Tratando de futebol, o inicio de carreira nunca é algo
fácil. Arghus que o diga. O zagueiro, hoje no Excelsior, da Holanda, chegou a
cogitar a possibilidade de desistir de seu maior sonho: jogar bola.
No entanto, apesar de todos os percalços enfrentados, a perseverança
e força de vontade sobressaíram. Aos 17 anos foi aprovado em uma peneira do
Atlético Paranaense, onde, dentre centenas de garotos, foi o único selecionado.
Desse modo, passou a residir em Curitiba, onde ficou por um ano usufruindo
de uma estrutura fantástica para trabalhar.
Após a ótima passagem pela capital paranaense, o jogador
sentiu necessidade de respirar novos ares e dar continuidade a sua trajetória,
rumando, assim, para o Rio Grande do Sul, onde fez uma excelente temporada pelo
time B do Juventude, despertando interesse do Reggina, da Itália. Arghus
aprendeu muito em terras europeias, porém, uma lesão grave de ligamento acabou
atrapalhando o percurso do zagueiro. Com isso, acabou retornando ao Brasil para
se tratar, com a promessa de que retornaria a terra da bota assim que se
recuperasse. Não foi bem assim:
“Aprendi muito como jogador, tática e cultura. Fiquei
emprestado por um ano, me lesionei e me mandaram de volta ao Juventude para
tratar meu joelho e posteriormente retornar para lá, contudo, não fizeram a
opção de compra, nem mesmo me deram uma satisfação e acabei operando meu
menisco e retornando aos juniores do Juventude, com o qual ainda havia
contrato.”
Mesmo sem contar com o apoio dos italianos, recuperou-se
rápido no Juventude e logo assumiu a faixa de capitão da equipe que ficou em
terceiro lugar do Gauchão sub-20. Após a boa campanha, o zagueiro foi promovido
ao time principal e deu inicio a sua carreira como atleta profissional. No
entanto, mais uma vez, as coisas não correram como ele esperava.
“Não foi como gostaria, fui pouco aproveitado e comecei a
rodar pelo Brasil por times de menor expressão. Até que, em 2010, fui para o
River Plate, de Sergipe. Lá fui bicampeão estadual e fui observado por um manager,
que me levou ao NK Maribor.”
No River, os primeiros títulos e proposta da Europa. Começava a sua história fora do país. |
Finalmente, no ano de 2011, a história de Arghus começou
para valer na Europa. E esse início não poderia ter sido melhor. Na equipe
eslovena, o zagueiro recebeu oportunidades de imediato e o gol na estreia já
dava bons sinais do que seria sua passagem pelo país.
“Na minha estreia fiz um gol e sabia que seria um bom ano,
mas não sabia que seria tão maravilhosa minha trajetória nesse clube. Joguei
três Ligas Europas e uma Champions League. Estou na história do clube com 9 títulos
em 4 anos. Tenho um enorme respeito pelo clube, está no meu coração em com
certeza, por tudo que fiz e conquistei por lá acho que foi meu ápice até
então.“
Arghus com um caneco. No período em que esteve no Maribor, foi rotina. |
Brilhando na Eslovênia, era impossível não aguardar por
oportunidades em centros de maior destaque. A primeira proposta foi do Braga,
de Portugal, que lhe abriu as portas para mais um desafio. Em que pese a
passagem pouco memorável pelo clube, devido às raras escalações, ela foi
importante na preparação para sua grande chance: jogar no Excelcior, da
Holanda.
“Aceitei esse desafio
para ter mais oportunidades em campo e voltar a estar em evidência. O clube fez
um grande esforço para me trazer e eu sinto o carinho que mostram por mim diariamente.”
As poucas oportunidades no Braga o motivaram a ir em busca de outro desafio. |
O carinho demonstrado por clube e torcida, tão importantes
para o zagueiro, tornaram-se seu esteio diante das adversidades vividas
atualmente. Arghus, que contundiu-se seriamente ainda nos primeiros jogos pelo
Excelcior, afirma que todo o apoio que tem recebido é primordial na sua
recuperação.
Contando com o amparo do time holandês e sua torcida, o
jogador vem se esforçando para retornar aos gramados. Entretanto, nega qualquer
intenção em retornar aos nossos, pelo menos por agora. Voltar a jogar no Brasil
ainda não é um objetivo na lista do zagueiro, que gosta muito do continente
europeu e só pensa em se destacar por lá.
“Voltar para o Brasil sempre é muito delicado de se
falar,pois eu sempre tive sonhos de jogar uma Libertadores e um Brasileirão por
um grande clube. Porém, me sinto muito feliz na Europa, realizado com tudo o
que construí e conquistei. Nada foi fácil para mim até agora, nunca tive medo
de encarar os desafios e sei que ainda voltarei a brilhar.”
O zagueiro brasileiro viu no Excelsior a chance de voltar a ter sequência entre os titulares. |
Se a atual batalha de Arghus é recuperar a forma física, sua
grande luta sempre foi pelo seu sonho. Por vezes as dificuldades o assustaram,
mas ele nunca desistiu. A carreira de jogador de futebol não é fácil e isso
todos nós sabemos. É preciso ter força para não esmorecer e fé para prosseguir,
apesar dos obstáculos. E de superar obstáculos o zagueiro entende. Longe ou
perto dos holofotes, Arghus, de 28 anos, realizou seu sonho: conseguiu seu lugar ao sol.
“Minha mensagem é de
perseverança, nunca devemos desistir dos nossos sonhos, por mais difíceis e
distantes que pareçam.”