Raymond, o Imperador filantropo


Se já conhecia Napoleão, Robespierre e Danton, precisa saber sobre Raymond, para que conheça quem conquistou a glória dentro e fora da França, além de ter carregado consigo milhares de seguidores.

Raymond Kopa não estava sozinho entre os mais brilhantes. Andou ao lado de Just, Alfredo, Ferenc e Francisco. Foi da França à Espanha sem pedir licença e conquistou a Europa em campo aberto, com espectadores, cartolas, generais e colegas no mesmo ambiente. Inspirou Michel, Jean-Pierre e Zinedine.

Dizem que foi em meio às minas de carvão que sua genialidade se insurgiu. Assim como aquele mineral, seu poder era inflamável e sólido. Outros, acreditam que ocorreu nos arredores da província de Champagne, na cidade de Reims. Assim como a bebida local, sua qualidade era refinada, estonteante e embriagante. Alguns relatam que foi em Madrid. Assim como as touradas de lá, seu futebol era dançado, bailado e ovacionado.

Percorria os atalhos dos campos com a bola nos pés. Era capaz de enxergar cada um dos 21 homens que ali se encontravam. Consagrou muitos companheiros e desolou alguns rivais. Tudo dentro da cordialidade de um homem de méritos cardiais. Encontrar o atacante ou o ponta era missão fácil e lúdica, eis que a forma que fazia a redonda chegar em seu objetivo era, no mínimo das palavras, brincadeira. E foi na forma inteligente de se jogar que fez do futebol um esporte que se admirava aqueles que estavam na conjunção da defesa e do ataque praticando magia, seja de forma simples, em um apressado toque em profundidade, seja com complexidade, abrindo espaços entre três marcadores 20 ou 30 centímetros mais alto que seu corpo delgado.

Suécia, 1958. Fez todo o mundo mais bleus. Levou os bleus ao topo do mundo. Esteve também no trono da bola e deu aos seus compatriotas a chance de lá estarem também. Na Copa, Kopa foi quem brilhou e fez brilhar. Para seu amigo e parceiro Just, a consagração em forma de gols foi um dos detalhes que faz sua carreira tão exímia. E que capacidade de dar aos demais jogadores o brilhantismo!

Esse gesto de dação era o que lhe fazia rei. Ou melhor: imperador, baixinho como Napoleão. E para nós? O que nos deste, Raymond? Deleite e, agora, muita saudade. Descanse em paz.
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