MEMORIA FC #07 - Opinião com chuteiras


Antiracista, antisexista, antifascista e de esquerda, esse é o St. Pauli.

Fundado em 15 de maio de 1910, o St. Pauli nunca teve grandes feitos no futebol alemão muito menos títulos de grande expressão, então porque falamos dele?

Se não for mais o politizado, é um dos mais politizados clubes do mundo, além de contar com toda uma tradição “Cult” como por exemplo músicas de rock durante os jogos com direito a guitarras e tudo, tem também uma metodologia bastante incomum no mundo do futebol moderno, baniu qualquer tipo de ideal proveniente da direita em seu estádio, incluindo propagandas, faixas, cartazes, cantos, é estritamente proibido e está no estatuto do clube.

O clube que atualmente se encontra na segunda divisão alemã nem sempre teve toda essa “mística” ao redor. Tudo começou no meio dos anos 80, quando o St. Pauli passou de clube tradicional para clube “Cult” da Europa. Isso aconteceu quando transferiram a sede do estádio para a cidade de Reeeperbahn, bairro da cidade de Hamburgo que se destaca pela sua ativa vida noturna e prostituição, muito por isso acabou atraindo torcedores de tendências punks, os torcedores adquiriram como símbolo uma bandeira pirata e a caveira com ossos entrecruzados.


Como o bairro também era de predominância da classe proletária veio a tal proibição de ideais de extrema direita no estádio, estádio esse que precisou ter o nome trocado após a descoberta que Wilhem Koch que antes dava nome a arena, pertenceu ao partido nazista, a partir daí o estádio passou a se chamar Millerntor- Stadion.

A transformação do clube acarretou em um repentino aumento na média de publico, passou de uma média de 1,600 espectadores em 1981 pra mais de 20 mil no fim dos anos 90.

Já em 2009 o clube realizou uma reunião e acabou institucionalizando uma série de medidas, algumas a seguir:

1. Em sua totalidade, incluindo sócios, funcionários, torcedores e beneméritos, o St. Pauli é parte da sociedade e, dessa forma, é afetado direta e indiretamente pelas mudanças nas esferas política, cultural e social. 

2. O St. Pauli FC está consciente da responsabilidade social que isso implica, e representa os interesses de seus sócios, funcionários, torcedores e beneméritos em assuntos que não se restringem apenas à esfera do esporte.
(…)
5. Tolerância e respeito nas relações humanas são pilares importantes da filosofia do St. Pauli. 
(…) 
8. Todo indivíduo e todo grupo devem constantemente examinar as suas ações presentes e futuras de uma forma crítica, e devem também estar consciente da sua responsabilidade pelos outros. Adultos não devem se esquecer que são modelos, para crianças e jovens acima de tudo. 

9. Não existem ‘melhores’ ou ‘piores’ torcedores. Qualquer um pode expressar o seu jeito ou a sua maneira de torcer, desde que seu comportamento não entre em conflito com as determinações acima.

Já em 2013 o clube adotou a decisão de deixar a bandeira arco íris, símbolo do movimento gay, tremulando sempre no estádio, não é que sejam um clube gay, se julgam como um clube livre de preconceitos, um clube que não nega gay, negro, asiático, gordo, velho ou qualquer outro tipo de pessoa, é um clube que procura ser sinônimo de tolerância.

Os adeptos do clube também costumam se organizar em prol de causas sociais e esportivas, fazem de cada jogo um evento político com direito a bandeiras, cantos, cartazes etc.. Contam com a amizade de bandas como Bad Religion e Asian Dub Foundation .

"É mais do que somente futebol. Há uma identificação com o bairro, com a sua gente. Ser anticapitalista, é um estilo de vida", disse um dos torcedores.

O clube goza de ser diferente, os jogos são regados por músicas do AC/DC e músicas do Blur quando saem gols, além disso possui um presidente homossexual assumido, Corry Littman, uma quebra de paradigmas.

Esse é o St. Pauli, quanto mais contra a corrente, melhor!



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