Idolatria e injustiça, as duas vidas de Fred


"Eu podia ter me movimentado mais, buscado mais o jogo". Talvez Fred ainda repita essas palavras mentalmente em muitas oportunidades. Por outro lado, não pensa em nada que deixou de fazer pelo Fluminense. Está em paz. Ontem, mais uma prova de quão importante é para o clube. Fez o que podia e o que não podia. Ídolo, se sacrificou pelo time, deixou seu gol e por pouco não foi o herói de um empate histórico. Mesmo "perdendo" aquele gol, que na realidade teve muito mérito de Fernando Prass, ninguém o criticou. Ele não merecia.

Assim como não merecia ser tão crucificado pela Copa do Mundo de 2014 no Brasil. Fred era só mais uma peça do desastre anunciado. Um time que tem um jogador da função dele, precisa jogar com ou para ele, e não víamos isso numa seleção fraca no meio de campo e extremamente dependente de Neymar. Sim, ele poderia ter saído mais da área, mas não parecia treinado para que isso acontecesse. Infiltrações e troca de posicionamento eram mínimas. Fred foi vitima e paga por isso até hoje.

Cone, caneludo, lixo... vários adjetivos foram utilizados para diminuir o centro avante, que mostra pelo Fluminense o quão acima dos demais ele é por aqui. Artilheiro, líder, enorme poder de decisão, bi campeão brasileiro e caminhando para se tornar o maior ídolo da história de um clube da dimensão do tricolor carioca. Será mesmo que ele é tão ruim quanto tentaram cravar?

Na própria seleção vimos que não. Em 2013, com um time um pouco mais organizado, coletivo e jogando para ele, Fred garantiu a artilharia da Copa das Confederações, além de ser muito importante fazendo o trabalho de pivô, como na estreia, em que ajeitou de peito para Neymar bater e concorrer ao Puskas.
Do luxo ao lixo. Artilheiro das Confederações, Fred virou vilão da Copa para alguns

"Eu podia ter feito mais, mas tanta gente também podia e devia ter feito, o que eu fiz de tão pior que os outros?". O camisa nove também deve repetir isso em seus momentos de reflexão questionando o motivo da culpa que recebeu. Mas deve ter consciência que não merece, assim como não mereceu Barbosa em 1950.

Apesar de tudo, Fred superou tantos problemas. Ainda em 2014 mesmo criticado por todo o país, conseguiu novamente se sagrar artilheiro do nosso campeonato nacional. As lesões o atrapalham, mas ele volta e corresponde. É um guerreiro.

Ontem foi só mais uma prova do grande jogador que é, e apenas mais um simbólico atestado da enorme injustiça que sofre o atacante. Fred não é Ronaldo, não é Romário. Mas não merece ser lembrado como culpado pelo fracasso.

A torcida do Fluminense o reconhece como ídolo. Os demais deviam reconhecer o excelente atacante que é e o considerar apenas mais uma vítima da péssima Copa do Mundo de 2014.

Fred não merece esse peso, ninguém merece.
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