Um herdeiro discreto


Todo final de semana ou meios de semana com UCL, ao redor do mundo, milhares de pessoas ligam a TV para assistir aos jogos do Barça. Pelo menos 95% destas, assistem para ver o trio MSN (Messi-Suárez-Neymar) e consequentemente acabam deixando um craque passar desapercebido. Piqué? Iniesta? Dani Alves? Não, falo do camisa 5, Sergio Busquets, o craque invisível.

Sergio teve um 2015 fantástico, sendo peça chave na meiuca blaugrana, que regida por Luis Enrique encantou e encanta o mundo do futebol. Por isso, foi uma das ausências mais sentidas no FIFPro 2015 (time do ano).

Busquets sempre foi um jogador discreto, dentro e fora de campo. Fora das quatro linhas o espanhol leva uma vida tranquila, não possui redes sociais como facebook e twitter e nunca arrumou (dificilmente irá arrumar) problemas com o treinador ou companheiros de equipe, o que acaba contribuindo para que ele seja subestimado por muitas pessoas. Já dentro de campo, o espanhol é um jogador discreto, raras são suas subidas ao campo ofensivo (ou pelo menos eram).
Busquets sabe como tratar a bola, não a toa é o por quem ela passa em todas as jogadas do Barça

O volante chegou ao Barcelona em 2008, vindo do Barça B, que estava na quarta divisão. Logo em sua chegada, barrou Yaya Touré. Sim, Busquets barrou o (para muitos) africano mais técnico da história. Guardiola preferiu o espanhol por cumprir as funções em campo com mais obediência, era o queridinho de Pep, sempre inteligente taticamente e refinado tecnicamente, Sergio ganhou seu espaço no time catalão, chegando a jogar de zagueiro depois da chegada de Javier Mascherano, na temporada 2010/2011 quando Puyol estava em decadência. Nisso a equipe perdeu consistência, mas teve êxitos na defesa.

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Com a saída de seu mentor Pep Guardiola e a chegada do já falecido Tito Vilanova, o então camisa 16 mudou seu estilo de jogo, foi adiantado pelo novo técnico, ganhando certo "protagonismo" em uma temporada onde Xavi, cérebro da equipe, já estava decadente. A sua função foi alterada, mas a sua indiscutível qualidade não. Na passagem de Tata pelo Barça, não há muito o que se destacar, nem de Sergio, nem de nenhum outro jogador. O Barcelona não foi bem na temporada de 2013/2014, mas a retomada veio com outro treinador que foi ídolo nas quatro linhas. Com a chegada de Luis Enrique, o Barça voltou a ser Barça.
Com Luis Enrique, Sergio voltou a ter destaque.

Com um ataque fantástico, Rakitić muito bem durante a segunda parte da temporada, um Iniesta decisivo e é claro, com Busquets doutrinando na meiuca blaugrana o time se provava cada vez mais como o melhor do continente. O clube novamente era multicampeão, como no ápice de Pep, e assim como naquela oportunidade, o agora camisa 5 se destacou ajudando ainda mais na saída de bola do time da Catalunha.

A atual temporada é a melhor de Busi, ele vem se destacando por estar mais vertical, executando assistências (2 na temporada) e arriscando passes agudos. O espanhol dá 4.8 passes longos por jogo e tal verticalidade também aumenta seu número de "Key passes", são 0.8 por partida. Podemos perceber a eficiência pelos seus números na atual temporada, além dos já citados, destacam-se também os desarmes (média de 2.9 por partida), ou interceptações (2.2 por jogo) e é claro, os passes, onde tem um aproveitamento assombroso, que chega a 89.5% dos passes certos.
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Neste vídeo a capacidade do espanhol em desarmar, interceptar e sair para o jogo fica mais evidente. Podemos perceber também algo que não entra nas estatísticas: sua grande capacidade de criar espaços, que por vezes lembra a lenda blaugrana Xavi Hernández, que frequentemente destaca Busquets em suas entrevistas. O craque já disse que o camisa 5 é seu sucessor no Barça e que também é o melhor meio campista do mundo na atualidade.

Dificilmente o volante espanhol atrairá mais atenção no futebol mundial, infelizmente nunca terá seu devido reconhecimento, ainda jovem (27 anos), Busi tem capacidade para entrar na história do Barça, como um dos melhores volantes que pisaram no solo sagrado do Camp Nou. Cabe a nós entendedores do esporte (ou quase isso) apreciarmos o futebol desse craque invisível, deste jogador com um talento único. Para fechar o texto, faço das palavras de Luis Enrique as minhas: "Sergio Busquets é único. É o melhor meio-campista do mundo, não só da Europa, de todo o mundo. É uma peça chave e fundamental para o nosso jogo, e nossa equipe".
Mesmo sem dribles e golaços, o futebol plástico de Busquets encanta os amantes do esporte

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