Refém dos pulhas




Hoje, carimbado e protocolado, o registro de que o futebol é refém de uma emissora e de pessoas descompromissadas com a modalidade veio a público no clássico Atletiba.

A dupla paranaense foi impedida de fazer sua partida pela quinta rodada do Campeonato Paranaense, por não concordar com o valor ofertado pela Rede Paranaense de Comunicação (RPC), filial da Rede Globo, que girava em torno de 1 milhão de reais, pela transmissão, valor ínfimo comparado a outros estados.

Para contornar a situação arquitetada pela RPC, a ideia de Coritiba e Atlético-PR foi exibir o confronto pelo YouTube e Facebook, através de uma livestream nas páginas de ambas as equipes. A idealização dos times correu a internet às vésperas do confronto e ganhou popularidade entre os adeptos do futebol.
A transmissão estava marcada e tinha tudo para ser um passo para o desvencilhamento dos clubes com as mesmas emissoras de sempre. 


Contudo, às 17 horas do dia 19 de fevereiro de 2017, a bola não rolou. Violando frontalmente o direito exclusivo de negociar as transmissões, concebido pelo artigo 42, parágrafo 1º, da Lei 9.615/98, a déspota atitude da Federação Paranaense de Futebol restou fulcrada na inexistência de credenciais dos funcionários que ali estavam para realizar a transmissão. Uma proibição infundada, vez que os profissionais que se encontravam na Arena da Baixada eram contratados pelos próprios clubes Atlético e Coritiba.

A cena acaba refletindo a realidade do futebol subvalorizado que não pode negociar livremente seus ganhos em transmissões com a principal rede de televisão, a Globo: quando a emissora quer, ela manda e desmanda nos próprios órgãos administrativos que gerem o desporto, trazendo repudia não apenas aos torcedores coxa-brancas e atleticanos, mas a todos os que prezam pelo futebol.

O conluio entre a emissora e a federação criou ferida entre os dois maiores clubes do estado, os quais, certamente, deverão buscar seus direitos na Justiça. O embate que deveria ser entre Atlético-PR e Coritiba, acabará se tornando um Atletiba vs. FPF e RPC, que terá seu fim apenas em outras datas, e não em 90 minutos de um domingo ensolarado.
Juntos, atleticanos e coxa-brancas não puderam pelear entre si, mas travaram a batalha contra o monopólio do futebol.


Nos alto-falantes da Arena da Baixada, a informação prestada era que "O Atlético Paranaense e o Coritiba não abrirão mão dos seus direitos". Para isso, o cotejo não pôde ser realizado. Agora, o que resta é aplaudir, reverenciar e abraçar os administradores e elencos do Furacão e do Verdão. Sim! Com letras maiúsculas e possivelmente no aumentativo, pela corajosa atitude de não abaixar a cabeça àqueles que não pensam no bem do futebol, mas sim no seus próprios interesses e de toda sua patota, que, juntas, formam o circo lamentável que esporte tem se tornado.
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