Longe dos Holofotes #09 - Arghus

Tratando de futebol, o inicio de carreira nunca é algo fácil. Arghus que o diga. O zagueiro, hoje no Excelsior, da Holanda, chegou a cogitar a possibilidade de desistir de seu maior sonho: jogar bola.

No entanto, apesar de todos os percalços enfrentados, a perseverança e força de vontade sobressaíram. Aos 17 anos foi aprovado em uma peneira do Atlético Paranaense, onde, dentre centenas de garotos, foi o único selecionado. Desse modo, passou a residir em Curitiba, onde ficou por um ano usufruindo de uma estrutura fantástica para trabalhar.

Após a ótima passagem pela capital paranaense, o jogador sentiu necessidade de respirar novos ares e dar continuidade a sua trajetória, rumando, assim, para o Rio Grande do Sul, onde fez uma excelente temporada pelo time B do Juventude, despertando interesse do Reggina, da Itália. Arghus aprendeu muito em terras europeias, porém, uma lesão grave de ligamento acabou atrapalhando o percurso do zagueiro. Com isso, acabou retornando ao Brasil para se tratar, com a promessa de que retornaria a terra da bota assim que se recuperasse. Não foi bem assim:

“Aprendi muito como jogador, tática e cultura. Fiquei emprestado por um ano, me lesionei e me mandaram de volta ao Juventude para tratar meu joelho e posteriormente retornar para lá, contudo, não fizeram a opção de compra, nem mesmo me deram uma satisfação e acabei operando meu menisco e retornando aos juniores do Juventude, com o qual ainda havia contrato.”

Mesmo sem contar com o apoio dos italianos, recuperou-se rápido no Juventude e logo assumiu a faixa de capitão da equipe que ficou em terceiro lugar do Gauchão sub-20. Após a boa campanha, o zagueiro foi promovido ao time principal e deu inicio a sua carreira como atleta profissional. No entanto, mais uma vez, as coisas não correram como ele esperava.

“Não foi como gostaria, fui pouco aproveitado e comecei a rodar pelo Brasil por times de menor expressão. Até que, em 2010, fui para o River Plate, de Sergipe. Lá fui bicampeão estadual e fui observado por um manager, que me levou ao NK Maribor.”
No River, os primeiros títulos e proposta da Europa. Começava a sua história fora do país.

Finalmente, no ano de 2011, a história de Arghus começou para valer na Europa. E esse início não poderia ter sido melhor. Na equipe eslovena, o zagueiro recebeu oportunidades de imediato e o gol na estreia já dava bons sinais do que seria sua passagem pelo país.

“Na minha estreia fiz um gol e sabia que seria um bom ano, mas não sabia que seria tão maravilhosa minha trajetória nesse clube. Joguei três Ligas Europas e uma Champions League. Estou na história do clube com 9 títulos em 4 anos. Tenho um enorme respeito pelo clube, está no meu coração em com certeza, por tudo que fiz e conquistei por lá acho que foi meu ápice até então.“
Arghus com um caneco. No período em que esteve no Maribor, foi rotina.

Brilhando na Eslovênia, era impossível não aguardar por oportunidades em centros de maior destaque. A primeira proposta foi do Braga, de Portugal, que lhe abriu as portas para mais um desafio. Em que pese a passagem pouco memorável pelo clube, devido às raras escalações, ela foi importante na preparação para sua grande chance: jogar no Excelcior, da Holanda.

 “Aceitei esse desafio para ter mais oportunidades em campo e voltar a estar em evidência. O clube fez um grande esforço para me trazer e eu sinto o carinho que mostram por mim diariamente.”
As poucas oportunidades no Braga o motivaram a ir em busca de outro desafio.

O carinho demonstrado por clube e torcida, tão importantes para o zagueiro, tornaram-se seu esteio diante das adversidades vividas atualmente. Arghus, que contundiu-se seriamente ainda nos primeiros jogos pelo Excelcior, afirma que todo o apoio que tem recebido é primordial na sua recuperação.

Contando com o amparo do time holandês e sua torcida, o jogador vem se esforçando para retornar aos gramados. Entretanto, nega qualquer intenção em retornar aos nossos, pelo menos por agora. Voltar a jogar no Brasil ainda não é um objetivo na lista do zagueiro, que gosta muito do continente europeu e só pensa em se destacar por lá.

“Voltar para o Brasil sempre é muito delicado de se falar,pois eu sempre tive sonhos de jogar uma Libertadores e um Brasileirão por um grande clube. Porém, me sinto muito feliz na Europa, realizado com tudo o que construí e conquistei. Nada foi fácil para mim até agora, nunca tive medo de encarar os desafios e sei que ainda voltarei a brilhar.
O zagueiro brasileiro viu no Excelsior a chance de voltar a ter sequência entre os titulares.
Se a atual batalha de Arghus é recuperar a forma física, sua grande luta sempre foi pelo seu sonho. Por vezes as dificuldades o assustaram, mas ele nunca desistiu. A carreira de jogador de futebol não é fácil e isso todos nós sabemos. É preciso ter força para não esmorecer e fé para prosseguir, apesar dos obstáculos. E de superar obstáculos o zagueiro entende. Longe ou perto dos holofotes, Arghus, de 28 anos, realizou seu sonho: conseguiu seu lugar ao sol.

“Minha mensagem é de perseverança, nunca devemos desistir dos nossos sonhos, por mais difíceis e distantes que pareçam.”
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