A perna de Robben parece ter atravessado a eternidade até o chute, travado por Mascherano. |
Existem momentos na vida que parecem durar eternidades. Como se cada milésimo de segundo fosse um século e o tempo parece estar parado.
Provavelmente, existem teorias-físicas-quânticas que comprovam tal fato. Com o advento da teoria da relatividade, o tempo virou algo flexível e distorcido. Ele se deforma. Vai, vem, sobe, desce, estica e afrouxa. E o tempo, nobre vilão de todos os homens, faz momentos parecerem eternos. Ou, em alguns casos, rápidos demais.
O momento anterior ao beijo é um claro exemplo disso. A troca de olhares, a respiração nervosa de um alcançando os sentidos do outro, o toque macio das faces, o ato de fechar os olhos, o encontro de lábios. Talvez tal explicação faça a beleza de um beijo se perder em meio a termos indecisos e palavras inexatas. Talvez. Mas o tempo faz os momentos que antecedem um beijo serem eternos. E faz o ato ser curto. Curto demais para o que representa.
Assim também é no futebol. Claro, querido leitor, que um texto sobre as sacaneadas que o tempo faz com os homens ou como um beijo funciona não estaria nesta página digitalizada. É um espaço para falar de futebol. E falaremos.
As vibrações da torcida atingem até a mais ínfima célula do ser. O barulho de ansiedade se mistura com os gritos apressados de torcedores empolgados. Durante um milésimo de segundo, enquanto a perna do atacante se suspende no ar e milhares de pessoas esperam pelo arremate, um filme sobre a história da vida de cada um passa por cada cabeça presente e pensante no estádio.
Um silêncio imaginado paira pelo ar e ataques cardíacos momentâneos atingem a grande massa. Psicodelias coletivas e histerias generalizadas acontecem e o sonho comum de todos se encontra no ar com uma clareza matemática de sua existência.
E a perna desce. E o momento subsequente dura menos do que deveria.