A busca desmedida pelo impacto



No mundo atual, somos consumidos e direcionados a consumir conteúdo o tempo inteiro, seja abstrato ou concreto, a busca pela moda, pelo “boom” é uma meta que alguns perseguem com certa obsessão. No futebol não é diferente.

O marketing tem alcançado um nível de importância que talvez nunca antes tenham sequer pensado que poderia ter, clubes cultuam e pesquisam formas de viralizar pela internet afora com hashtags, símbolos e frase de efeito.

Algumas instituições chegam a ficar tão famosas que se torna perceptível que seu tamanho nas redes sociais e jornais já ultrapassou a dimensão real do clube. Como o Íbis por exemplo, que usou por muito tempo a alcunha de “pior time do mundo” como uma coisa boa, uma ação de marketing que fez e faz até hoje, que pessoas de todo o Brasil simpatizassem pelo clube, chegando ao ponto de ficarem com raiva caso o clube começasse a vencer as partidas, algo muito bizarro de se pensar.
Pior que a ação realmente deu certo.
Como hoje vivemos em uma sociedade globalizada, uma ação bem feita anda paralelamente na mesma diretiva do lucro, gera dinheiro. E como sabemos, dinheiro move não só o futebol, como o mundo, não se discute com o lucro, teoricamente.

Porém, moralmente há alguns limites nesta busca por manchetes implacáveis. A tradição e a identidade de um clube, essas devem sempre ser preservadas como patrimônio histórico da instituição. E é aí que entra a mais nova mudança radical no escudo da Juventus.

Não é novidade para ninguém que os clubes ao longo dos anos mudam seus escudos, sempre foi assim. Na maioria das vezes são pequenos detalhes e correções que torna o design algo mais moderno, intuitivo e marcante. Em algumas exceções, a mudança é mais radical porém justificável, como com o Manchester City que teve o apoio da maioria dos seus torcedores na mudança recente que efetuou no seu emblema.

Com a Juventus, segundo Allegri, se trata de aproximação na busca por novos patamares. Declaração que pode ser interpretada de maneiras diversas, tão relativa que parece evasiva a ponto de não sanar nenhum dos porquês questionados pelo torcedor. A revolta de adeptos e simpatizantes por todo o mundo já ecoa nas redes sociais da Juventus e a repercussão negativa disso ridiculariza o clube italiano perante seus rivais, não havia a necessidade dessa mudança, mesmo com a clara proposta de universalização do J como algo característico da Juventus.

O design tenta passar simplicidade e glamour com os traços leves e curvas sutis apenas em tons de preto e branco, mas a realidade é que parece o logotipo de uma fornecedora esportiva, algo que eu esperava ver estampando um chaveiro, uma caneta ou até mesmo uma caneca, não a blusa de uma das maiores instituições do mundo.

Infelizmente, nem sempre o impacto que se procura, é o impacto que se acha. Fica a nossa torcida para que nos próximos dias, essa afronta se revele como uma ação de marketing reverso, que mesmo ainda ridícula, tiraria um peso das costas do juventino que toda vez que visualiza a foto de perfil do seu time do coração, vê nela um J estranho desenhado por uma criança de 5 anos.
Compartilhar: Plus