Os (possíveis) substitutos

Um já não é o mesmo, enquanto o outro parece cada vez mais longe do Camp Nou.

Um das mais emblemáticas entidades recentes do futebol mundial é o tal Meio-Campo do Barcelona. Em seu auge, o tridente composto por Busquets, Xavi e Iniesta encantou todo o mundo devido a sua enorme capacidade de troca de passes e de armação de jogo.

Após sofrer reformulações, o meio-campo foi dividido. Xavi, em seu declínio, saiu de cena, dando espaço para Rakitic, um nobre empregado (se assim permitirem dizer) para um meio-campo cujas referências técnicas são claramente Busquets e Iniesta. Porém, a presença de Rakitic acusa outro fato: o Barcelona passara a ter em sua última linha o foco principal de jogadas. Afinal, não é qualquer equipe do mundo que tem a qualidade que Messi, Neymar e Suárez dão ao ataque do Barça.

Em suma, o meio-campo do Barcelona tem como principal função (na fase ofensiva) a organização do jogo (exercida magistralmente por Busquets) e a "entrega" da bola para o trio MSN, posicionado, geralmente, entre as linhas de marcação adversárias, sendo apoiado pelos laterais. É tanto isso que uma das maneiras de se neutralizar o fantástico ataque dos culés é utilizando de uma marcação-pressão altíssima, algo que impediria Iniesta (principalmente) e Rakitic de entregarem a bola aos atacantes.
O volante espanhol segue desempenhando muito bem sua função. Os parceiros de meio campo, no entanto, podem ser problemas.

No entanto, adversidades chegam. Iniesta não é mais o garoto que já fora outrora, a idade bate a porta. Cada vez mais lento e, de vez em quando, um pouco sonolento e omisso, está claro que seu auge já passou. Enquanto isso, o belíssimo operário Rakitic sofre sondagens de equipes como a Juventus e sua saída da Catalunha parece cada dia mais próxima.

"Mas e as opções no banco?" você pode pensar. Bom...

André Gomes não é unanimidade, não mostrou seu valor (seu riquíssimo valor, na verdade) no Barcelona ainda; Turan é um belo jogador, mas no meio-campo parece meio distante; Sergi Roberto é imaturo e pouco qualificado para o trabalho e Dênis Suárez, me desculpem, mas é um senhor água de salsicha. O que fazer?

Basta recorrer a um velho amigo. Bem, ao menos indiretamente. É notório que o Barcelona e o Ajax mantiveram uma boa relação ao longo da história: Johan Cruyff, Johan Neskeens, Frank Rijkaard, Rinus Michels, Bojan, Louis Van Gaal, etc. Certamente os godenzonen da terra-onde-o-mar-engole-as-casas têm alguma ajuda a oferecer.

E eu diria que sim, eles têm. A começar com o substituto de Iniesta: Christian Eriksen, jogador formado nas categorias de base do Ajax e atual jogador do Tottenham. Sim, Eriksen possui qualidade, talento e consciência tática suficiente para jogar numa equipe do tamanho do Barcelona. Sua experiência no Ajax e seus anos com Pochettino (um bielsista de primeira) o garantem uma bagagem intelectual e técnica tamanha que não seria uma surpresa se o dinamarquês pintasse na Catalunha. Basta lembrar de suas virtudes: a falta bem batida, uma qualidade tremenda nos passes, lançamentos geniais, raciocínio rápido, excelente drible e boa finalização. Além de algo que destoa um pouco de seu antecessor Iniesta: a ambidestra.
O substituto do lendário Iniesta?

Mas e Rakitic? Sua vitalidade, presença em campo, capacidade de ocupação de espaços e a tal da habilidade em "carregar o piano" seriam comparáveis a qual jogador cujo passado ou presente é ligado ao Ajax? A resposta de tais perguntas carrega os três X de Amsterdam no braço. O capitão do Ajax, Davy Klaassen, cuja liderança, fé, raça e disposição assustam até o mais catimbeiro dos uruguaios (obtidas com sucesso no curso intensivo Siem De Jong de formação de jovens capitães), tem um estilo de jogo semelhante ao do croata. Intenso e tático, conta ainda com armas técnicas suficientes para segurar qualquer problema maior.

Obviamente, tais jogadores citados como alternativas aos atuais mestres da meiuca catalã precisam ser mais bem lapidados. Nada que treinamentos, lições e uma boa dose da filosofia Barcelona não consigam fazer. Os jogadores foram escolhidos de acordo com suas características em campo, não pelo nível do futebol apresentado (a dupla do Barça possui um futebol bastante acima de ambos). No entanto, é no futuro que se pensa.

Estaria o futuro do Barcelona, mais uma vez, nas mãos do Ajax de Amsterdam? Estaria esta centenária instituição mais uma vez gerando craques que seriam utilizados pelos catalães? Somente o mercado da bola dirá.
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