Uma das maiores obsessões do ser humano é, sem dúvida, comparar coisas. No futebol não é muito diferente. A todo o momento tentamos comparar grandes jogadores. Quem jogou mais bola? Quem foi maior? Quem dribla melhor? Algumas respostas, por mais que variem de acordo com opiniões e gostos pessoais, são mais fáceis de obter que outras.
Com o acréscimo da tecnologia no jogo, hoje qualquer pessoa
portando um computador ou celular com internet pode acessar sites como
Whoscored que são grandes bancos de dados repletos de estatísticas de qualquer
jogador que joga em uma grande liga. Mas, numa comparação, esses dados são
suficientes? O futebol talvez seja o
esporte coletivo mais imprevisível do mundo. Existem inúmeras variáveis que
influenciam direta e indiretamente no jogo e nem todas podem ser descritas por
números “frios”.
Se não podemos nos basear apenas por números, podemos usar
os feitos, os títulos. Seria essa uma boa alternativa, certo? Até certo ponto sim, é. Grandes jogadores
geralmente são protagonistas de grandes times e ganham títulos. O problema
reside no fato de que os títulos são coletivos e nem sempre definem a qualidade
de determinado jogador que nem sempre é realmente tão bom. Até os prêmios
individuais (como bola de ouro e artilharias) tem um peso coletivo por trás já
que o time limita ou potencializa o desempenho de um jogador. Ninguém ganha
nada sozinho. O grande trunfo dos feitos
individuais e coletivos na comparação de atletas é medir a grandeza destes já
que atletas com carreiras mais vitoriosas e longevas são maiores pro futebol
que atletas que tiveram carreiras menos gloriosas.
Outra forma seria “particionar” os jogadores em atributos
para assim compará-los. Uma maneira à Football Manager, jogo de simulação
extremamente realista que é utilizado até por olheiros na descoberta de
talentos na vida real. Jogadores com mais recursos, com melhor técnica e mais
velocidade seriam melhores que jogadores menos técnicos e mais lentos? O
problema é que nem sempre isso é verdade. Como exemplo poderíamos usar um
comparativo entre Thomas Mueller e Ben Arfa. O primeiro é menos técnico
que o segundo, sendo chamado inclusive de grosso algumas vezes. Mas quem você
escolheria para o seu time? Eu escolheria o alemão sem dúvidas. Outra
dificuldade existe por um fator óbvio: diferentemente do mundo dos games, os
jogadores não possuem um perfil com suas habilidades listadas e indexadas e
alguns “stats” como a inteligência do jogador são um tanto subjetivas.
A "ficha"
de Maldini em um jogo da série Football Manager.
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Baseando-se nisso tudo, podemos organizar os jogadores em
“prateleiras” que separariam os jogadores de acordo com o patamar que
alcançaram de forma relativamente tranquila. Já a comparação individual é muito
influenciada por gosto pessoal e nunca é absurda desde que esteja baseada num
conjunto de argumentos e eles estejam na mesma “prateleira”. No caso de Romário
e Ronaldo, dois jogadores de uma mesma “prateleira”, a resposta para “Quem foi
melhor?” vai depender apenas de para quem você pergunta.
Se o futebol fosse
uma ciência, definitivamente esta seria complexa a ponto de superar uma única
área. Seria um misto de exatas, humanas e biológicas.