Representatividade no caminho das mudanças


Rogério Ceni é considerado pela imensa maioria, se não todos, como o maior ídolo do São Paulo Futebol Clube, mesmo não sendo, para muitos, o melhor goleiro da história do clube. Após mais de 20 anos de serviços prestados ao tricolor, se aposentou dos gramados no fim de 2015 e após um ano inteiro de estágios na Europa (visitas aos CTs de Liverpool, Chelsea, Leicester, Sevilla), decidiu tornar-se técnico do clube que dedicou praticamente toda sua carreira futebolística.                            
 Rogério Ceni - Etihad Stadium, estádio do Manchester City (2016).
Em 2012, em um jogo da Copa Sul-Americana no Morumbi contra a LDU de Loja (ECU), onde ocorreu o empate por 0x0, sabendo que o time precisava do resultado, Ceni pediu a Ney Franco que escalasse o meia Cícero (hoje de volta ao elenco são-paulino) no segundo tempo, pois sempre foi um ótimo cabeceador, mas o treinador da época optou por William José que era o centro-avante reserva, causando uma pequena polêmica interna e por parte da imprensa. Com esse caso, muitos começaram a observar uma pequena aptidão de Rogério Ceni como um futuro técnico.

"Todos tem treinadores, só o SPFC tem Rogério Ceni". Frase semelhante com a que era muito usada pelos torcedores do São Paulo, fazendo alusão que Ceni era um goleiro acima dos outros, que ninguém tinha um igual, mas e agora? só o São Paulo terá um treinador como Rogério Ceni? O que se pode esperar do ex-goleiro?

Torcedores, diretores e as vezes até jogadores criaram o hábito de colocar no treinador a maior parcela de culpa por resultados ruins, não que muitas vezes não seja, mas dando a impressão que ele é o pilar de tudo, fazendo até que jogadores se unam contra o comandante da beira do gramado. Será que com o ídolo tricolor vai ser assim?




Rogério Ceni tem mais do que a dura missão de fazer o São Paulo voltar aos tempos de glória (já são quase 5 anos sem título, 12 anos sem campeonato estadual), fazer com que a cultura dos técnicos no Brasil mude, que saiam da famosa zona de conforto, os conceitos e ideias precisam ser renovados. Dorival Júnior, Tite, Roger Machado são outros exemplos de que está na hora dos técnicos saírem da sua casinha (não só com a bola rolando).

O ex-goleiro não tem o poder de obrigar cada um a ir para fora do país se reciclar, mas com toda mídia, prestígio e idolatria que tem, se as vitórias vierem convincentemente, se tornará um grande incentivo. Outro desafio para Ceni é ser treinador da instituição que mais ama em sua vida, podendo se tornar um novo Alex Ferguson (ídolo indiscutível do Manchester United e pra alguns considerado até como maior treinador da história do futebol) ou um novo Falcão (maior ídolo da história do S.C. Internacional, que teve sua idolatria "arriscada" por uma ruim passagem como treinador).

Rogério coleciona inúmeros recordes, só de gols são aproximadamente 130, curiosamente, mais gols do que alguns jogadores bem conhecidos no velho continente, como Mario Balotelli, Andy Carroll e Máxi Lopez; o que isso tem a ver com a carreira de técnico? Além de todas essas estatísticas a favor do ex-atleta, Ceni sempre teve a personalidade muito forte, fazendo com que fosse criada uma fama de arrogante, principalmente por torcedores rivais. Portanto, como ser aceito em uma profissão que nem pessoas "normais" do futebol conseguem ser aceitas? Onde o velho Professor Pardal, o burro, o limitado estão sempre presentes.
 Pré-temporada de Rogério Ceni no comando do clube, Flórida-EUA.



Rogério Ceni não será apenas um treinador do São Paulo Futebol Clube, será também uma das maiores representatividades no futebol do país. O ex-goleiro pode ser mais um dos bons profissionais que surgem no país, e fomentar ainda mais a ideia da necessidade de estudo e preparação, ainda rejeitada por alguns.
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