ÍCONES ALTERNATIVOS #02 - O milagre dos Balcãs


Penta campeão da primeira divisão da antiga Iugoslávia, Tetra campeão da copa da Iugoslávia, Vice campeão da Eurocopa,  ex -presidente de um dos maiores clubes da atual Sérvia, o Estrela Vermelha.
Provavelmente você não o conhece, Dragan Džajić

Nascido em 30 de maio de 1946, o menino que mais tarde seria considerado um dos melhores ponta esquerda da história do futebol começou sua carreira no clube que iria presidir futuramente, no Estrela Vermelha .

Lá começou a jogar pelo time profissional bem cedo e logo aos 17 anos em 1963 o rapaz estreou em um empate sem gols com o FK Budućnost Titograd, o ainda garoto começou na lateral esquerda mas devido a sua grande técnica e chute fora do normal, foi deslocado para jogar mais a frente como ponta e foi pelos flancos que Dragan se destacou, já no ano de 1964 venceu a liga com o Estrela Vermelha e assumia o papel de ás da equipe.


Liderando o time, Džajić conquistou seus 5 canecos de liga e mais 4 canecos de copa doméstica, ao todo pelo clube foram 590 jogos com 365 gols, média assombrosa pra quem não é atacante de ofício. Ficou faltando pra ele um título de UCL que quase veio em um encontro bastante estranho com o Panathinaikos na semifinal  da UCL de 1971 onde ganharam por 4-1 em casa e de forma bizarra perderam por 3-0 (Džajić não jogou o segundo jogo).

Dizem por ai que Depina Gaspari, a mulher do ex ditador grego Georgios Papadopoulos descreveu este episódio insinuando que seu marido teria lhe dito que o jogo já estava no bolso e que era pra ela não se preocupar que até mesmo o time do Estrela teria a recompensa deles, como popularmente costumam dizer, essas são histórias dos bastidores...

O fato é que o time grego acabou indo a final mas não foi páreo para a equipe fortíssima do Ajax, coisa que para muitos, o Estrela vermelha seria.

O rapaz se terminasse com isso já teria uma carreira digna de um ícone, mas não parou só nisso, faltava o destaque pela seleção, e ele veio.


1968, nessa altura Dragan já havia sido campeão nacional e campeão da copa doméstica mas foi na Eurocopa de 68 que o mundo conheceu o ponta esquerda. O grande momento foi na partida de semifinal contra a atual campeã da época Inglaterra, em um jogo bastante truncado e pegado quando aos 87 minutos Džajić consegue estufar as redes da equipe inglesa que era defendida por um dos maiores goleiros da história do futebol, Gordon Banks.

Infelizmente a seleção dele acabou caindo na final para a tradicionalíssima Itália, porém Džajić foi eleito o melhor jogador daquela competição e ficou em terceiro lugar no prêmio de melhor do mundo daquele ano apenas atrás de George Best e Bobby Charlton, Beckenbauer posteriormente afirmou que na opinião dele, Džajić merecia o Ballon´dor daquela temporada, uma pena não ter ganho.

Dragan teve uma breve passagem pelo Bastia por onde fez 80 jogos e marcou 31 gols mas logo voltou a sua terra natal e acabou encerrando a carreira pelo seu time de formação e coração.

Depois de aposentado se aventurou como diretor técnico do próprio Estrela Vermelha, conseguiu levar o clube as finais da UEL, anos depois em 1998 veio a ser presidente do clube, porém saiu do cargo em 2004 alegando problemas de saúde, teve um breve retorno em 2012 mas hoje em dia não ocupa mais a cadeira chefe do clube.

Além de ser o melhor da Euro de 68, Džajić ainda ficou no time do campeonato nesta edição e na edição de 76, além de ter ganho o prêmio jubileu da FIFA como o melhor jogador da Iugoslávia no século 20.

É também um dos cinco seletos jogadores que ganharam o prêmio “estrelas do estrela”, maior honraria concedida pelo Estrela Vermelha.

Pelé tem uma citação sobre ele que traduz bem o que Dragan foi:

“Trata-se um milagre dos balcãs, é um verdadeiro mago, só tenho a lamentar que não seja brasileiro”.

Com certeza o legado do rapaz não será esquecido, mas é fato que sua história é uma das mais subestimadas da Europa inteira.



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