José Alves dos Reis, novo gestor de futebol do tradicional Nacional, do Amazonas, tem uma carreira muito interessante no cenário nacional, tendo trabalhado em clubes de São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina, por exemplo.
Formado em administração de empresas, começou a trabalhar na área do marketing esportivo em 2001, ficando até 2003 na empresa Brazil Soccer. Foi aí que, por meio de um convite do Rio Claro, surgiu a oportunidade de entrar de vez no meio do futebol. A equipe, que estava na serie A3 do estadual na época, fez uma parceria com o Pohang Steelers, da Coréia, e trouxe José para implantar uma gestão profissional no clube.
"Foi um ano e meio de trabalho e uma semente plantada. Três anos depois o Rio Claro estava na Serie A1 do Paulistão. Além disso, aprovamos nomes como o Felipe Santana, ex-Borussia Dortmund e agora no Atlético Mineiro, em uma de nossas peneiras. Fomos nós que assinamos o primeiro contrato profissional dele"
Depois dessa primeira experiência, a gestão de futebol virou profissão para José. Ainda no interior de São Paulo, num município muito pequeno, ele fez um trabalho muito interessante no até então desconhecido Osvaldo Cruz. A equipe conseguiu dois acessos e teve repercussão interessante na época, mesmo estando situada em uma cidade com pouco mais de 30 mil habitantes.
"Fomos vice campeões da segunda divisão paulista, em 2005, subindo para a serie A3, e em 2006 subimos para a A2. A cidade tem apenas 30 mil habitantes, mas conseguimos fazer um grande trabalho e ter muita repercussão na época"
Feito seus primeiros trabalhos em terras paulistas, onde nasceu, rumou ao Rio de Janeiro, onde vive há mais de 20 anos. Por lá, iniciou sua jornada na Cabofriense, onde esteve em 2007, 2008 e 2009. "Desse trabalho, saiu o André para o Santos, além do Alisson, hoje grande promessa do Cruzeiro, que também saiu da nossa base", conta José.
Ao fim do primeiro trabalho em solo carioca, foi a vez do Boavista se interessar pelo ótimo trabalho de José. No clube, foram dois anos como gestor e um vice-campeonato da Taça Guanabara no currículo, quando a equipe perdeu para o Flamengo, no Engenhão.
O bom trabalho no Rio abriu uma oportunidade em Santa Catarina, onde permaneceu como gerente do Criciuma durante a serie B de 2011. Terminado seu contrato no sul do país, voltou ao Rio, onde assumiu o Bangu e fez uma campanha histórica.
"O Bangu vivia um momento muito difícil. Eram sete derrotas no primeiro turno e nós assumimos no começo do segundo. Conseguimos fazer algumas contratações como Almir, Thiago Galhardo e Santiago, conseguindo dar uma guinada, considerada histórica até hoje. Chegamos a semi-final do segundo turno contra o Botafogo de Loco Abreu. Então, uma equipe virtualmente rebaixada acabou chegando a semi final, uma arrancada muito marcante."
Antes de chegar ao Nacional, ainda passou pelo Mogi Mirim, "equipe que revelou vários jogadores para times maiores. Acabamos perdendo a semi final nos pênaltis para o Santos de Neymar, Edu Dracena e companhia", disse o dirigente.
O gerente acumula uma série de bons trabalhos durante sua carreira. |
Em 2014 foi gerente de futebol do América, do Rio de Janeiro e no ano seguinte assumiu a Portuguesa de Desportos, onde foi responsável pela montagem da equipe que caiu nas quartas de final da série C daquele ano.
"Quase conseguimos o acesso. Montamos uma equipe barata, com uma folha de 200 mil reais na época, com o treinador Junior Lopes, que depois saiu e deu lugar ao Estevam Soares"
Depois de rápida passagem pelo Inter de Lages, em Santa Catarina, chegou ao final de 2016 no Nacional, tradicional equipe do Amazonas em décadas passadas e que visa maior profissionalização com um profissional como ele.
"Recebi o convite do Nacional, que estava mudando de presidência e, consequentemente, de modelo de trabalho. O presidente é um empresário do ramo de marketing, que tem uma visão considerável, já que a empresa dele trabalha com várias marcas, inclusive a CBF aqui no norte do país. E ele é um cara de mercado. O futebol hoje virou um negócio, muito caro, por sinal, e o grande problema do Nacional no ano passado foi esse. O clube tinha uma folha de 400 mil reais pra disputar Serie D, Copa do Brasil, Estadual e Copa Verde no calendário. Mesmo com uma folha igual a do Atlético Goianiense, campeão da serie B, não conseguiu ganhar nada. Além disso, a grandeza do clube, no norte do país, numa cidade grande como Manaus, também foi um dos atrativos"
Visando, então, diminuir gastos e aumentar competitividade, José precisa se virar com muito pouco para montar seu elenco. O segredo, para ele, é a criatividade e o relacionamento com os demais times. Prova disso são algumas das contratações que o Nacional já fez nessa temporada.
"Consegui trazer o Alexsandro, da base do Bahia e que se destacou na URT, de Minas, em 2016.Ele me foi indicado pelo Guto Ferreira, com quem trabalhei no Criciúma e tenho bastante contato. Trabalhamos também em outros nomes, na base do relacionamento. O Boavista, por exemplo, montou um time bem forte e liberou três jogadores com salário pago por empréstimo para a gente. Com isso, me abre uma possibilidade de trazer mais atletas. Eu tenho meu mapeamento próprio de jogadores, independente do clube que eu esteja, eu procuro mapear o mercado da B, C e D. Aí dependendo do clube que você vai, tem os atletas dentro da realidade salarial"
Para José, o relacionamento é uma das chaves para o sucesso nesse meio. |
No clube, José tem todo o incentivo para implementar métodos e processos que, na visão dele e de sua comissão, modernizem e ajudem o Nacional a se restabelecer no cenário nacional. A tarefa não é fácil, mas ele já provou durante toda a carreira que é capaz de fazer um grande trabalho mesmo longe dos holofotes. Como um "Alexandre Mattos dos pobres", José tem de ser criativo e bem relacionado para fazer o melhor possível nos clubes que assume. Um trabalho brilhante e que, infelizmente, passa despercebido pela grande mídia.