Sinisa Mihajlovic foi, talvez, um jogador completo. Boa técnica, bom poder de marcação, excelente nos passes longos e genial nas cobranças de faltas. Versátil, jogou como zagueiro, meio campista, líbero ou lateral esquerdo. O sérvio-croata começou a carreira jogando pelo Vojvodina sendo peça essencial de uma equipe que venceria o campeonato iugoslavo frente a uma das melhores equipes da história do Estrela Vermelha. Anos depois, Sinisa assinou contrato com o próprio Estrela Vermelha, como pedido do seu ex-treinador Ljupko Petrovic. A equipe tinha perdido seu principal jogador, Dragan Stojkovic, mas tinha craques como Prosinecki, Savicevic e Jugovic, além do artilheiro Pancev.
Jogando no meio campo da equipe de Belgrado, era um ponto de equilíbrio, dando qualidade na saída de bola e ao mesmo tempo uma proteção eficiente, além da sempre precisa bola parada. E foi assim que Mihajlovic foi bastante importante na temporada de ouro do Estrela Vermelha. A equipe venceu naquela temporada a última edição do campeonato iugoslavo antes da independência de Croácia e Eslovênia, com ampla vantagem para os rivais. A temporada também teve a maior conquista da história do clube ao vencer o Olympique de Marseille. Sinisa foi essencial ao marcar um gol na semifinal contra o favorito Bayern. Além disso cobrou a falta que após um gol contra classificou a equipe para a final europeia. Na final decidida nas penalidades, ele também converteu sua cobrança.
Porém em 92, com a crescente instabilidade do país aquele esquadrão se desmancharia e Mihajlovic se transferiu ao futebol italiano. A Roma foi a equipe que resolveu contar com o jogador de chute potente, marca essa que passou despercebida pelos Giallorossi. Passagem de certo modo discreta, acertou dois anos depois mais uma transferência, agora para a Sampdoria.
A passagem pela Samp foi marcante, Mihajlovic deixaria de jogar no meio para jogar na lateral e depois na zaga, apresentando bom nível nas duas funções. Acabou não conquistando nenhum título, mas deixou saudades. Anotou 20 gols em 110 jogos e em 1998 outra transferência seria acertada para a forte equipe da Lazio que contava com estrelas como Mancini, Nedved, Vieri, Nesta, Stankovic e Salas. Comandado pelo sueco Sven-Göran Eriksson, foi peça importante também nos anos de ouro da Lazio.
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| Na Lazio, o jogador viveu um de seus grandes momentos. |
A primeira temporada entretanto, acabou de forma amarga, já que os Laziale que chegaram a ficar 17 rodadas invictos perderam o título por apenas um ponto para o Milan. Nessa temporada houve uma atuação marcante para Sinisa. Contra seu ex-clube, a Sampdoria, Mihajlovic marcou 3 gols de falta na mesma partida, atuação que até hoje é lembrada ao se referir ao jogador. Mas a temporada não seria um desastre, após a conquista da Supercoppa Italiana contra a Juventus.
Com o jogador a equipe seria campeã da última edição da Recopa Europeia, com vitória diante do Mallorca e na temporada seguinte também venceria o favorito Manchester United na Supercopa da UEFA ao iniciar a temporada 99/00. Na Copa da Itália da mesma temporada, vitória contra a Internazionale, partida que ficaria marcada pela primeira grave lesão de Ronaldo. Porém, nenhum título foi mais marcante que o Scudetto. Campanha irretocável, sem sucumbir, com importantes vitórias contra Roma e Juventus. Mihajlovic viveu ali seu auge como jogador. Ao lado de um brilhante Nesta, Mihajlovic se mostrou eficiente na cobertura, iniciava a saída de bola com grande precisão, seja em passes rasteiros ou no lançamento. Além do brilho nas bolas paradas que fizeram ele marcar 7 gols em 26 jogos que disputou naquela campanha.
Na temporada 00/01, a última conquista pela Lazio. Uma Supercoppa, com um gol marcado por Mihajlovic na final que terminaria em 4 x 3 contra a Internazionale. A equipe perderia força após a saída do técnico Eriksson e em 2004 já em decadência se transferiu para a Inter comandada pelo seu ex-companheiro de clube Roberto Mancini.
Pelos Nerazurri foi um reserva de luxo, mas que mostrou sua importância em alguns momentos. Evitou uma desclassificação na UEFA Champions League frente ao Porto com dois gols e também marcou o gol de falta que definiu o título da Copa Itália de 04/05 contra a Roma. A aposentadoria veio em 2006 e Sinisa Mihajlovic passou a trabalhar na comissão técnica da Inter. Atualmente é treinador do Torino.
Mihajlovic não foi nenhum craque. Dificilmente será lembrado ao se perguntar quem foram os melhores zagueiros, ou laterais ou volantes dos anos 90. Porém, não deixa de ter sido um ótimo jogador, brilhante jogando pelo Vojvodina, Estrela Vermelha, Sampdoria e Lazio. Brilhante nos lançamentos e na bola parada, foi peça importantíssima em conquistas dessas equipes.