No modão de hoje não falaremos sobre um time especifico, o assunto será sobre a polêmica do fim dos estaduais. Na mídia vemos uma campanha cada vez maior, para que esses campeonatos acabem, pois não são tão atrativos como antigamente. Obviamente, falaremos mais especificamente do Campeonato Paulista, mas algumas das ideias podem ser consideradas gerais, e serem usadas nos outros estaduais também.
Eis algumas das perguntas que surgem com a ideia da extinção dos estaduais: Qual seria o destino dos times pequenos, caso acabe com estes campeonatos? Criação de deficitárias e inúmeras séries de campeonato nacional? Extinção de clubes tradicionais?
A última indagação é a que parece ser a mais plausível no momento. Sem os estaduais, qual chance de um canal de TV, tanto de sinal aberto quanto de sinal fechado transmitir jogos dos pequenos? Qual seriam as chances destes times terem patrocinadores? Vemos hoje casos como o do Noroeste, que agoniza na última divisão do estadual. Pior ainda é a situação do União São João de Araras (time que revelou um dos maiores laterais esquerdos de todos os tempos, Roberto Carlos) e do XV de Jaú (tradicionalíssimo time do interior paulista) que por falta de verba, tiveram que se licenciar da federação paulista, e estão a beira de decretar falência.
Os times pequenos são maioria, o que falta é a coragem de se unirem para bater de frente com a federação e com as decisões que são tomadas e acabam por prejudica-los. Por exemplo, a divisão de cota de TV é algo absurdo: os grandes ganham R$ 18 milhões, enquanto os pequenos faturam apenas R$ 3 milhões. O regulamento usado nos últimos anos, também acaba prejudicando já que com a divisão por grupos, os pequenos deixam de enfrentar um dos “grandes” e esse seria um jogo para faturar mais com renda e dar mais visibilidade.
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| Imagens como essa devem ser cada vez mais raras nos jogos do interior |
A última que veio à tona é a formação de divisões com 16 times, e não mais os 20 que temos atualmente. Ou seja, 6 seriam rebaixados e apenas 2 conseguiriam o acesso. Isso é uma coisa inadmissível para um campeonato como o paulista, que possui tantos times tradicionais e com boa representatividade nacional. Essa é a hora dos times menores mostrarem pulso firme e não aceitarem de maneira alguma essa redução no número de equipes.
Além disso, seria interessante a criação de uma liga independente da federação, formada pelos times tradicionais que tenham um pouco mais de força política e contem com alguma ajuda das prefeituras de suas cidades (o que, sabemos, é bastante difícil de se ver). Essa liga poderia propor um calendário mais interessante para os times no segundo semestre, e pleitear mais vagas na Copa do Brasil e na Série D do Brasileiro. A Copa Paulista, que é o torneio que resta para os pequenos no segundo semestre por muitas vezes acaba sendo deficitária para alguns clubes, já que a FPF não dá o apoio necessário. Além disso, muitos clubes optam por não disputá-la já sabendo das dificuldades, e acabam ficando sem calendário após o término dos estaduais.
Não podemos copiar tudo o que vemos lá fora, isso só nos torna iguais aos outros. O que temos de diferente, temos que fazer dar certo.
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| Um dos principais culpados pela decadência do futebol paulista, hoje ocupa o cargo máximo da CBF |
A solução não é tão prática como parece ser, e nem tão rápida, mas acabar com os estaduais, apenas mostrará cada vez mais que brasileiro não sabe valorizar o que é seu. Sim, somos o único país com este tipo de competição, competição esta que fez crescer inúmeras rivalidades, que fez aparecer jogadores que brilharam ou ainda brilham na seleção, entre outros benefícios para nosso futebol.
E o enfraquecimento dessas competições hoje em dia possui uma série de culpados: culpa da Federação Paulista de Futebol que não sabe explorar a sua principal competição de clubes, culpa da mídia que insiste em dar valor somente ao que é de fora e acaba desvalorizando muitas boas apresentações, culpa dos torcedores que não vão ao estádio. Sim, todos que gostam desse esporte apaixonante somos culpados pelo enfraquecimento e empobrecimento do futebol brasileiro.
Vamos mudar um pouco o nosso pensamento, quem sabe, conseguimos algo melhor!
Texto com colaboração de Daniel Fuzatto e Leonardo Carrazza.