Surpresa negativa


Como tudo na vida, o futebol também pode - de maneira muito rasa - ser separado em dois lados. O positivo e o negativo. O bom e o ruim. Em cada temporada, então, temos as surpresas de ambos os polos. Aquelas equipes que chegam desacreditadas e surpreendem a todos, como o absurdo caso do Leicester City. Há também aqueles times que contratam bem, dão continuidade a um interessante projeto e decepcionam demais, visto que pareciam trilhar brilhantes caminhos. Não podíamos estar falando de outro clube se não o West Ham de Slaven Bilic.

Depois de um ótimo sétimo lugar, chegando a sonhar com a Champions League em alguns momentos, os hammers sonhavam com passos muito maiores para 16/17. Além da UEFA Europa League que estava por vir, reforços foram chegando e, somado a isso, a temporada de estreia do novo estádio prometia muito. O Upton Park dava adeus, e o imponente Olímpico se tornava a nova casa do clube londrino. Como a capacidade de sua casa, o clube queria crescer. Era o momento.
A mudança de ares até aqui não faz bem. O imponente tamanho do Olímpico parece assustar até mesmo os donos de casa, que ainda não sabem como se comportar em casa.

Atualmente no futebol, para buscar novos objetivos, o primeiro passo parece sempre o mesmo: gastar. A janela de transferência tem de ser precisa. Os valores podem ser altos, mas precisam ser certeiros. Nisso Bilic parecia não ter problemas. De começo trouxe Feghouli de graça e Toré por um valor baixo. Negociações que agradavam e enchiam o torcedor de esperança. Depois disso ainda vieram Andre Ayew, Masuaku, Edimilson Fernandes, o experiente Arbeloa e Simone Zaza, esse o mais criticado. O treinador croata destacava desde o fim da última temporada que o plantel precisava de um "atacante de 25 gols por temporada". Muito se falou de Carlos Bacca, esse cumpriria o objetivo. Porém, quem veio mesmo foi Zaza, pouquíssimo utilizado na campeã Juventus. Desconfiança e cobranças acompanham o atacante desde então. O que falta é futebol, e os tais 25 gols. Decepção total.

Entretanto, queria o torcedor que esse fosse o único problema. O time de 15/16 parece não existir mais. Dimitri Payet até tenta e resolve em algumas oportunidades, mas de resto, o West Ham irrita. Em casa, nada de força. A equipe parece aquele estudante que alugou um apartamento qualquer e ainda não se sente em casa. Não sabe como agir, não criou um vínculo, e isso preocupa demais. Só não preocupa mais que a fraca defesa, que, ao contrário do ataque, não ganhou reforços, e precisava tanto quanto, ou até mais. Reid precisa de um companheiro minimamente decente, e não o tem. Aí um ponto que prova que a janela não foi tão boa quanto parecia de início. Longe disso, inclusive.
Simone Zaza: maior alvo de críticas do West Ham, porém, bem longe de ser o único problema.

É difícil apontar o que vem acontecendo com os hammers. Saudades do Upton Park e falta de identidade no novo estádio? Pode ser. Mas nada justifica as cinco derrotas, o desempenho pífio e a surpreendente penúltima colocação da Premier League. Bilic talvez seja o culpado. Ainda não achou a escalação que deseja, muito menos os jogadores que deve ser o 11 ideal. Além disso, cai sobre seus ombros a responsabilidade de um mercado de muita quantidade mas qualidade insuficiente para alçar novos voos com o clube londrino. Errou em não trazer zagueiros, e até aqui também se equivocou nas inúmeras opções para o ataque.

Ainda dá tempo de mudar muita coisa. Se ambientar, achar um esquema sólido e arrancar para terminar ao menos no meio da tabela. Porém, o West Ham parece tropeçar nas próprias pernas e atrasa o que aparentava estar muito próximo: a tal elevação no patamar. Bilic precisa de tempo para tentar arrumar a casa, mas do jeito que as coisas andam, a parte de cima da sua ampulheta já está quase vazia.
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