Há vinte e dois anos, o Rio de Janeiro via nascer uma das principais estrelas da seleção brasileira e do Vasco da Gama: Felipe Rafael. Não precisa se assustar, Tite não surpreendeu na convocação chamando alguém que você não conhece. Estamos falando de outra categoria do amado esporte bretão, a PC (Paralisia Cerebral). A modalidade é separada em quatro classes (C5, C6, C7 e C8), variando de acordo com o grau de comprometimento da sequela da paralisia.
Hoje medalhista paralímpico e eleito o melhor jogador do último campeonato nacional, Rafa começou a jogar por ajuda de um amigo próximo, que conhecia o Futebol de 7 PC e o técnico do time do Vasco. "Ele me incentivou bastante pra ir lá conhecer e acabou que eu fui e estou lá até hoje.”, conta o jogador.
Com menos de três anos de carreira, Felipe se viu logo sendo campeão, o que o motivou ainda mais a continuar. Em seu primeiro ano, por exemplo, foi campeão brasileiro com o Vasco, clube que defende até hoje. As boas atuações no cruzmaltino o levaram a primeira convocação, em 2015. E nada de amistoso, era Copa do Mundo. Junto de seus companheiros, o jogador vascaíno voltou da Inglaterra com a terceira colocação para o Brasil.
Não demorou para o jovem jogador pintar na seleção nacional. |
Ainda em 2015, o Vasco conquistou o bicampeonato nacional, de forma invicta, com Felipe sendo eleito o melhor jogador do torneio. Ainda assim, 2016 o reservava coisas muito maiores, tornando-se o principal ano de sua carreira:
“Foi um ano especial. Com o Vasco conquistamos a Copa RJ-SP (invicto) e o Tricampeonato Brasileiro (bicampeonato invicto). Ainda no ano de 2016, mas agora pela seleção, fomos Vice Campeões do Torneio Pré-Paralímpico, em Barcelona e, a conquista mais importante até o momento, o Bronze nas Paraolimpíadas Rio 2016. Minha carreira é curta, apenas três anos, mas Graças a Deus ela já tem sido cheia de conquistas e espero que venha ainda mais”
A maior vitória da carreira foi a Rio 2016. |
Apesar das glórias, a falta de incentivo para inúmeras categorias também afeta o Futebol de 7 PC, que teve seus investimentos bastante reduzidos depois da maior competição do mundo, realizada no Rio de Janeiro. Muito disso por conta do anúncio do Comitê Paraolímpico Internacional de que os jogos de 2020 não contarão com a modalidade, por conta mesma não ter o alcance mundial requisitado pela entidade.
"A retirada dos Jogos Paraolímpicos de 2020 aconteceu, segundo o IPC, porque a modalidade não existe a prática em, no mínimo, 24 países, em três continentes. Por isso não atende as normas. Ainda não estamos tendo o reflexo da diminuição de investimentos, já que o calendário da modalidade não possui campeonatos no primeiro trimestre, vamos saber o quanto afetou apenas no fim do ano, isso se afetar alguma coisa. No Clube continua funcionando da mesma forma e com ainda mais cobranças por novas conquistas"
O Brasil nunca foi exemplo de investimento esportivo, nem mesmo nas mais difundidas categorias. As dificuldades impostas pela falta de incentivo assolam inúmeros atletas dia após dia no país, mas Felipe Rafael venceu. E não se cansa. Quer mais e mais conquistas para abrilhantar carreira que, apesar de curta, já é enorme.
Colaboração: Andrew Sousa