Atrasados até no videogame


A seleção brasileira é uma seleção de videogame. Mas nada dos modernos games que em breve lançam sua nova versão, é atrasado. Podemos comparar com o Winning Eleven, Playstation 1. O Brasil, em especial o da Copa América Centenário, realmente é um time que saiu da virtualidade dos games de Playstation para os gramados americanos. Irei explicar isso por itens, cada um com uma característica diferente do WE e de nossa fraca seleção posteriormente.

Alterações:


No nosso querido Winning Eleven, só havia um tipo de mudança: a mudança óbvia, de atacante por atacante, meia por meia. Essa geralmente se dava por cansaço, lesão ou cartão amarelo. Não se viam mudanças táticas por substituições dentro do WE, até porque a ausência de ousadia tática não faz diferença em um game. Vamos agora ao mundo real de nossa seleção nacional. As seguintes substituições foram feitas por Dunga nesta Copa América:

Brasil 0 x 0 Equador

60 minutos: Jonas sai, entra Gabriel
75 minutos: Sai Willian, entra Lucas Moura
86 minutos: Sai Elias, entra Lucas Lima

Brasil 7 x 1 Haiti

Intervalo: Jonas sai, entra Gabriel
61 minutos: Casemiro sai, entra Lucas Lima
71 minutos: Elias sai, entra Walace

Brasil 0 x 1 Peru

71 minutos: Gabriel sai, entra Hulk

Percebam que Dunga fez sete substituições em três jogos, sendo cinco óbvias. Volante por volante, atacante por atacante. Nenhuma destas cinco mudanças teve como objetivo trazer algo novo na postura tática da equipe. As outras duas trocas, ambas de volante por meia foram feitas em momentos óbvios. Sai Elias e entre Lucas Lima aos 41, para o abafa no empate sem gols contra o Equador, e sai Casemiro para entrada do mesmo Lucas Lima, em um jogo já decidido, contra o fraco Haiti. Contra o Peru, vimos apenas uma troca (Gabigol por Hulk, ambos jogaram de centroavante sendo que nenhum deles executa esta função em seus clubes), mesmo perdendo e com duas substituições na mão, Dunga hesitou para trocar. Resultado? Brasil eliminado jogando mal, e com duas trocas que não foram feitas e poderiam dar uma sobrevida ao time canarinho.

Compactação no ataque:
Nada de meias ou laterais se aproximando para uma triangulação. A jogada individual ou o "chuveirinho" eram as soluções no WE.

Veja essa foto, o atacante arranca pela direita, sozinho, sem aproximação. Ele, a bola e Deus. Era isso que sempre acontecia, bola no atacante, sai correndo e chuta. Aliás, passes pra quê? É só um videogame. Lá de vez em quando se utiliza os comandos "X + L1" para "apelar".
Imagem retirada do Blog Painel Tático. Clique e confira.

Agora veja esta imagem da seleção de Dunga. Parece o mesmo Winning Eleven, apenas com gráficos melhores. O Brasil não tem aproximação, não tem toques rápidos pra quebrar as linhas de marcação do adversário e acaba sempre dependendo do talento individual de seus jogadores. Igual em um videogame, a seleção raramente "apela" para uma triangulação e geralmente tenta passes forçados devido a distancia que os jogadores ficam um dos outros. Na saída de bola não vemos nada especial, geralmente temos uma ligação direta. Quando a seleção tenta sair no toque de bola, acaba errando, visto que os jogadores não se aproximam.

Além disso podemos observar uma bagunça na defesa da seleção, jogadores muito afastados que acabam cedendo espaços para tabelas e trocas rápidas de passe do adversário, que entra com facilidade na área de defesa tupiniquim.


Movimentação:

Em um jogo de videogame, os meias centrais se movimentam apenas pelo centro do campo, os pontas pela direita ficam apenas na direita, e o mesmo acontece com as outras posições. Jogadores virtuais se posicionam apenas em uma determinada área porque são previsíveis, foram programados para isso. Pois bem, nossa seleção também é previsível.

Nossos jogadores se delimitam a apenas uma área do campo, acabam não se movimentando para trocar passes rápidos, ocupar espaços e infiltrar na área.
Willian na seleção: preso ao lado direito.

Como podemos observar no mapa de calor acima, Willian na seleção fica preso no corredor da direita. Sem sentido algum o talentoso destro do Chelsea fica apenas no extremo direito do gramado. Assim, o meia acaba subutilizado, visto que é difícil para um driblador jogar apenas em um lado (ainda mais se o lado for o mesmo do pé preferencial).
Mapa de atuação de Willian de 1/1/2013 a 10/2/2014. Imagem retirada do blog do Gian Oddi, da ESPN. Clique e confira o post completo.

No Chelsea a movimentação de Willian é diferente, apesar de jogar mais pela direita, o talentoso brazuca se movimenta pelo campo de ataque, tendo liberdade para infiltrar e participar de trocas de passe.

Por esses motivos, Dunga é apenas um treinador de Winning Eleven. O ex volante e agora técnico da Seleção trata o futebol real como virtual. Visto que obviamente há claras diferenças entre estes mundos, Dunga acaba errando e armando a seleção de uma forma patética e improdutiva.

Enquanto o povo denomina uns aos outros como "geração Fifa", temos um técnico que sequer saiu do Winning Eleven, e uma Confederação pior ainda, que está no Atari, chutando alto. Até nisso o futebol brasileiro se atrasou.

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