ESCREVENDO O FUTURO #02 - Matheus Biteco


Forte, alto, rápido, criação e destruição: resumir Biteco em poucas palavras é fácil, mas seu futebol, na verdade é indescritível. Crescido numa família envolta pelo futebol e criado dentro do Grêmio, o garoto sempre demonstrou ter intimidade com la pelota. Após a saída de Felipão do clube dos pampas, Biteco entrou no time titular pra não sair pelo próximos 6 anos. De banco, a promessa, de realidade, a craque, de craque a ídolo, de ídolo a imortal.

Conforme Biteco ia evoluindo, o time evoluía com ele, o time das vagas passara a brigar por títulos, a se calejar de jogos importantes e a ignorar pressões, o time da seca, virou o time da fartura, e se havia fartura, o homem responsável era Biteco. Frio, calculista, não sentia emoções e fôra comparado a grandes jogadores como Xabi Alonso, mas também era quente e explosivo, sabia que todo jogador do Grêmio devia no minimo se honrar das três cores, e que, devia dar suor e se necessário, sangue, por aquela torcida. E foi assim, que sua passagem pelo clube gaúcho terminou com o tri da América em 2019. O gol do titulo não foi de Biteco, mas a honra de levantar a taça em plena Arena após vencer o Boca Juniors, era dele.

Da festa, o garoto rumou a Europa. E seu destino foi Munique. O garoto que chegou ao Bayern como substituto de Schweinsteiger, nada fez. O futebol ficou no Brasil, e sob a tutela de Pep, Biteco foi improdutivo no ano que ficou na Alemanha, mas de quebra, ganhou uma Bundesliga entrando em campo apenas 7x na liga. Mas vida de gremista é sofrida, e o vermelho colorado alemão não lhe caíra bem... Porem havia um azul que fez com que Biteco, assim como o grêmio, surgisse das cinzas e mostrasse ao mundo, que ele era imortal.

O jogador rumou ao Chelsea por um valor baixo. Foi um pedido a dedo do recém técnico Didier Drogba, que via nele o que Lampard fez por 10 anos em Londres. Drogba estava certo. Biteco estreou na supertaça contra o arquirrival Arsenal (que estava em excelente fase e era favorito). Chelsea 4 a 0 Arsenal. Ninguém imaginou, mas Biteco, foi Biteco novamente. Não sentiu o clássico, fez dois gols de fora da area além de uma assistência magistral para Salah. Esse jogo foi o prologo de belíssimos anos em Londres, 6 anos, pra ser exato. Biteco, novamente de azul, mostrou aos ingleses que criação e destruição podem sim andar juntas, e graças a ele, o clube não tinha o que temer, nem menos a final contra seu ex clube, Bayern. Aquele que seria o éltimo jogo da carreira de Pep foi arruinado pelo único hat trick da carreira de Biteco, 3 a 0, e a Europa era blue.

Mas o melhor estava por vir... O mundial de clubes FIFA reuniria Chelsea vs Inter. O segundo maior amor do homem, ao lado do maior ódio dele. E, o resultado não poderia ser diferente, 2 a 0 Chelsea, o maestro Biteco fazia jus ao apelido de diamante negro mais uma vez, com direito a clássica comemoração de titulo a lá Kidiaba... Mas Londres não era mais sua casa. Após o mundial, Biteco surpreende o mundo e comunica sua rescisão amigável com o Chelsea e volta pra casa: o Grêmio. O volante, já com uma certa idade enche a arena em sua apresentação, e diz voltar pra recolocar o tricolor gaúcho em seu devido lugar, e assim o faz.

Comanda o time ao titulo brasileiro que não vinha ha décadas, alem de uma goleada histórica de 6 a 0 no inter em pleno beira rio. O últimos anos de carreira seriam lindos no grêmio... seriam... Biteco era aquele jogador que se metia no time, na politica, queria o bem pro clube em todas as estâncias, e não só no campo. Assim, arranja muitos amigos... E inimigos. Um deles era Odone, que fora reeleito presidente do time e rescindiu com Biteco no dia seguinte após a posse, alem de difamar seu nome na imprensa.

O líder do time, saia pela porta dos fundos do clube e ia pra sua última temporada no São Paulo. Biteco não jogou contra o Grêmio pelo brasileiro, por lesões e pela idade. Mas os deuses do futebol eram cruéis e fizeram a final da libertadores ser São Paulo vs Grêmio. Biteco vs Seu amor Maior.

Apos dois empates em 1 a 1, e nenhuma bela exibição de Biteco, o jogo vai para os pênaltis em plena Arena. Todas as cobranças entraram, até que o ultimo batedor era justamente ele... Biteco. Se errar, Grêmio campeão... Biteco corre pra bola e chuta intencionalmente em direção a geral que ficava atrás do gol, tricolor campeão, e Biteco feliz, novamente.

O jogador, que nem pro vestiário paulista foi, e pagou a sua rescisão e se aposentou na semana seguinte, em um ultimo ato mostra que amor ao futebol ainda existe, e que, acima de tudo, uma vez azul, sempre azul, uma vez imortal, sempre imortal.
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