O segredo do estável Southampton


O Everton é um grande e tradicional time da Inglaterra, ma, pela quantidade de times com mais poder financeiro, o clube da cidade de Liverpool não consegue brigar pelo título da Premier League. E vai além, também tem dificuldades para conseguir uma vaga nas competições europeias, por existirem tantas equipes qualificadas na liga. Contudo, esse texto não é para falar sobre os Toffees, ele tem como objetivo tratar de um desses clubes que vem dificultando a vida do time da cidade dos Beatles: o Southampton.

Após cinco temporadas na Championship, a segunda divisão inglesa, o Southampton conseguiu, em 2011/2012, voltar a Premier League com um inédito vice-campeonato. Atualmente, os Saints estão na sua quinta participação na primeira divisão inglesa desde o acesso e caminham para tornarem-se um time com estabilidade que briga pelas posições de cima da tabela.

A receita de sucesso do clube é a combinação de uma base que costuma revelar muitos jogadores e uma diretoria que analisa muito bem as opções para contratar, tanto para jogadores quanto para técnicos. Todos os três técnicos que estiveram a frente do time nesse período são nomes que sabem e gostam de utilizar jogadores formados na equipe do litoral inglês.

Técnicos

Mauricio Pochettino: O técnico argentino veio do Espanyol para ser o primeiro nessa nova fase dos Saints. O time não foi tão bem no seu primeiro ano, ficando apenas na 14ª posição, mas na temporada seguinte o time já assimilou a filosofia de Pochettino e conseguiu um bom oitavo lugar.

Ronald Koeman: Para substituir Pochettino, que rumou para o Tottenham, muito por causa do seu bom trabalho, a diretoria trouxe o holandês Ronald Koeman. O ex-zagueiro conseguiu manter o estilo bonito de jogador que o time tinha anteriormente e ainda melhorou defensivamente. Tudo isso mesmo depois de perder muitos jogadores importantes, porque uma característica de Koeman é a boa visão para contratações (visão que o próprio clube já tinha). Com o manager, os Saints conseguiram o melhor resultado da sua história no Campeonato Inglês, o 6º lugar da temporada passada, que deu vaga para a Liga Europa.

Claude Puel: Após duas excelentes temporadas, Koeman deixou o Southampton para rumar ao Everton. Com isso, a diretoria, após analisar uma lista de opções, trouxe Puel, que durante toda sua carreira trabalhou em clubes na França e que fez um bom trabalho com o Nice na temporada passada, ficando em quarto no Campeonato Francês. O francês mantêm uma característica importante dos seus antecessores, a utilização de jovens, tendo um trabalho notório no Lille, onde ficou por seis temporadas e destacou-se por desenvolver jogadores de pouca idade.

Na base da base... e da visão de mercado

O Southampton é um dos clubes que mais aproveita jogadores da base, seja utilizando-os, vendendo-os ou até com os dois. E não é algo tão recente, jogadores como Bale, Walcott e, voltando ainda mais no tempo, Le Tissier e Alan Shearer são jogadores que surgiram para o futebol por meio dos Saints. Alguns foram aproveitados, como Le Tissier, que dedicou toda sua carreira ao clube, outros saíram muito cedo, como Bale que, com apenas 17 anos, partiu para o Tottenham ainda como lateral esquerdo. Mais recentemente, jogadores como Chamberlain, Lallana, Shaw e Chambers se destacaram no St Mary’s Stadium e foram vendidos para clubes mais fortes da própria Premier League.
Sam McQueen, lateral esquerdo de 21 anos formado na base dos Saints ganhou algumas oportunidades nessa temporada, quando Matt Targett (também formado no clube) e Bertrand não estavam disponível, como no jogo contra o Man City de Guardiola.















Outra grande característica desse Southampton que se firma cada vez mais na Premier League é a de contratar jogadores por preços menores e desenvolvê-los, tornando-os peças importantes e de destaques do clube que acabam saindo por valores muito altos. Sadio Mané é um exemplo claro disso. Foi contratado do RB Salzburg da Austria em 2014 por 15 milhões de euros e vendido nessa temporada ao Liverpool por 41,20 milhões de euros.

Esse estilo de "clube exportador" faz com que ele seja um dos que mais lucram com vendas na Europa. Nas últimas três temporadas, por exemplo, arrecadou mais de 180 milhões de libras. É possível até formar um timr só com jogadores vendidos pelos Saints. Essa filosofia é boa pelo lado financeiro para o clube, mas dificulta o time nas brigas pelas primeiras posições, pois sofre constantemente com desmanches, que inclui os técnicos, e aí o time tem que se remontar completamente para a temporada seguinte. Quebra-se a continuidade.
Seleção formada pelos jogadores vendidos pelo Southampton nas últimas três temporadas 
Quando esses desmanches acontecem a diretoria faz todo o planejamento que está acostumada a fazer há algumas temporadas. E foi isso que fizeram agora, em 2016/2017. Trouxeram um técnico que tem um estilo que se encaixa no clube (Claude Puel), mostrou toda a visão de mercado e trouxe jogadores que pudessem repor as perdas que o time sofreu (Austin, Redmond, Höjbjerg, Boufal, etc.) e está utilizando os jogadores da sua base, uma das melhores da Europa (Sam McQueen, Matt Targuett, Ward-Prowse). E assim, o time vai se mantendo e se estabilizando na Premier League, buscando dar trabalho as principais equipes do país e continuar participando das competições europeias. 
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