém poderia parar o trator do leste europeu. No ano de 1954, os húngaros chegavam na Suíça esperançosos. Aquele esquadrão já estava a 27 jogos oficiais sem saber o que era uma derrota. Pouquíssimos selecionados foram capaz de cotejar de igual para igual com aquela máquina ofensiva.

Sándor Kocsis e Ferenc Puskás. O primeiro, detém a maior média de gols em Copas do Mundo, 2.2 por jogo e, ao seu lado, um gênio considerado uma dos maiores jogadores da história.


A competição começou como se fosse um treino para os magiares: 17 gols nos dois jogos disputados na fase de grupo. Contra a Coréia do Sul, no primeiro embate, um massacre: 9-0, com Puskás (2' e 89'), Lantos (18') Kocsis (24', 36' e 50'), Czibor (59') e Palotás (75' e 83') balançando as redes. Na segunda partida, os húngaros enfrentaram a Alemanha Ocidental, mantendo a habitual missão de elastizar o placar: vencera por 8-3, com gols de Kocsis (3', 21', 69' e 78'), Puskás (17') Hidegkuti (52' e 54') e Tóth (75') - este último, atacante do Csepel SC - para a Hungria, e Pfaff (25'), Rahn (77') e Herrmann (84') para os germânicos. Um detalhe apenas acabou incomodando os húngaros, o gênio Ferenc Puskás acabou saindo lesionado da partida ainda na primeira etapa.

Classificados em primeiro, a Hungria parecia pronta, apesar da baixa de seu capitão, para enfrentar o mata-mata. E o caminho mostrou que, realmente, precisariam de preparo. Os comandados de Gusztáv Sebes figuraram em um duelo nas quartas de finais contra a seleção brasileira, que ficou conhecido como Batalha de Berna. Com três expulsões (Bozsik, Nilton Santos e Humberto), o time húgaro venceu a seleção canária por 4-2 (Hidekguti aos 4', Kocsis aos 7' e 88', Lantos aos 60' para os húngaros e Djalma Santos aos 18' e Julinho, com uma pintura, aos 65'  para os brasileiros).

Sem Puskás, a "batalha de Berna" foi páreo duro para os húngaros, apesar dos dois gols marcados logo no início da partida. O craque brasileiro Julinho Botelho comentou na TV Cultura sobre uma alteração tática no campo de ataque brasileiro para tentar surpreender os magiares. Foto retirada do site da FIFA.


Nas semifinais, mais uma pesada partida, contra o Uruguai, atual campeã do mundo. Dessa vez, certamente o desgaste pesou, e os magiares precisaram enfrentar uma prorrogação. Com gols de Czibor (17') e Hidegkuti (46'), os magiares pareciam encaminhar bem a classificação para as finais, mas nos últimos 15 minutos, a Celeste engrossou o caldo, e a partida foi empatada com dois gols de Juan Hohberg (76' e 85'), jogador coadjuvante naquela seleção. Nessa situação, a ausência de Ferenc Puskás fora muito sentida, mas nada que um monstro decisivo não possa reparar. Sándor Kocsis resolveu brilhar na prorrogação e, com dois gols (111' e 116'), garantiu os magiares na final.

O milagre de Berna.

Tudo prosperava para a Hungria levantar a Jules Rimet. A equipe chegara na final invicta, com o melhor ataque e o artilheiro da competição. Poderia contar com os serviços de Puskás novamente, que, apesar de baleado, já estava liberado para jogar. Para fechar os auspiciosos sinais, enfrentariam a Alemanha Ocidental, a mesma que na fase de grupos perdeu por 8-3 dos magiares. Apesar de reerguida, somente os mais otimistas contavam com uma vitória do selecionado alemão.

Os capitães Fritz Walter e Ferenc Puskás. O camisa 10 húngaro fez falta no decorrer da competição e jogou contra os alemães sem estar cem por cento fisicamente.


Obviamente, favoritismo e retrospecto não entram em campo, ainda mais no encharcado relvado do estádio Wankdorf, surrado pela forte chuva que caia no momento da partida, algo que prejudicaria o futebol rápido e de toque dos magiares. Deu-se o início de jogo e a Húngria já começou a mostrar suas garras: 6 minutos jogados, primeiro gol marcado, anotado por Puskás, que chutou por baixo do goleiro alemão, após uma bola rebatida na defesa. Dois minutos depois, o jogo parecia se encaminhar para o título húngaro. Após vacilo impressionante da zaga alemã, a bola sobra para Czibor limpar a marcação e botá-la no barbante. 

Entretanto, o jogo passou a ficar equilibrado. Aos 10 minutos da eletrizante primeira etapa, o atacante Max Murlock aproveita cruzamento rasteiro da esquerda e cutuca para o gol. A torcida alemã, esmagadora maioria no estádio, incendiou, e viram sua seleção empatar aos 18 minutos com Helmut Rahn que bateu da pequena área para o gol vazio, após uma saída ruim do goleiro Grosics em uma cobrança de escanteio. Os magiares ainda acertaram a trave por duas oportunidades no primeiro tempo, mas o empate persistiu. Na volta para a segunda etapa, a Hungria manteve-se no ataque. Puskás e Hidegkuti pararam no goleiro Turek. O capitão húngaro até venceu o guarda redes, mas teve seu chute bloqueado em cima da linha por Kohlmeier. A tradicional frieza alemã parecia dominar a pontaria dos magiares, e a estratégia funcionou. Aos 39 minutos da etapa complementar, a zaga húngara afastou a bola alçada na área, mas a redonda caiu nos pés de Rahn. O ponta fez a diagonal, limpando a marcação de Lantos e batendo no canto direito de Grosics. O maior ataque das copas fora derrubado. Puskás até chegou a balançar as redes após o terceiro gol germânico, mas fora anulado por impedimento.

As explicações da derrota, além de acatar o sucesso da fria estratégia alemã, passou pelos bastidores. Suspeitas de doping dos atletas germânicos, sabotagem nas travas das chuteiras da máquina regida por Sebes. As teorias foram muitas, mas talvez só existam pelo fato de ser inacreditável que aquela equipe mágica foi batida.

Os alemães acabaram levantando a Jules Rimet, mas foi o esquadrão húngaro o time a ser eternizado naquela edição da Copa do Mundo.


A derrota mais dolorosa da história do futebol húngaro tenha sido, talvez, o principal motivo para o declínio do esporte no país. Apesar dos 2 ouros olímpicos subsequentes e da campanha razoável em dois dos três mundiais que disputariam logo após, os magiares passaram a figurar com muita raridade e coadjuvação nas décadas mais recentes do futebol. Sebes deixara o comando da equipe três anos após a derrota, assim como aquela geração de craques foi, aos poucos, encerrando suas atividades pelo time nacional, principalmente pelo fato de irem jogar em outros países, por conta dos agravantes da tensão com a URSS.

Os últimos suspiros.

Para não deixar em branco as conquistas olímpicas, é razoável e importante dizer que a seleção húngara ganhou 4 medalhas em 4 edições entre 1960 e 1972: 2 ouros, 1 prata e 1 bronze. Os ouros conquistados foram de forma invicta, sendo o primeiro, em 1964, em uma final frente a Tchecoslováquia, vitória por 2-1, e a segunda, em 1968, contra a Bulgária, com o placar de 4-1. Entretanto, vale ressaltar que, com a criação da Eurocopa em 1960, a modalidade nos Jogos Olímpicos ficou em um segundo plano, mesmo com as datas sendo diferentes. 

Nesse período, a Hungria participou de duas edições do torneio continental. Em 1964, na Espanha, a competição era disputada por apenas 4 equipes, que se classificaram mediante uma eliminatórias de mata-mata, com repescagens, ocorridas no período pós-copa até a data da Euro, assim como nas eliminatórias atuais. Naquele ano, a Hungria vinha com um time parecidíssimo com aquele que ganharia o ouro no Japão. Ainda assim, a equipe foi derrotada pela anfitriã Espanha de Luis Suárez e Amancio logo na primeira fase, em uma partida que foi até a prorrogação, pelo placar de 2-1, com gols de Pereda e Amancio, para os espanhóis, e Ferenc Bene para os magiares. Na disputa pelo terceiro lugar, os húngaros derrotaram os dinamarqueses por 3-1, em jogo que também foi para a prorrogação, com os tentos anotados por Ferenc Bene e Dezsõ Novák (2x), para a seleção magiar, e Bertelsen para os nórdicos.

A segunda e última participação no torneio foi na edição de 1972, na Alemanha. Dessa vez, entretanto, a Hungria foi pouco brilhante. Ainda sendo disputada por apenas 4 seleções, os magiares foram derrotados, mais uma vez, na primeira partida. A União Soviética venceu os magiares por 1-0, com gol de Konkov. Os húngaros também não foram capazes de vencer o embate pela 3ª colocação: derrota para as donas da casa, Bélgica, por 2-1.

O reacender da esperança.

O futebol mantém movendo o coração de milhões de apaixonados pelo mundo. Enquanto a bola continua rolando, a esperança de uma conquista ainda existe. Assim como os incrédulos alemães derrubaram o monstro magiar numa encenação futebolística de Davi e Golias, o sonho de ver uma seleção coadjuvante da atualidade poder voar mais alto se mantém vivo.

A Hungria conseguiu, após 43 anos, uma vaga para a competição mais importante do velho continente. A seleção, que disputara a Copa do Mundo de 1986 como última competição relevante, pode ter seus objetivos atualizados.

A campanha nas eliminatórios pode não ter sido brilhante, como fora a de sua arquirrival Romênia, que teve sua defesa vazada somente duas vezes, e da Irlanda do Norte, líder do grupo. Porém, não existem motivos para se apegar ao brilhantismo, quando o que mais importa é garantir o passaporte para a França, país sede da EURO 2016.

A rochosa e difícil trilha para a vaga contou com 49 jogadores convocados e 3 técnicos diferentes no comando. Foi iniciada contra as duas melhores equipes do Grupo F, Irlanda do Norte e Romênia. Revés de virada por 1-2 frente à Norn Iron e empate por 1-1 contra os romenos. Um início não tão empolgante, mas que teve uma sequência agradável. Os magiares não voltariam a perder na competição até garantirem sua vaga na respescagem, ou seja, na penúltima rodada. Foram 4 vitórias e 4 empates, tropeçando somente na última rodada contra a Grécia, por 4-3, em um jogo que não possuía mais valor algum.

O jogo decisivo tinha tudo pra ser um grande desafio. E foi! Jogando a primeira partida fora de casa, os húngaros encararam os noruegueses e foram recepcionados por um pesado ataque. Entretanto, as 22 tentativas de gol dos nórdicos não foram bem sucedidas, e coube aos magiares tirar a igualdade do placar. Aos 26 minutos do primeiro tempo, László Kleinheisler bateu do bico da grande área para o gol de Nyland, que não evitou o defensável chute. A vitória por 0-1 dava tranquilidade para o jogo de volta, que seria realizado em casa.

Kleinheisler marcou em solo norueguês, dando vantagem para os magiares na partida de volta. Foto retirada do site da UEFA.


No histórico dia de 15 de novembro de 2015, entravam em campo Hungria e Noruega pela última chance de competir por algo em 2016. No relvado, a apreensão dos húngaros durou 14 minutos, quando Tamás Priskin acertou um chute de rara felicidade no ângulo da meta norueguesa. Um golaço que aumentava a vantagem em Budapeste. Sacramentando a vaga, a seleção nórdica acabou balançando as próprias redes com Markus Henriksen, aos 38 minutos da etapa complementar. Com 2-0 no placar, Henriksen tentou se redimir marcando um gol a favor, mas o relógio já parecia não favorecer mais os noruegueses, mantendo-se o 3-1 no placar agregado e dando a vaga para os magiares.

Da geração atual, o time magiar possui alguns personagens não muito conhecidos no planeta bola. Entre eles, o técnico Bernd Storck. O alemão, ex-jogador do Borussia Dortmund, possui 7 anos de carreira como treinador. Até então, havia trabalhado predominantemente com times de base, tendo uma passagem pela seleção principal do Cazaquistão, por dois anos. Com os húngaros, teve sua primeira experiência ainda esse ano, como técnico da equipe sub-20, mas sendo promovido ao esquadrão principal. Apesar das estatísticas, o alemão já conseguiu escrever seu nome na história, recolocando os magiares em um nível mais louvável do futebol.

Como peça mais conhecida e presente nas 12 partidas disputadas nas eliminatórias, o capitão Balázs Dzsudzsák teve boas passagens por PSV Eindhoven e Dínamo Moscou. O camisa 7 foi peça importante no selecionado húngaro. Responsável por um gol na competição e duas assistências, o ala será a provável referência na equipe durante a competição que se realizará no ano que vem.

O atual capitão da Hungria foi destaque por três temporadas no PSV. O atleta já soma 69 convocações para a seleção.


Outra característica do time base húngaro é sua experiência. Todos os atletas que jogaram ao menos 8 partidas pelas Eliminatórias possuem mais de 25 anos. Entre eles, o goleiro de 39 anos, Gábor Király, que teve importante participação, principalmente na partida decisiva contra os noruegueses.

Com todos esses aspectos, é interessante parabenizar os húngaros pelo seu retorno. Uma equipe que já foi considerada imbatível, mas que vivia momentos delicados, precisou de humildade para superar todos os obstáculos e conseguir um pedaço no palco da EURO 2016. Nós, apaixonados pelo esporte, estaremos esperando por esse retorno e torcendo para que o espírito de 54 se reacenda no peito dos húngaros, e que nunca mais se apague.



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