O ano era 2010. A seleção Argentina havia se classificado para a copa aos trancos e barrancos. Entretanto, qualidade ao time não faltava. Contava com inúmeras peças para o sistema ofensivo, entre elas Diego Milito que havia decidido a UEFA Champions League para a Inter de Milão. Apesar da grande fase do então Nerazzurri, Maradona escolheu um jovem atacante de 23 anos do Real Madrid para o comando do ataque. Gonzalo Higuaín, que havia marcado impressionantes 27 gols em 32 jogos no campeonato espanhol (atrás apenas de Messi na artilharia). Na copa confirmou a boa fase, mesmo no desorganizado time de Diego Maradona marcando 4 gols, mas uma atuação ruim na goleada da Alemanha fez o mesmo ser alvo de algumas críticas.
Higuaín foi um dos que salvaram na campanha da Albiceleste em 2010 |
Na Albiceleste, a expectativa para a copa de 2014 era alta. Sabella havia conseguido montar um sistema defensivo sólido e o sistema ofensivo era extremamente letal com Dí Maria (jogando mais recuado), Messi, Aguero e Higuain. Coube ao destino minar esse ataque. Dí Maria chegou extremamente desgatado da temporada no Madrid, Messi mal fisicamente e Aguero e Higuain se contundiram pouco antes da competição. Quando começou a ganhar ritmo, Pipita decidiu o jogo contra a Bélgica e marcou diante da Holanda (porém, tendo o gol mal anulado).
Até que veio a final. O jogo que marcaria Gonzalo Higuaín para sempre. Aos 20 minutos, após falha de Toni Kroos, ele ficou cara a cara com Manuel Neuer mas chutou pra fora. A Argentina ainda perdeu outras chances de marcar com Messi e Palacio, mas nenhuma foi tão lembrada quanto a oportunidade desperdiçada pelo Pipita. Antes peça chave, ele tornou-se vilão na seleção Argentina.
O gol perdido no Maracanã ficará marcado na carreira de Higuaín |
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Na Copa América, apesar da reserva, Higuaín recebeu uma chance de se redimir. Entrou no segundo tempo da final contra o Chile e acabou perdendo uma chance no final do jogo que significaria o fim do jejum de títulos para a Albiceleste. O passe de Lavezzi para a finalização foi bastante forçado, mas não impediu que antes mesmo do término do jogo, Gonzalo Higuaín fosse duramente criticado nas redes sociais pelos argentinos. Para completar a crucificação de Pipita, o mesmo errou uma das penalidades na disputa vencida pelo Chile. Para o povo argentino, Higuaín se tornava ali definitivamente o vilão da Albiceleste.
Porém veio a temporada 2015 e Higuaín mostrou ao mundo que ainda era um grande atacante. O começo de temporada do franco-portenho é simplesmente espetacular. Em 17 jogos pelo campeonato italiano anotou 16 gols e 2 assistências (participação direta em 58% dos gols do Napoli), sendo o melhor em campo em 5 partidas. De quebra se tornou o sexto jogador na história do campeonato a atingir a marca de 50 gols mais rapidamente (atrás de Shevchenko, Ronaldo, Milito, Trezeguet e Batistuta).
Higuaín vem sendo avassalador na temporada 15/16 |
Higuaín teve seus erros. A geração argentina muito prometia e perdeu com uma parcela de culpa dele. Hoje na reserva de Aguero, talvez deva abrir espaço para Dybala, Icardi, Vietto e outros bons jovens atacantes. Crucificado por seus erros, dificilmente se livrará da marca dessa culpa. Entretanto, sua qualidade é inegável. Sempre eficiente, artilheiro por onde passou, Gonzalo Higuaín hoje comanda um Napoli que desafia a hegemonia Bianconera na Itália. Certamente tem toda capacidade para isso.