“Sempre é preciso saber quando um ciclo chega ao final. Se insistirmos em permanecer nele mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver.”
Ao longo de duas temporadas e meia,
Luis Enrique conquistou 1 Champions League, 2 Ligas Nacionais, 2 Copas do Rei,
além de 2 Supercopas e 1 Mundial de Clubes. Um vasto repertório de troféus que
ainda pode aumentar com a temporada em vigor. É hora de relembrar alguns feitos
protagonizados pelo ídolo e técnico culé.
Fazendo um exercício de comparação,
após a Era Guardiola, o Barcelona sofreu 70 gols em 2012/13 e 48 gols em 13/14
- na fatídica temporada de Tata Martino. Lucho, logo em seu primeiro ano,
comandou uma equipe que chegou ao triplete sofrendo apenas 38 gols, com ótimo
aproveitamento de 75,75% jogando fora de seus domínios. Entretanto, o auge
durou pouco. Na temporada seguinte, a equipe sofreu 59 gols e teve o rendimento
caindo para 58.82% jogando fora do Camp Nou. Esse declínio deve-se ao fato das
perdas de peças importantes como Pedro e Xavi, fazendo com que o técnico não
conseguisse realizar o tão necessário rodízio do elenco. Outro ponto que pode
ser enaltecido é a melhora que teve na bola aérea na área do time. Era um problema
que vinha ocorrendo desde 2008/09 e foi solucionado pelo técnico blaugrana logo
na primeira temporada, tendo até jogos sendo vencidos assim.
Ofensivamente, a equipe sempre
correspondeu. Mesmo com Luis Suarez só podendo jogar em outubro, o Barça
conseguiu marcar 179 gols na temporada 14/15, e 180 em 15/16, e tal feito esse
só superado pela maquina comandada por Pep Guardiola, que anotou 190 gols
durante as 64 partidas disputadas em 2011/12.
Na atual temporada, mesmo com a perda
do ídolo Daniel Alves, o time realizou contratações pontuais: André Gomes, Denis
Suarez, Paco Alcácer, Umtiti e Digne, em tese, permitiriam maiores variações
táticas e alternativas de jogo, mas ultimamente vem sendo apenas “tapa buracos”
da equipe no pragmático 4-3-3 de Lucho.
Foi sob comando do atual treinador
que a equipe teve momentos inesquecíveis, como a atuação magistral de Messi
contra o Manchester City, as canetas de Luis Suarez em David Luiz, Messi
deixando Boateng no chão, lambretas de Neymar, a reprodução do emblemático
pênalti em dois toques feito pelo Cruyff, e goleadas. Muitas e muitas goleadas
inesquecíveis, sempre com o requinte de genialidade e crueldade de Messi,
Neymar e Suarez. O Barcelona de Luis Enrique foi um show de espetáculos e gols,
com o Camp Nou sendo o palco principal. Enquanto durou...
Assim como Frank Rijkaard e Josep
Guardiola, o ciclo de Luis Enrique Martínez García parece estar chegando ao seu
fim. O time que muito encantou vem se tornando pragmático, previsível e
dependente da genialidade do badalado trio MSN. Quando os três são bem marcados
ou não estão jogando bem, Lucho não aparenta ter repertório suficiente para
levar o time à vitória, perdendo inúmeras batalhas táticas.
Espera-se que na temporada 17/18 o
Barcelona passe por outra mudança de técnico, nomes como Jorge Sampaoli,
Ronald Koeman e Mauricio Pocchettino são os favoritos para assumirem a equipe.
Todos esses mais maduros, com uma filosofia de futebol ofensivo e maior
repertório tático que o atual técnico blaugrana.
Resta esperar para vermos se Lucho
nos surpreenderá na atual temporada e se o mesmo será mantido ou não no comando
culé.