Competência, superação e merecimento


Empatar com o Vasco não atrapalhou o Corinthians. A derrota do Atlético Mineiro no Morumbi foi o suficiente para dar o hexa ao alvinegro paulista. Um título merecido pela competência de Tite e seus comandados. O tal desmanche não atrapalhou, as eliminações também não. Um título na base da superação e trabalho. A seguir, a linha do tempo da campanha quase perfeita.

DESCONFIANÇA INICIAL



O ano começou bem, a equipe voava em Itaquera e se portava bem também fora de casa. Avassalador na fase de grupos acabou surpreendentemente eliminado pelo Guaraní do Paraguai. No paulistão, mais uma decepção. Derrota nos pênaltis para o maior rival, em casa. O motivo para maioria eram os salários atrasados, mas a partir dali a desconfiança rondava sob Tite e seu elenco, que perdeu importantes peças naquele momento. Fábio Santos rumava ao México, Sheik e Guerrero partiam para o Rio de Janeiro, e as possibilidades de perder Elias e Jadson erram cogitadas. Os dois últimos ficaram, e colheram os frutos.

O COMEÇO


Ainda em meio a disputa da Libertadores o Brasileirão começou. O time reserva sofreu para bater o Cruzeiro, também envolvido na competição continental. Na segunda partida, novamente dificuldades, mas o resultado veio, mesmo sem convencer. Tite inclusive destacou a segunda partida, diante da Chapecoense numa de suas entrevista ontem, já campeão. O técnico contou que um jogador da equipe catarinense notou que o grupo corinthiano estava muito fechado. E de fato estava. Mesmo sem apresentar futebol parecido com o "tite-taka" da Libertadores, eram seis pontos conquistados. Na terceira partida, um 0-0 morno contra o Fluminense. A partida, marcada por um gol perdido por Paolo Guerrero, também ficou na história como a despedida do peruano. Ali o torcedor se mostrava extremamente preocupado, mas no fim, não fez falta.

SEQUÊNCIA RUIM E ALERTA LIGADO


Mesmo com um inicio satisfatório em questão de pontuação, o Corinthians chegava ao clássico contra o Palmeiras muito pressionado. Vencer na Arena era obrigação, até pela recente eliminação no Paulistão. Com um time ainda longe do que nos acostumamos a ver no segundo turno a equipe se viu dominada pelo rival. Poderia ter sido mais, mas acabou no 2-0. Ali já começavam as insinuações de um ano desastroso para o alvinegro, mas foi contra o Grêmio que a coisa tomou ainda mais corpo. Dois gols meteóricos e uma derrota por 3-1 colocavam ainda mais lenha na fogueira. Tite admitia o mal momento, mas via melhora, principalmente no segundo tempo em Porto Alegre.

AOS POUCOS O TIME ENTRAVA NOS EIXOS



Depois das duas derrotas, a pressão por parte da torcida e da imprensa tiveram seu ápice. Para fugir um pouco disso, o clube aproveitou os jogos em sequência no Rio Grande do Sul e Santa Catarina e acabou ficando pelo Sul, sem voltar a capital paulista. Foi a Joinville mais tranquilo e com enorme dificuldade conseguiu vencer, em um belo chute de Jadson. O camisa 10 também foi importante no jogo seguinte. O Internacional chegava a Itaquera como um dos times do momento no país e abriu o placar. Mas o empate veio com "Magic Jadson" que colocou uma falta no ângulo e minutos mais tarde viu Vagner Love empatar. Love que foi um dos grandes personagens da partida. Entrou no segundo tempo e mudou o time. O apelo pela sua titularidade então começara, já que Romero não conseguia realmente convencer. Tite atendeu os pedidos e o colocou no 11 inicial diante do Santos, na Vila. Mas, Love não repetiu a grande atuação e novamente o time era derrotado em um clássico, 1-0.

ENFIM REGULAR



Em sétimo lugar na competição, foi depois do jogo contra o rival praiano que o campeão de fato começou a se desenhar. Felipe ganhou o lugar de Dracena, Bruno Henrique virou titular e o 4-1-4-1 enfim parecia encaixado. Contra o Figueirense a primeira vitória, e depois disso, mais 16 jogos sem perder. No meio dessa incrível sequência, os jogos de destaque foram contra Atlético Mineiro e Sport. Diante do galo, rival direto na briga pelo título durante todo o campeonato, o Corinthians teve de se superar. Tite frisava que o clube mineiro estava degraus a frente na preparação, por isso, jogou fechadinho, na raça e a espera de uma bola. Ela veio em arrancada de Love que rolou para Malcom marcar e dar a vitória ao Corinthians. Ali a esperança de título ganhava força. Foi talvez o maior momento de superação do time na competição. Quatro rodadas depois o timão recebeu o Sport, que também vinha em boa fase. O jogo era tranquilo, até que num "apagão" o time pernambucano empatou e com um penalti no final o timão garantia a liderança, vencendo por 4-3. Ainda era a 18ª rodada, mas depois daquilo, só deu Corinthians na primeira colocação.

CLÁSSICO CHAVE



No meio dessa sequência de invencibilidade ainda teve mais um jogo que vale destaque. Não foi uma vitória, nem mesmo era um confronto direto na tabela, porém, foi mais uma mostra de superação. Com alguns desfalques o Corinthians visitou o seu maior rival e depois de ficar três vezes atrás do placar, saiu com o empate. Mostrava ali um enorme poder psicológico e de reação. Foi um dos momentos para a torcida dizer "dá pra ser campeão".

A AFIRMAÇÃO



Com alguns tropeços corinthianos e vários do Atlético Mineiro, as equipes chegavam para o duelo da 33ª rodada com um clima de final. Todos sabiam que aquela altura, se abrisse 11 pontos seria quase impossível tirar o título do Corinthians. Alguns ainda acreditavam, mas o time de Tite acabou com todas as esperanças mineiras num segundo tempo brilhante. Enorme superioridade tática, técnica e principalmente psicológica foram responsáveis por um sonoro 3-0, que praticamente dava fim a disputa pelo título. Momento de afirmação, que só corroborava o que a maioria já sabia: o alvinegro paulista é o melhor time do Brasil.

ENFIM HEXA



Depois de vencer o rival direto na briga pela taça o Corinthians contava os dias para enfim comemorar a conquista. Diante do Coritiba, jogo difícil e Lucca fazendo o que seria o gol do título no final da partida. Acabou não sendo por conta do Atlético, que também nos minutos finais adiou a comemoração da Fiel. Nessa quinta-feira porém, o Corinthians dependia só dele. Uma vitória diante do Vasco, em São Januário, daria o sexto título nacional ao clube. Os três pontos não vieram, mas graças a derrota do Galo o timão enfim podia soltar o grito de campeão.
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O GRANDE RESPONSÁVEL


Vários jogadores desacreditados, peças importantes indo embora, outras se lesionando. Nada foi capaz de atrapalhar o trabalho do monstro que é Adenor Leonardo Bachi. Renovado depois de um ano sem trabalhar, o treinador deu a cara a tapa aceitando retornar ao clube. A chance de manchar sua brilhante passagem pelo alvinegro existia, mas ele sabe de sua capacidade. É o melhor técnico do país e deu uma enorme prova disso. Recuperou nomes como Vagner Love e Felipe, montou um esquema extremamente eficiente, que mesmo mudando as peças, mantém o nível de atuação, além de potencializar a parte ofensiva, antes tida como seu principal defeito. Todos sabem que esse título tem muito mérito dele.

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Por mais que algumas polemicas tenham tido grande destaque durante a campanha do clube, é notável e quase que de consenso geral que Tite e seus comandados mereceram o caneco. Campanha regular, sólida e convincente, além de duas vitórias contra o rival na briga pelo título servem para confirmar isso.

Parabéns ao Hexa Campeão Brasileiro. Parabéns ao Corinthians. 
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