A Hora da Verdade


Após mais uma temporada considerada por muitos como decepcionante por parte dos Gunners, onde o clube falhou novamente em prosperar na Champions League e viu o modesto Leicester City tirar o título da Premier League de suas mãos, deixando assim de aproveitar a má fase de times que costumam ser constantes candidatos a campeão – como é o caso do Manchester United e do Liverpool -, algumas figurinhas carimbadas do time passam a ver seus nomes circular mais do que nunca entre os mais criticados. É possível se dizer que, incluindo o recorrentemente desaprovado Arsene Wenger, a temporada prestes a começar é crucial para a continuidade dos trabalhos de tais nomes no clube.

JANELA DE TRANSFERÊNCIAS

O decorrer da temporada no Arsenal, porém, não é onde começarão as críticas e cobranças. A janela de transferências é sempre conturbada para o time londrino, tendo em vista a política de gastos do clube, que tem sempre o cofre bem mais fechado que seus adversários, o que, somado aos fracassos da temporada anterior, costuma desagradar demais os torcedores, que ficam a espera de contratações de peso enquanto assistem times concorrentes investirem com muito mais agressividade na busca por melhoras.

O clamor por um centro avante de nível mundial é mais gritante do que nunca. Torcedores e imprensa alertam a necessidade de outro nome parar o ataque por levar em conta a questionável limitação técnica do francês Olivier Giroud, aliada a alta tendência a lesões de Welbeck, que chegou ao clube para disputar a posição com o camisa 12 do Arsenal, porém falhou em ter continuidade para tal devido a suas recorrentes lesões.
Não é de hoje que Giroud passa longe de ser a referência que o time precisa. Muitos o apontam como o elo mais fraco da equipe, inclusive.

Pode-se dizer, entretanto, que o clamor feito surtiu efeito. Porém não suficientemente.

O clube de fato foi ao mercado tentar trazer o tão sonhado reforço para o ataque, sendo constantemente ligado a vários ótimos nomes, como o atacante do Borussia Dortmund Pierre-Emerick Aubameyang (27 anos), o argentino Gonzalo Higuain (28 anos) e o inglês que foi destaque da “campanha dos sonhos” do atual campeão Leicester City, Jamie Vardy (29 anos).

Por inúmeros motivos, porém, o clube falhou em concretizar qualquer uma das contratações. No caso de Higuain, por exemplo, o alto valor exigido pela transferência impediu que as negociações progredissem, facilitando assim a transferência do mesmo para a Juventus – ITA. No caso de Vardy, o próprio jogador preteriu o clube de Londres para renovar seu contrato e continuar atuando no atual campeão Inglês.

Outros muitos nomes como Sturridge, Benzema e Lacazzete (atacantes do Liverpool, Real Madrid e Olympique Lyonnais, respectivamente) foram fortemente cogitados também para uma possível transferência no decorrer da janela. Apesar disso, nada de concreto envolvendo a negociação de tais nomes se deu.

Vale notar que, tendo em vista os nomes já associados, as negociações falhas e a escassez da disponibilidade de peças similares no mercado, é provável que, mais uma vez, o tão sonhado centroavante fique apenas no âmbito da vontade.
Ainda há quem espere a concretização do negócio envolvendo Mahrez e o clube londrino.

Outra especulação que deixou os torcedores esperançosos e ansiosos foi a de que o Arsenal estaria próximo de concretizar a admissão de outro grande nome do atual campeão que surpreendeu a todos na temporada passada: o meio-campista Riyad Mahrez. O argelino de 25 anos que foi considerado como Jogador do Ano da temporada 15/16 inglesa esteve recentemente dado pela mídia como reforço certo do Arsenal para a próxima temporada. Porém, aparentemente, as negociações são nebulosas e a desconfiança é a única certeza dos adeptos, visto que a imprensa local aparentava também a mesma convicção quanto à contratação de James Vardy. O olhar cético no que tange tal transferência é, talvez, o mais prudente.

Saindo do campo das especulações e entrando no assunto de transferências já concretizadas, o principal nome a chegar de fato ao clube na janela atual é o do meio campista suíço Granit Xhaka (23 anos), vindo do Borussia Mönchengladbach pelo valor estimado de 30,0 milhões de libras. O jogador esteve muito bem no campeonato alemão assim como na Eurocopa, e a tendencia é que com o tempo vire peça importante para o time.
O suíço tende a ser muito importante para equipe, tanto pela qualidade técnica quanto pelo seu estilo de jogo, muito condizente com o futebol praticado pelo time de Wenger.

Além do suíço, o clube inglês acertou a contratação ainda do jovem e promissor zagueiro inglês Rob Holding (20 anos), que se destacara jogando pelo Bolton Wanderers e vem para agregar às opções para a zaga, visto a escassez do setor.

Arsene Wenger realizou ainda, sob muita controvérsia, a contratação de uma promessa do futebol japonês, o atacante Takuma Asano (21 anos). A transferência foi, em grande parte, criticada pela torcida e imprensa, acusando para muitos falta de ambição por parte do manager.

Ao passo que novos e desconhecidos nomes desembarcam em Londres, de saída do clube nesta janela de transferências estão dois veteranos amplamente conhecidos com grande tempo de serviço com a camisa do Arsenal. O ex-capitão da equipe Mikel Arteta e o tcheco Tomas Rosicky terminaram seus contratos com o time e foram liberados, devido a falta de espaço proveniente da idade avançada de ambos.

DESTAQUES DA PRÉ-TEMPORADA

Realizando a maior parte de sua pré-temporada nos EUA através de amistosos, alguns nomes chamaram a atenção pelo desempenho e pela expectativa, entre eles o volante egípcio contratado na temporada passada Mohamed Elneny. O jogador gera grande expectativa agora que está aparentemente adaptado ao estilo de jogo do time e espera-se ver um bom desempenho por parte do meio-campista no decorrer da temporada, conforme as chances de tempo de jogo aparecerem.
Quem aproveita para tentar mostrar futebol são os garotos do elenco gunner.

É justo, no entanto, dizer que o principal nome da pré-temporada tenha sido a já habitual promessa Oxlade-Chamberlain. O jogador fez ótimas partidas, sendo decisivo nos jogos. Porém, apesar da pouca idade, as recorrentes decepções geradas pelo atleta em corresponder no decorrer da temporada o futebol apresentado previamente impede uma maior empolgação com seu desempenho.

LESÕES

A esta altura, as palavras “lesão” e “Arsenal” já são de fácil associação para aqueles que acompanham o esporte. Problema antigo e usual do clube, na iminência do inicio da temporada volta a assombrar os planos londrinos. A lista de atletas indisponíveis por lesão preocupa, especialmente pela posição e função dos jogadores.

Nome regular no departamento médico, Danny Welbeck, que seria, teoricamente, opção para o insatisfatório ataque gunner, está, estimadamente, fora dos planos por 5 meses devido a uma lesão no joelho. Com um problema similar e expectativa de tempo de indisponibilidade parecido, está também o zagueiro alemão Per Mertesacker, que deve retornar apenas na metade da temporada.
O zagueiro alemão é só um dos problemas iniciais para Wenger.

Para piorar a situação, defasando ainda mais o setor defensivo – que já era reconhecidamente defasado no que se refere a opções -, o zagueiro Gabriel Paulista sofreu uma lesão no penúltimo jogo da pré-temporada contra o Manchester City e está de fora por tempo indeterminado.

Além dos três há ainda o talentoso (porém já desacreditado por muitos) meia inglês Jack Wilshere, com uma lesão leve. Apesar da recuperação estar prevista para apenas uma semana, o histórico do jogador preocupa, gerando a cada lesão ainda mais descrença, por menor que seja.

EXPECTATIVAS E CONSIDERAÇÕES

Incerteza e receio. As palavras parecem rondar o Emirates nessa preparação para a nova época. Paradoxalmente, o torcedor consegue olhar para a equipe e enxergar qualidade. O potencial para o titulo inglês é, de fato, visível. O que faz boa parte das esperanças cair por terra é que tal qualidade e potencial de titulo já são vistos desde vários outros anos, no entanto simplesmente não se concretizam. A confiança no trabalho de Wenger e seus comandados está demasiadamente abalada, e já o está tem um tempo. Desconfiança essa causada pela não correspondência de expectativas e anseios de grandezas por parte do torcedor.

Entretanto, nem tudo é pessimismo. O amor pelo clube por parte da torcida gera otimismo e esperança. Esperança de que as coisas sejam diferentes após as decepções e que, finalmente, a gloria em potencia se torne realidade. Se a qualidade técnica e tática é evidente, o que se espera é que o Arsenal pare de se enganar e enganar a todos projetando que não é. A paciência do torcedor vai se aproximando do seu limite, ao passo que a ambição pelo triunfo é frustrada ano após ano. Agora, mais do que nunca, para os Gunners, é a hora da verdade. A noticia boa é que, ao que tudo indica, o Arsenal sabe disso.
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