Apoio Incondicional


Grêmio Esportivo Brasil, ou simplesmente Brasil de Pelotas, ou ainda Xavante. O Rubro-Negro Gaúcho conseguiu o acesso para a Série B no último sábado, quando empatou em 0x0 com o Fortaleza no Ceará, após ter vencido por 1x0 em sua casa. Mas este acesso começou muito antes de sábado, muito antes do início da Série C de 2015.

Um time que conseguiu o apoio de muitos amantes do futebol, principalmente dos gaúchos. Não há a divisão entre gremistas e colorados quando se fala do Xavante. “A maior e mais fiel” é um tipo de slogan da torcida do Brasil, e realmente é a maior torcida entre os clubes do interior.

A equipe da cidade de Pelotas vive um processo de reconstrução aos poucos, depois de passar por alguns anos muito complicados. E o planejamento é a chave dessa reconstrução. O treinador Rogério Zimmermann está no cargo desde maio de 2012. Sim, temos treinadores no país que estão no cargo a mais de 3 anos. A confiança da diretoria está dando resultado a longo prazo, já que Zimmermann assumiu o time na segunda divisão estadual, e já levou para a segunda divisão nacional. O goleiro Eduardo Martini, muito experiente, está no clube desde 2014, e o elenco também conta com outros jogadores rodados, como o goleiro Luiz Muller, os zagueiros Teco e Fernando Cardozo , os meias Márcio Hahn e Diogo Oliveira, e os atacantes Nena, Soares e Gustavo Papa. Além disso, perdeu o atacante Leandrão, que se transferiu para o Vasco durante a Série C.
A cara da reconstrução

Alguns estão comparando a ascensão do Brasil a da Chapecoense, que subiu muito rapidamente todas as divisões do Brasileirão, e nesse ano já está nas quartas de final da Copa Sulamericana. Mas a situação do time gaúcho é um pouco diferente. Pouca gente sabe, mas o xavante já chegou nas semifinais do Brasileiro da Série A, em 1985. Foi eliminado pelo Bangu, naquela que foi a melhor campanha de um clube do interior gaúcho na história dos campeonatos brasileiros.

Vamos contar um pouco da história recente do Grêmio Esportivo Brasil, começando pelo episódio lamentável de 2009 até chegar na alegria do acesso para a Série B do Brasileiro, conquistado no último sábado (17/10).

No dia 15 de Janeiro de 2009, houve o episódio mais triste da história do clube, e um dos mais tristes do futebol brasileiro. O ônibus com a delegação xavante estava voltando para Pelotas, quando capotou na estrada e causou 3 mortes, inclusive do principal ídolo da equipe, o uruguaio Cláudio Milar. Alguns outros se feriram gravemente, tendo que deixar o futebol. A diretoria cogitou não disputar o Gauchão, mas acabou entrando na competição e foi rebaixado para a segunda divisão estadual.
A morte do ídolo abalou Pelotas

O clube passou o centenário (2011) na divisão de acesso, e ainda foi rebaixado para a Série D do Brasileiro. Parecia que a reconstrução estava cada vez mais longe, o clube ia vivendo momentos muito ruins seguidamente. Mas essa reconstrução começou em 2013, quando o xavante foi campeão da segunda divisão gaúcha, e conseguiu voltar para a elite estadual.

Em 2014 as coisas deram muito certo para o Brasil. No Estadual, foi o “campeão do interior” pois foi o melhor colocado entre os times do interior ao perder pro Grêmio na semifinal, e conquistou a vaga para a Série D. No Nacional, foi vice-campeão e conseguiu voltar para a Série C após 4 anos. Nesse ano de 2015, ganhou novamente o título do interior no Gauchão, ao ficar em 3º lugar, perdendo pro Inter na semifinal.

Enfim, chegamos na Série C 2015. Na primeira fase, um ótimo começo com 11 jogos sem perder. No final da primeira fase, houve um certo relaxamento e o time acabou em 4º do seu grupo, se classificando para enfrentar o Fortaleza. O time cearense teve a melhor campanha da primeira fase, entrou como favorito mas com a fama de “pipocar” na hora do mata-mata, o que vem ocorrendo seguidamente nos últimos anos.
O elenco que fez história pelo time gaúcho

No Bento de Freitas, em Pelotas, o Xavante venceu por 1x0 com gol de Cleverson, para uma festa enorme da torcida rubro-negra. O Grêmio Esportivo Brasil estava a um passo do acesso, e os torcedores tinham a certeza de que ele não ia escapar.

No segundo jogo, realizado no Castelão em Fortaleza, o técnico Zimmermann armou um sistema compacto e voltado mais para o jogo defensivo, segurou o empate em 0x0 e conquistou um acesso heroico, com destaque para a atuação do goleiro Eduardo Martini, que fez muitas defesas e ajudou a segurar o placar em branco que garantiu a vantagem gaúcha. Foi um grande jogo, alguns compararam até com jogos de gigantes do futebol mundial, como o último Bayern x Real (claro que não com a mesma qualidade técnica, mas a disposição tática e a vontade dos jogadores permitiu essa comparação).

O time titular do jogo no Ceará foi o seguinte: Eduardo Martini, Wender, Leandro Camilo, Teco, Xaro, Leandro Leite, Jardel, Galiardo, Diogo Oliveira, Cleverson e Nena. Sob o comando de Rogério Zimmermann, estes jogadores marcaram seus nomes na história do xavante.
Depois do acesso, as ruas foram tomadas pela torcida xavante para receber os jogadores


Esse acesso teve um peso muito maior que o normal para o Brasil, já que agora existe um projeto de ampliação de seu estádio, passando de 8 mil para 21 mil pessoas, e existe a pretensão de alavancar o programa de sócios do clube, que hoje está com um quadro de aproximadamente 5 mil pessoas. O planejamento parece estar dando resultado para o rubro-negro, e pode servir de exemplo para muitos outros clubes do país.

A torcida também tem que ser muito valorizada. Como dito acima, é a maior do interior, e com toda certeza é uma das mais presentes. Por exemplo, o CT do clube iria ser leiloado, e um grupo de torcedores se reuniu e ganhou o leilão, devolvendo o CT para o xavante. A mureta atrás do gol no Bento de Freitas foi construída com dinheiro de torcedores, entre outros fatos marcantes. É uma torcida apaixonada, que transforma o estádio num caldeirão, apoia incondicionalmente o Grêmio Esportivo Brasil. Como diz aquela velha máxima “Não é um time que tem uma torcida, e sim uma torcida que tem um time”.
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