E se? A hipotética seleção Iugoslava


A Iugoslávia, país da Península dos Bálcãs, deixou de existir em 2003, com a divisão de países que a compunham. Croácia, Sérvia, Macedônia, Bósnia-Herzegovina, Montenegro, Eslovênia e o Kosovo. Conflitos étnicos, irregularidades políticas que se acentuaram após a morte do antigo comandante socialista do país, Josip Broz Tito levaram a dissolução e o surgimento dessas nações. No futebol, não seria diferente e obviamente se formaram diferentes seleções. Países com grandes jogadores, mas que nos levam a pensar como seria se fossem apenas uma equipe.

Enquanto existente, a seleção Iugoslava não teve história tão vitoriosa. Duas semifinais de copa do mundo, um ouro olímpico e dois vice-campeonatos da eurocopa. A história tratou de logo após o início da fragmentação mostrar pro mundo uma marcante seleção croata de Boban e Suker e deixar a dúvida de onde esse time mais completo chegaria. Hoje com o país completamente fragmentado em outras nações a dúvida ainda existe.

A base seria certamente a já consistente seleção croata, porém, o acréscimo de alguns nomes tornaria essa seleção num time de outro patamar.

GOLEIROS:
Handanovic provavelmente brigaria forte por posição com seu compatriota Oblak.

O principal nome certamente seria o goleiro esloveno do Atlético de Madrid, Jan Oblak. Ainda jovem, o ex-arqueiro do Benfica lidera uma das defesas mais fortes do futebol europeu. Outro esloveno, Samir Handanovic poderia ser titular também, visto que é mais experiente e há um bom tempo ponto forte numa Internazionale que não vive seus melhores anos. Como provável terceira opção, o menos cotado mas ainda excelente jogador, o bósnio Asmir Begovic que ficou conhecido por marcar o gol de goleiro mais rápido da história. Begovic brilhou na Premier League jogando pelo Stoke e desde 2015 joga pelo Chelsea (mesmo que na maioria das vezes esteja no banco, como substituto de Courtois). Com opções de dar inveja até mesmo a algumas seleções campeãs mundiais, o gol não seria problema.

LATERAIS:

Na direita os nomes que provavelmente serão lembrados são dois: Ivanovic e Srna. O primeiro foi importante por anos na defesa do Chelsea, sendo capaz de jogar também na zaga. Porém entrou em decadência e já não é o mesmo jogador. Já o croata Darijo Srna é um exemplo daqueles jogadores ditos subestimados. No auge cumpriria com muita qualidade seu papel como lateral em qualquer grande equipe europeia. Eficiente no ataque e na defesa tinha no cruzamento uma grande qualidade. Porém o capitão da seleção croata já tem seus 34 anos e também gera dúvidas se renderia o melhor por ali. Mas nada desesperador, visto que também da Croácia vem dois jovens de qualidade: Jedvaj e Vrsaljko. O primeiro do Leverkusen é regular no ataque e se destaca com muita qualidade na defesa. Já o segundo brilhou no italiano pelo Sassuolo e conseguiu vaga no Atlético com constante e eficiente presença ofensiva.
Experiência e muita classe fariam de Srna um grande líder para a seleção.

Pela esquerda pela “grife” alcançada, o sérvio Kolarov possivelmente não enfrentasse tanta concorrência, porém há algumas críticas que podem ser feitas, quanto a capacidade defensiva e a falta de velocidade para um lateral. Enquanto isso, na Alemanha, o bósnio Kolasinac de apenas 23 anos vem se destacando pelo Schalke com uma forte solidez defensiva e pode ser contratado pela Juventus. Correndo por fora estaria o croata Strinic do Napoli, que também não seria problema para o setor.

ZAGUEIROS:

O primeiro montenegrino lembrado na lista e mais uma opção vista como unanimidade por este que vos escreve: Stefan Savic. Consistente o zagueiro comete poucas falhas, tem bom desarme e é muito firme no jogo aéreo. Disputa posição com Gimenez no Atlético de Madrid. Para jogar ao seu lado provavelemente um de dois croatas: Dejan Lovren ou Vedran Corluka. O primeiro tem qualidade tanto para os desarmes quanto para o jogo aéreo, mas peca pela inconstância. Foi de uma temporada excelente pelo Southampton a uma de excessivas falhas na chegada ao Liverpool. Recuperou o bom nível ano passado, mas ainda não é tão confiável. O segundo é bastante firme pelo alto e é outro jogador que eu acredito que caberia em equipes de melhor nível, mostra mais regularidade, mas pela lentidão e por estar “escondido” num campeonato inferior talvez fosse preterido. Outros dois nomes correriam por fora: os sérvios Subotic e Nastasic. Subotic foi considerado um dos melhores zagueiros do futebol mundial na sua melhor fase no Borussia Dortmund. Porém, após uma grave lesão na temporada seguinte decaiu vertiginosamente. Mais lento, com menos impulsão e tempo de bola, as falhas se multiplicaram e as lesões tornaram-se rotineiras. Pode estar sendo emprestado ao Colônia na esperança de recuperar sua boa forma. Já Nastasic é um zagueiro de razoáveis qualidades defensivas. Eventualmente falha, mas por ser jovem pode evoluir ainda. Outros nomes lembrados para as laterais como Ivanovic, Jedvaj e Kolasinac também poderiam completar a zaga.

MEIO-CAMPISTAS:
Dupla croata ganharia reforços e faria um meio de campo ainda mais forte.

A cereja do bolo. Um meio campo que poderia ser considerado sem exageros como o melhor do mundo na atualidade. A começar por Luka Modric, que é para muitos o melhor da posição na atualidade. Consistente defensivamente, mas com qualidade exemplar para o passe, drible curto, remate de longa distância. Pilar do Real Madrid que venceu duas edições da Champion League e hoje lidera o campeonato espanhol. Do rival Barcelona e seu companheiro de seleção croata, Ivan Rakitic. Menos técnico, mas nem por isso cotado a desmerecimento. Rakitic é excelente no passe, é aplicado defensivamente, também chuta bem de longe e ainda agrega com o jogo aéreo. Fez o primeiro gol na última conquista da Champions dos blaugranas contra a Juventus e provavelmente teria sua vaga garantida. Juventus do talentosíssimo meia bósnio Miralem Pjanic, outro que conta com um passe bastante refinado e com o acréscimo de uma bola parada muito letal. Quando ainda atuava pela Roma era frequente entre a seleção do torneio, mesmo com a concorrência pesada dos jogadores de Juventus e Napoli. Porém, pode por vezes “desligar” da partida e marca menos que os outros dois croatas.

O banco dessa hipotética Iugoslávia também teria opções em demasia para a escolha: os croatas Brozovic, Badelj e Kovacic, os sérvios Matic, Gudelj e Tadic, os eslovenos Ilicic e Kampl, além do bósnio Lulic complementariam o vasto leque de opções.

ATACANTES:

Outro setor com jogadores de bom nível. Para o lado de campo, o montenegrino Jovetic, o sérvio Llajic e o croata Perisic, que jogaram juntos recentemente na Internazionale, são peças que poderiam ter destaque. O primeiro é o mais talentoso, mas teve temporadas ruins nos últimos anos devido as lesões, mas vem com bom começo no Sevilla. Nomes como Shaqiri e Januzaj nascidos no Kosovo, poderiam ser opções consideráveis caso não escolhessem outra seleção. Para o centro do ataque a briga é forte com Dzeko e Mandzukic. O centro avante da Roma tem mais técnica e vive ótimo momento, mas não passa imune à crítica de perder muitos gols. O atacante precisa de um número excessivo de finalizações para marcar. Mesmo assim faz grande temporada. Mandzukic faz temporada de poucos gols, porém, não vem sendo criticado por isso por um motivo muito particular. Foi utilizado em boa parte da temporada como segundo atacante.

Enquanto Dzeko vem finalizando em média, 5 vezes por partida, o croata tem 1,25 chances por partida apenas. Aplicação defensiva louvável e contribuições com jogadas de pivô marcam a temporada de Mandzukic. O momento coloca Dzeko acima, e os números de gols podem apontar certa discrepância, mas o nível entre os dois geraria uma boa dúvida para quem comandasse tal seleção. Outros nomes como Kalinic e Mitrovic poderiam serem utilizados, sendo boas reposições também ao “selecionado iugoslavo”.
A vontade no Sevilla, Jovetic é uma opção pra lá de interessante.

As diferenças e os caminhos que a história seguiu levaram um país a uma divisão em algumas nações. O futebol não ficou de lado, mas a curiosidade sempre vem a mente de como seria uma equipe desse país atualmente. A Iugoslávia seria uma das seleções mais fortes do futebol mundial, com peças de alguns nível em quantidade e qualidade para todos os setores. Talvez obtivesse conquistas, poderia até conquistar uma copa do mundo. Como também, talvez não saísse do papel e fosse um grande fracasso. A dúvida fica, certamente ficaremos para sempre no se...
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