Aldair Santos do Nascimento, ou apenas Pluto, como era conhecido pela torcida romanista, é a nossa Estrela Secundária dessa segunda edição. O baiano de Ilhéus iniciou a carreira profissional no Flamengo. Aos 19 anos fez sua estréia num dos melhores esquadrões rubro negros da história, da segunda metade da década de 1980, que contava com Zico, Leandro, Andrade entre outros craques que na década já haviam ganhado três Campeonatos Brasileiro, uma Libertadores e um Mundial.
Aldair fez 185 partidas pelo rubro negro, marcou 11 gols, ganhou Campeonato Brasileiro e Carioca, desfilou elegância, qualidade na saída da bola e habilidade acima da média para um zagueiro à época. No esquadrão do Flamengo, foi companheiro de Mozer, zagueiro da Seleção na copa de 1986 e 1990, e desenvolveu seu futebol a ponto de ser convocado para a copa de 1990, onde ficou na reserva durante a competição inteira, não entrou em nenhum momento mas seria uma grande experiência para a Copa seguinte.
(no segundo lance do vídeo vemos um verdadeiro golaço de Aldair, passando pela marcação e finalizando muito bem)
Já na temporada 89-90 do futebol europeu, Aldair se transferiu para o Benfica, onde ficou apenas uma temporada, entretanto, participou de 33 jogos no maravilhoso time dos Encarnados que foi campeão da Super Taça e chegou até a final da Copa da Europa (atual Champions League) perdendo “apenas” para o Milan de Rijkaard, van Basten e Gullit. A passagem, embora curta, foi ótima para Aldair, que logo conseguiu uma transferência para o campeonato que à época era a liga mais forte do mundo, o campeonato italiano. Times como Milan e Juventus detinham verdadeiros esquadrões, e mesmo os times mais fracos nacionalmente, como era a Roma para onde Aldair se transferiria, montavam times de excepcional qualidade, tanto que logo em seu ano de estreia, o brasileiro viria a ganhar seu primeiro troféu pelos Giallorossi, uma Copa Itália, vencida contra a grande equipe da Sampdoria, que foi campeã italiana na mesma temporada. Infelizmente, esse foi o único título conquistado por Aldair na Roma nos anos 1990, no entanto, conseguiria a glória pela seleção brasileira.
Aldair fora convocado para jogar a Copa de 1994, primeiramente como reserva de Ricardo Gomes, que jogou ao seu lado no Benfica, e de Ricardo Rocha. Ricardo Gomes, porém, foi cortado, dando lugar no time titular para Márcio Santos, o reserva imediato, entretanto, logo no primeiro jogo da seleção contra a Rússia, Ricardo Rocha sentiu uma lesão e foi substituído por Aldair, assim iniciaria a história da seleção brasileira que foi campeã com uma zaga reserva. Em minha humilde opinião, o ponto alto da passagem de Aldair pela seleção, talvez o mais icônico, fora nas quartas de final, contra a Holanda. No inesquecível gol do “Vai Romário” é mais comum que lembremos apenas do cruzamento de Bebeto para a chapada num pequeno pulo do baixinho, mas, como mostra o vídeo abaixo, a jogada começa num lançamento de 50 metros de Aldair, que acha Bebeto livre. Isso é apenas um relance da enormidade do zagueiro, que possuía técnica incomum.
(Aldair faz um lançamento espetacular para um dos gols mais icônicos da história da seleção)
Durante seus 13 anos como giallorossi, Aldair ganhou também o scudetto na temporada 2000-2001 e a SuperCopa na temporada seguinte, onde já se encontrava em declínio técnico, resultando na sua despedida do clube da capital em 2003. Seu jogo de despedida é conhecido como Aldair Day e é muito lembrado na cabeça dos mais aficionados pela Loba da Capital. Na Roma, Aldair recebeu o apelido de Pluto, pela sua semelhança com o personagem da Disney, jogou 415 jogos, fez 20 gols, ganhou três títulos e foi eternizado. Posteriormente teve sua camisa lendária, a número 6, aposentada. Para depois retornar ao uso vestindo o holandês Kevin Strootman, após pedido do próprio Pluto.
Aldair Day e a faixa: Roma te aclama, A Sud te venera. |
O fim da trajetória de Aldair na seleção foi um tanto melancólico. Em 1996, na Olimpíada de Atlanta, ao lado de Bebeto e Rivaldo era um dos acima dos 23 anos permitidos, isso fez ele ser um dos maiores culpados pela derrota na semifinal, terminando, no entanto, com um digno bronze. Mais adiante, na Copa do Mundo de 1998 foi importante na campanha finalista, mesmo sofrendo com crítica de parte da população e imprensa devido ao “fiasco” vendido nas Olimpíadas nos EUA. A carreira de Aldair na seleção só foi terminar nos anos 2000, após um erro crasso contra o Uruguai nas eliminatórias para a Copa sob o comando do problemático time do Luxemburgo.
Após sair da Roma, Aldair vestiu as cores da Genoa por uma temporada, do Rio Branco-ES a pedidos de sua mulher e do desconhecido Murata de San Marino, a convite de um amigo, onde oficialmente se aposentou. Mas a qualidade de Aldair era tamanha, e de fato ainda é, que rotineiramente ele pratica futevôlei, inclusive sendo campeão da liga nacional pelo Flamengo.
Um dos maiores zagueiros da história do Brasil, certamente o maior da história romanista, o tímido pluto escalou na história do esporte com habilidade, tranquilidade, trabalho e muitas críticas, principalmente na seleção brasileira, onde contribuiu por 11 anos. Em seu currículo ele acumula: 1 Campeonato Samarinês, 1 Campeonato Carioca, 1 Campeonato Brasileiro, 1 Supertaça de Portugal, 1 SuperCopa da Itália, 1 Copa Itália, 1 Campeonato Italiano, 1 Medalha de Bronze Olímpica, 2 Copas América, 1 Copa das Confederações e 1 Copa do Mundo. Certamente uma carreira gloriosa de mais uma Estrela Secundária.