Mais uma vítima do futebol brasileiro


Dia após dia somos surpreendidos com o futebol nacional. Infelizmente, grande parte dessas surpresas são negativas, e muito por causa disso o esporte tem evoluído pouco, ou quase nada, no país que a pouco tempo, e até mesmo alguns nos dias de hoje denominam como o ''País do Futebol''.

O maior de nossas problemas não é dentro de campo. Podemos sim questionar a qualidade atual do nosso jogo e de nossos jogadores e técnicos, mas de longe o mais atrasado por aqui são os gestores que trabalham fora do riscado.

E ontem foi a vez de quem trabalha no Cruzeiro, demonstrar seu despreparo e incompetência. A demissão de Marcelo Oliveira, bi-campeão nacional, parece mentira. Ainda mais quando temos o nome de Vanderlei Luxemburgo oficializado horas depois. Um treinador que fez muito bem quando teve de tirar o Flamengo da parte de baixo da tabela, mas que não é um dos mais modernos do país, e não conseguiu dar continuidade ao bom projeto do Flamengo. O Cruzeiro está na zona de rebaixamento, mas é cedo demais para pensar em ''sair da confusão''.

Marcelo teve sim alguns erros durante essa temporada, mas não foi um trabalho digno de demissão, ainda mais se tratando da equipe que perdeu toda sua espinha dorsal, e  não conseguiu repor com qualidade parecida. O elenco era pior do que das duas temporadas anteriores, não é desculpa, mas Marcelo merecia mais tempo, por tudo que fez no clube.

Saíram Egídio, Nilton, Lucas Silva, Goulart, Everton Ribeiro e Marcelo Moreno. Todos os setores da equipe foram modificados. E a diretoria que pregava um pensamento a longo prazo, um trabalho eficiente com um elenco grande e qualificado, acabou deixando a desejar no mercado, e deixando ainda mais a desejar quando demitiu um dos grandes responsáveis pelo sucesso da equipe.

O Cruzeiro foi até onde deu na Libertadores. Mesmo reformulado, Marcelo Oliveira conseguiu eliminar uma grande equipe como o São Paulo, e até vencer o River Plate no Monumental. No estadual buscou encaixar sua equipe, e foi eliminado pelo maior rival, nada de absurdo se tratando de um Atlético MG mais pronto e com a continuidade de Levir.

O mais engraçado de tudo isso, foi um dos trechos da entrevista do gerente de futebol Valdir Barbosa ontem, quando anunciava a demissão do ex-treinador celeste. O cartola falou sobre "agir diferente da torcida", que a diretoria tem que ter calma, e que a torcida tem de saber ser paciente. Ironia.

O imediatismo do atrasado futebol brasileiro prejudica mais um profissional, mas no fim, quem sai perdendo são os clubes.
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