Hoje, logo após o almoço, fiquei pensando na época em que nesse exato momento, já estaria planejando com os amigos a partida de futebol daquela tarde e, com sorte, da noite também. Esse é um ritual que pratico, no mínimo, quatro vezes por semana. Tínhamos o dia inteiro para isso, sem maiores preocupações. O local? Pouco importava, podia ser na casa de alguém, no meio da rua (gol feito por chinelos e joelhos ralados/dedão estourado no fim do dia), ou na quadra do condomínio. O importante era a bola e, de preferência, times equilibrados, para termos um espetáculo garantido. O sentimento nostálgico com a infância é muito comum e gostoso, ainda mais quando conseguimos trazer um pouquinho disso para nossa adolescência e vida adulta.
Quem nunca fingiu ser um jogador consagrado enquanto
jogava? “Enquanto os goleiros bradavam “DIIIDA”, ‘ROGÉÉRIO” e “MAARCOS” em cada
defesa que faziam, nós, jogadores de linha, decidíamos se iriamos ser Zidane,
Kaká, Ronaldinho ou Ronaldo. Quando cada um já tinha para si o jogador que
“queria ser”, começava um espetáculo de passes virando os rostos e artilheiros
comemorando um gol balançando o dedo indicador, sempre com um sorriso no rosto. E ainda com todas as brigas, as quais geralmente ficavam apenas dentro de campo, sempre sabíamos que no final todos voltariamos a ser amigos.
As histórias vão além do tradicional jogo de futebol, 11x11,
5x5 e derivados. As brincadeiras relacionadas eram tão boas quantos. Só aqueles
que nunca brincaram de futebol na piscina, campeonato de duplas jogando com
tampinhas de cerveja, escorregar na quadra em dias chuvosos e a bela partida de
tênis usando os pés e bolas de futebol. Até
as memorias mais seletivas, aquelas piadas internas que ninguém mais entende.
Tudo em torno do belo futebol. Aqueles que já pedalaram um limão numa festa
irão entender isso.
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| A merecida recompensa por uma vitória: um refrigerante gelado e zoação pra cima dos amigos. Vale mais que taça. |
Mesmo após esse relato, continuará a ter bobalhões e leigos
que vociferarão que o melhor futebol do mundo é praticado em arenas modernas,
campeonatos oficiais e por jogadores consagrados. Coitados, nunca entenderão. A
velha pelada descompromissada e inocente, valendo garrafas de coca cola para o
vencedor, continuará a ser a melhor e mais emocionante partida de futebol.