MODÃO CAIPIRA #44 - Mais um acesso


Este tema já foi abordado aqui no Modão, cerca de um ano atrás, mas hoje a história merece ser recontada. O São Bento deu mais um passo a frente, e vem cada vez mais consolidando o seu ressurgimento no cenário nacional. O dia 04 de setembro de 2016 ficará marcado para sempre na história do clube, como o dia em que conquistou o direito de retornar à Série C do Campeonato Brasileiro.

O começo dessa fase incrível que vive o Azulão se deu no dia 11 de maio de 2013, quando conquistou o acesso da Série A3 para a Série A2 do Campeonato Paulista, num jogo muito emocionante contra o Sertãozinho, em Sorocaba. Jogando pelo empate, o São Bento saiu perdendo por 2x0, chegou a empatar, tomou o terceiro aos 40 e empatou novamente aos 47 do segundo tempo. Depois disso, ainda veio o título da Série A3, para coroar o ano do centenário do clube.

No ano seguinte, com um dos menores investimentos do campeonato, conseguiu mais um acesso no estadual. Era o começo da história de Paulo Roberto Santos no comando do Bentão. O “Rei do Acesso” conseguiu a terceira colocação na Série A2 de 2014, e devolveu a equipe beneditina à elite do futebol estadual, oito anos após ter sido rebaixado.

Em 2015, fez uma campanha notável no Paulistão, tendo apenas 2 derrotas em 15 jogos, mas acabou não se classificando para a segunda fase, e consequentemente, também não teve a vaga na Série D. No segundo semestre de todos esses anos passados, participou sem brilho da Copa Paulista, sempre usando o torneio apenas para manter as atividades profissionais durante todo o ano.

Mas foi neste ano de 2016 que a equipe azul e branca de Sorocaba consolidou sua caminhada para voltar a ser respeitado no estado e em todo o país, como era nas décadas de 60, 70 e 80. Com um Campeonato Paulista maravilhoso, classificou-se para as quartas de final, com direito a vitória sobre o São Paulo, e empates com Palmeiras e Corinthians (ambos tomando o gol de empate no fim do jogo). Foi eliminado pelo Santos, mas o principal objetivo foi conquistado: a classificação para a Série D. Detalhe importante: Paulo Roberto Santos continuava a frente do time, grande mérito da diretoria de mantê-lo.

Na Série D, o discurso era de entrar “para participar”, pois com as mudanças feitas pela CBF, as equipes que disputam o torneio em 2016, também têm vaga garantida para 2017. Portanto, a intenção inicial era dar rodagem para a equipe, preparar uma base para o próximo Paulistão, e conhecer o campeonato, para conseguir brigar pelo acesso no ano que vem.

Só que o campeonato começou, o time foi crescendo, o torcedor foi empolgando, e o acesso parecia possível. Do time do primeiro semestre, pouquíssimos jogadores foram mantidos, sendo que nenhum era titular. Mas o pilar mais importante ainda continuava no banco de reservas. O técnico que já foi conhecido como “Luxemburgo do Interior” comandava a equipe jogo após jogo, dando um passo de cada vez rumo ao acesso.
Paulo Roberto agradece a torcida após mais um acesso na carreira (Foto: Jesus Vicente / EC São Bento)


Dentro de campo, o clube perdeu seu jogador mais importante dos últimos anos. O goleiro Henal, que estava no clube desde o rebaixamento para a Série A3 em 2011, foi defender o Cuiabá na Série C. O seu reserva no Paulistão, Rodrigo Viana, ficou com  titularidade e a missão de substituir o ídolo beneditino. Deu conta? Bom, até o jogo do acesso, foram 12 partidas e apenas 2 gols sofridos. Acho que isso responde o questionamento.

Nas laterais, Pedro Henrique foi o dono da posição pela esquerda durante toda a competição. No outro lado, Valdir era o titular, mas acabou sofrendo uma lesão muscular antes do último jogo da primeira fase, e o jovem Lucas Mendes ficou com a vaga, e dando conta do recado. Pelos dois lados do campo o Azulão tinha bom poder de ataque, além de ótima consistência defensiva.
No miolo de zaga, Daniel honrou seu apelido e foi um Gigante durante toda a competição. Nas primeiras fases, Rogério foi seu companheiro. Juntos, foram vazados apenas uma vez. Antes da primeira partida contra o J Malucelli pelas oitavas de final, Rogério sentiu um problema muscular, e Rafael Tavares agarrou a oportunidade e não soltou mais, também fazendo um ótimo trabalho ao lado de Daniel Gigante, ajudando a manter a defesa beneditina como a menos vazada do torneio.

O setor de meio-campo foi onde tiveram mais mudanças ao longo da competição. Apenas Leandro Melo, o volante cão-de-guarda, se manteve na equipe desde o início, ficando de fora do último jogo da primeira fase, poupado, e do jogo do acesso, suspenso. Nos primeiros jogos, seu companheiro de volância era o conhecido Renan Teixeira, campeão mundial pelo São Paulo em 2005. Logo após o segundo jogo, Renan trocou o São Bento pelo Tupi-MG, e Maicon Souza herdou a vaga. Maicon foi bem, e foi titular em várias partidas durante a campanha. Durante a segunda fase, chegou o volante que fez companhia a Leandro Melo, como a dupla principal de volantes do time na competição: Fábio Bahia, que foi titular na campanha do Paulistão.

A armação nos primeiros jogos ficou a cargo de Guaru e Tremonti. O primeiro deixou o clube durante a primeira fase, já o segundo foi perdendo espaço no time durante a competição, apesar de ter feito gol na estreia e ser ídolo da torcida do Azulão. Jô e Guilherme Garré foram outros nomes importantes da primeira fase da equipe, que se reforçou para o setor durante o campeonato. Chegaram Mateus, Diego Barboza e Giovanni. Os dois últimos já tiveram passagem pelo elenco sorocabano, ambos em 2015. Mateus foi cavando seu espaço aos poucos, até que se garantiu entre os 11 iniciais nas oitavas de final. Diego estreou na segunda fase e algumas boas participações. Mas o diferencial do time foi o sorocabano Giovanni. Meia campeão mundial com o elenco do Corinthians em 2012, já havia se destacado no Paulistão de 2015 pelo São Bento, e nessa Série D chegou como grande reforço durante o mata-mata, e correspondeu as expectativas, dando uma dinâmica diferente para a equipe sempre que estava em campo. Giovanni já deu entrevistas dizendo que ia ao CIC quando era criança para assistir aos jogos do Azulão, e agora foi peça chave em um torneio que já entrou para a história do clube do interior de São Paulo.

No ataque, não tiveram muitas variações. Wilson Júnior e Anderson Cavalo foi a principal dupla durante toda a competição. Garré pode ser citado também no ataque, pois substituiu Wilson Júnior enquanto este ficou machucado, durante quase todo o mata-mata. Zambi, muito conhecido no interior do Brasil chegou durante o campeonato e pouco entrou em campo, mas também participou do jogo do acesso. E o último a ser dito, é o homem com mais estrela do elenco: Magrão. Chegou no decorrer da competição, e fez vários gols importantes, inclusive tomando a vaga no time titular na partida decisiva, e retribuindo a confiança com o gol que fechou o caixão e garantiu de vez o acesso.
Equipe que fez história na partida contra o Itabaiana (Foto: Jesus Vicente / EC São Bento)


A CAMPANHA

Na primeira fase, venceu São José-RS e Portuguesa-RJ nos dois primeiros jogos, ambos por 1x0. No terceiro jogo, a única derrota na competição, por 1x0 para o Villa Nova-MG, em Sorocaba. Depois, empatou com o mesmo Villa Nova por 0x0, venceu a Portuguesa por 4x0, garantindo a classificação, e no último jogo cumpriu tabela e mesmo assim venceu o São José por 1x0.

Na segunda fase, enfrentou o Brusque-SC. Empatou por 0x0 na casa do adversário, e conquistou a vaga nas oitavas de final com uma vitória por 1x0 em Sorocaba, com gol de Magrão.

Chegou às oitavas para enfrentar o J Malucelli, do Paraná. Mais uma vez, arrancou um empate fora de casa: 1x1, com gol de Maicon. No jogo da volta, garantiu a vaga sem maiores problemas, vencendo a partida por 2x0, gols de Giovanni e Magrão.

No confronto para definir o acesso, fez sua maior viagem na competição até aqui. Foi até o Sergipe enfrentar o Itabaiana. A torcida sergipana lotou o estádio, mas com um gol aos 43 do segundo tempo, anotado pelo zagueiro Héverton, contra, o Azulão Sorocabano voltou pra casa com uma enorme vantagem. No segundo jogo, batendo seu recorde de público no ano, com mais de 8.500 presentes, soube administrar a vantagem, e assim como no mata-mata anterior, venceu o jogo de volta por 2x0, novamente com gols de Giovanni e Magrão.

O principal já foi conquistado, que era o acesso, mas a campanha ainda não terminou, e agora os comandados de Paulo Roberto vão em busca do título. Na semifinal, enfrentará o tradicional CSA, que conseguiu voltar para a Série C depois de vários anos longe. O primeiro jogo será realizado no Estádio Rei Pelé, em Maceió, e o jogo da volta acontecerá novamente no CIC, em Sorocaba. Se conseguir a classificação, enfrentará o vencedor de Volta Redonda x Moto Club-MA, que foram as outras duas equipes que conseguiram o acesso.
Giovanni comemora com Wilson Júnior seu gol no jogo do acesso (Foto: Jesus Vicente / EC São Bento)



O Esporte Clube São Bento está na Série C do Brasileirão! Motivo de orgulho para todos os cidadãos sorocabanos que apreciam a arte do futebol. E não dá para deixar de citar a torcida apaixonada do clube, que sempre esteve presente, mesmo nos momentos mais difíceis, e agora pode comemorar algo tão importante para a história do clube. Além, é claro, da diretoria que faz ótimo trabalho nos últimos anos, reerguendo de maneira muito rápida uma agremiação tão importante do interior paulista e que estava jogada às traças a poucos anos.
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