Se as criticas e descrença no futebol nacional já eram
pesadas há algum tempo, foi em 2014 -principalmente depois do 7 a 1 - que elas
se fortaleceram. Nosso futebol estava decadente, horrível, não atraia público e
não dava vontade de sentar-se em frente a televisão para ver um jogo que não
fosse do seu time. No entanto, no primeiro turno da atual edição do campeonato
nacional, o panorama mudou. Ainda estamos defasados em relação aos grandes
centros, obviamente, mas é cada vez mais prazeroso assistir a um jogo da nossa
liga. Os problemas extra campo continuam, a arbitragem fraca também, mas o
futebol, teve uma melhora significativa.
Estava mais do que na hora de termos uma renovação no quadro
dos treinadores brasileiros, as mesmas caras rodavam três ou quatro clubes, mas
nunca saia disso. Nesse ano, vemos vários nomes surgindo ou apenas se
concretizando como promissores no comando de equipes de escalão nacional. No
primeiro turno, vários foram os destaques fora das quatro linhas.
Na briga pelo título, vemos os já conhecidos Tite, que
estuda continuamente para não ficar para trás e Levir Culpi, que não parou no
tempo e nos apresenta um futebol moderno. Mas surge como terceiro postulante o
Grêmio, do jovem e pouco conhecido Roger Machado, que assumiu o tricolor em um
momento difícil. Perda de jogadores, apostas na base e rendimento baixo
cercavam o pouco experiente treinador de pressão, mas ele contornou isso, faz o
time render muito mais do que rendia com Felipão e com certeza já figura nas
listas de melhores treinadores do país. É moderno, joga na maioria das vezes
sem centro avante e nos apresenta um time intenso e eficiente, um ótimo nome
para o futuro.
Algumas das revelações no comando técnico de times da serie A |
Outro grande destaque é Eduardo Baptista, que já vem com um
projeto no Sport, e só concretiza o que todos falam em relação ao tempo de
trabalho e um bom planejamento. Esteve entre os líderes em grande parte do
turno, e promete brigar até o fim pelo G4. Já falamos dele por aqui, confira.
Ainda temos o bom Milton Mendes, que surpreende a todos com a boa campanha do CAP no campeonato até aqui. O treinador estava no interior paulista no começo do ano, e hoje já figura entre os grandes nomes do país.
Além deles, outros são os treinadores que fazem bom trabalho e que não somos acostumados a ver nas últimas edições do campeonato brasileiro Vinicius Eutrópio, Enderson Moreira e Doriva são apenas alguns dos exemplos.
Mas não foi só no quesito tático que evoluímos. A técnica se
aproveitou disso e também vem melhorando, os jogos fluem mais e os jogadores
passam a se aproveitar disso. Se no ano passado raros foram os grandes jogos e
vários eram aqueles que nos davam sono, com poucas chances de gol e a bola
pouco correndo, nesse ano temos grandes partidas em praticamente toda rodada, e
o público percebe, e passa a ir aos estádios com maior frequência.
Com um futebol melhor de se assistir, a media de público também aumenta |
Este que foi outro fator para deixar o campeonato mais agradável.
Os públicos aos poucos voltam a apresentar bons números e festas bonitas, bom
para o espetáculo e para nosso futebol.
Mas, mesmo com tantos aspectos positivos, o turno acabou sendo
prejudicado pelas polemicas da últimas três rodadas, que acabaram ofuscando
todas essas melhores. Pouco se fala de bola e campo nos últimos dias, poucos
dão os méritos ao treinador X ou analisam o eficiente esquema tático de uma
equipe no primeiro turno. Os lances polêmicos tomam todo o tempo, prejudicando
todo o resto.
Se melhoramos em tantos aspectos, é hora de pensarmos no
próximo para ontem. A arbitragem nacional precisa se profissionalizar, não dá
pra ficar nesse amadorismo. Temos de ver campo e bola prevalecendo, a tática ou
a técnica se sobressaindo, sem interferência de erros de um professor, que aos
fins de semana apita um jogo de futebol, por exemplo.
Enfim, temos um bom campeonato, vem dando muito mais prazer
de assistir as partidas do que em anos anteriores. Os treinadores estão se
modernizando, cada vez os pequenos tem chance contra os grandes por causa do
comportamento tático. Com uma arbitragem sem tantos erros, poucos contestariam,
mas continuo achando que esse é o melhor campeonato brasileiro dos últimos
anos. Que venha o segundo turno.