O único campeão brasileiro do interior é do estado de São
Paulo. O Guarani conquistou o título nacional no ano de 1978 ao derrotar o
Palmeiras na decisão. Consequentemente se classificou para a Libertadores do
ano seguinte, em que chegou a honrosa 3ª colocação. E é a história dessas
competições que serão contadas no Modão de hoje.
Começamos pela principal competição nacional, o Brasileiro
de 1978. O Guarani não era nem cotado como favorito ao título quando o
campeonato começou, até porque eram 74 equipes na competição e o regulamento
era bem complexo. Na primeira fase foram seis grupos, e os seis primeiros de
cada grupo estariam classificados para a segunda fase, em que eram novamente
divididos em grupos (quatro dessa vez) e os 6 primeiros de cada um passariam
para a terceira fase . Os outros times disputariam uma repescagem e mais 7
clubes conseguiriam a vaga para o restante da competição. Outro detalhe
interessante, é que vitórias por diferenças de 3 ou mais gols valeriam 3
pontos, e vitórias por 1 ou 2 gols valeriam apenas 2 pontos.
O Bugre passou pela primeira fase com a 5ª colocação do
Grupo D, somando 16 pontos em 11 jogos. Na segunda fase, novamente uma campanha
discreta, ficou na 4ª posição de seu grupo com 11 pontos em 8 jogos. Portanto,
nas primeiras fases o Guarani fez apenas o suficiente para se manter no
campeonato.
Na terceira fase o panorama começou a mudar a favor do time
campineiro, e com uma campanha excepcional se classificou em primeiro do grupo,
com 6 vitórias e 1 empate em 7 jogos. Classificação assegurada para a fase do
mata-mata, que começou com 8 times, ou seja, nas quartas-de-final.
O primeiro adversário do Guarani foi o Sport de Recife. Com
duas vitórias (2x0 e 4x0) o time paulista se classificou com facilidade para as
semifinais. Era promessa de um grande confronto contra o Vasco da Gama de
Roberto Dinamite, que havia derrotado o Bugre na primeira partida do campeonato
por 3x1. Com vitórias por 2x0 em Campinas (com gol contra de Orlando e 1 de Renato
para fechar o placar) e por 2x1 no Maracanã (com 2 gols de Zenon), o Bugre
estava classificado para a final para enfrentar o Palmeiras de Leão, Marinho
Peres e Jorge Mendonça.
Primeiro jogo no Morumbi lotado (99.829 pessoas) o Guarani
deu um passo gigantesco para ser campeão. A vitória por 1x0, com gol de pênalti
de Zenon, deu uma tranquilidade muito grande para o segundo jogo em Campinas.
Detalhe importante é que o goleiro Leão do Palmeiras foi expulso ao cometer o
pênalti e, portanto, não jogou a segunda partida.
No dia 13 de agosto de 1978, no Estádio Brinco de Ouro da
Princesa, o Guarani entraria para a história como o primeiro (e até agora
único) time do interior de um estado a conquistar um título do Campeonato
Brasileiro. Um empate bastava, mas nada melhor que levantar a taça com uma
vitória diante de sua torcida. O gol de Careca aos 36’ do primeiro tempo fez a
torcida bugrina explodir de alegria. O Guarani era Campeão Brasileiro!!!
O time que fez história naquele 13 de agosto foi o seguinte:
Neneca; Mauro, Edson, Gomes, Miranda; Zé Carlos, Manguinha, Renato, Bozó,
Careca e Capitão (Adriano). Carlos Alberto Silva era o treinador do grupo
vencedor. (Zenon era titular, mas não
pôde jogar na partida decisiva, sendo substituído por Manguinha).
Na Libertadores do ano seguinte o Bugre foi muito bem. Na
primeira fase estava num grupo com Palmeiras, Alianza Lima e Universitario
(Peru), e apenas um se classificava para a próxima fase. Com 5 vitórias e
apenas 1 derrota, o Guarani se classificou para disputar a fase semifinal da
competição.
Eram 2 grupos com 3 equipes em cada. De um lado, Boca
Juniors, Independiente e Peñarol disputavam uma vaga na final. Do outro estavam
Olímpia, Palestino e Guarani. Apenas um de cada grupo se classificava, e ia
direto para a final. No primeiro grupo, o campeão da edição anterior se
classificou novamente para a final. O Boca passou pelo Independiente no jogo de
desempate, com vitória por 1x0.
No outro grupo, o Olímpia acabou com o sonho do Guarani e
acabou se classificando com 3 vitórias e 1 empate. A equipe paraguaia viria a
ser a campeã do torneio. O time de Campinas ficou em segundo no grupo e
“dividiu” a terceira posição com o Independiente. O que é motivo de orgulho
para a torcida bugrina, com toda a certeza.
Que anos maravilhosos viveu o Guarani no fim da década de
70! É uma pena ver esse gigante estar tão mal nos últimos anos (como vimos aqui). Será que outro time do interior voltará a conquistar o Brasileiro?
Ou será que o próprio Bugre conseguirá se reerguer e reviver estes grandes
momentos? Nos resta acompanhar e torcer!