MEMORIA FC #04 - Um pequeno do Rio campeão nacional


Quem conhece de forma supérfula o futebol carioca geralmente acha que só existem 4 clubes de fato no estado do Rio de Janeiro, Flamengo, Vasco, Fluminense e Botafogo. Pois então, não é bem assim.
O Rio de Janeiro possui times tradicionais e históricos, caso do Bangu que já foi vice campeão brasileiro, Portuguesa da ilha que já venceu o todo poderoso Real Madrid e América que é o quinto time com mais campeonatos estaduais no Rio, com respeitosos 7 títulos e possui um título nacional, sobre o qual eu falarei a seguir.

O ano é 1982, temos um Flamengo no auge de sua história e voando baixo em solo nacional e internacional, praticamente invencível, campeão brasileiro, continental e mundial. Todos queriam ver o grande Flamengo de Zico em ação.

A CBF resolve pela primeira e única vez fazer um torneio dos campeões do Brasil, torneio este que incluiria todos os 17 times que já haviam ganho ou sido vice de um torneio nacional, porém como dito acima, todo o mundo ainda estava curioso sobre o rubro negro carioca e queriam ver o time do Flamengo em ação novamente, portanto o Flamengo abdicou de jogar este torneio para que pudesse fazer uma excursão ao exterior. Diante disso a CBF, cujo o presidente era o saudoso Giulite Coutinho, americano de coração e pessoa que deu nome ao atual estádio do América em Edson Passos na baixada fluminense teve a brilhante ideia de convidar o 18º clube com mais participação em nacionais, que por coincidência era o América para substituir a ausência do Flamengo, o Santa Cruz acabou entrando como 19º posteriormente.

Tirando o time do Flamengo, o torneio contava com os melhores times do Brasil na época, inclusive com o atemporal Atlético MG de Reinaldo, o “reizinho”.


O América ficou no grupo C, empatou a primeira e venceu a segunda  contra o forte time do Cruzeiro, empatou duas vezes com o Grêmio de Renato Gaúcho que viria a ser campeão mundial em 83 e pasmem, ganhou e empatou nos dois jogos da fase de grupo contra o todo poderoso pentacampeão de minas Atlético MG, como dito no regulamento, as quartas de final seria entre o vencedor do primeiro turno e o vencedor do segundo turno do grupo. Deu América x Atletico MG novamente, dessa vez era matar ou morrer. Venceu, 1x0 gol de Elói, um dos destaques da competição com 4 gols.

Surpreendentemente o jogo mais complicado veio na fase seguinte, dona da melhor campanha da fase de grupos, a Portuguesa santista teve o direito de mandar o jogo em São Paulo e assim o fez, o jogo foi no Pacaembu e acabou em empate por um 1x1 no tempo normal, indo para a prorrogação onde foram marcados mais um gol pra cada lado, terminando 2x2 e indo para os pênaltis, o América venceu por 4x3 nas cobranças e ganhou o passe para a sua primeira final nacional de forma dramática.

O adversário era o Guarani, que meses depois viria a ser finalista do campeonato brasileiro daquele ano, como eram dois jogos, o primeiro acabou sendo no Brinco de Ouro e terminou 1x1. A decisão, é claro, foi levada para o maracanã em um jogo bastante truncado o América abriu o placar com Moreno, porém viu sua vantagem ir embora após sofrer o gol de Delém.
Todo mundo com medo de errar, jogando com o coração na chuteira, já era o segundo tempo da prorrogação, muita gente já estava se preparando para ver os penais, até que após um rebote da zaga do guarani, Gilson Gênio encheu o pé e viu a bola morrer no fundo da rede do Guarani, 2x1, América campeão.

Ficha  técnica do jogo:

Estádio Maracanã (Rio de Janeiro – RJ)
Árbitro: Carlos Rosa Martins (RS)
Assistentes: Olinto Preussler (RS) e Luís C. Tyburski (RS)

America: Gasperim; Chiquinho, Duílio, Everaldo e Zedílson (Sérgio Pinto); Pires, Gilberto e Elói (João Luís); Serginho, Moreno e Gilson Gênio. Técnico: Dudu.

Guarani (SP): Sidmar; Sóter, Darci, Odair e Almeida; Éderson, Júlio César (Henrique) e Jorge Mendonça; João Luís (Delém), Marcelo e Ernani Banana. Técnico: Zé Duarte.

Cartões amarelos: João Luis, Chiquinho e Gilson (AME); Sóter, Ernani Banana e Odair (GUA).
Cartão vermelho: Darci (GUA) 10′/2ºT da prorrogação.

Gols: Moreno 13′/1ºT (1 – 0); Delém 17′/2ºT (1 – 1); Gilson Gênio 9′/2ºT da prorrogação (2 – 1).
Público: 11.329 pagantes
Renda: Cr$ 5.099.600,00

Única edição realizada deste torneio foi nesse ano, portanto o América tem a honra de se declarar O ÚNICO campeão dos campeões do Brasil, título mais que merecido pra um clube com uma história tão bonita como a do mequinha.

Respeitem o América!

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