Para qualquer pessoa que o conhece, Edmundo foi um grande craque brasileiro. Seja pelos golaços, títulos conquistados, pelas polêmicas ou até as repetidas comparações com Romário. O certo é que seu nome sempre tem força quando o assunto é o futebol nos anos 90. Mas é fato que Edmundo foi um pouco de talento desperdiçado. Todas as confusões e polêmicas ao longo da carreira, a falta de comprometimento e sua personalidade forte foram claramente prejudiciais.
O primeiro deslize dado pelo craque foi em 94.
Ele, que havia sido campeão brasileiro pelo Palmeiras no ano anterior, recebeu uma grande oferta do Real Madrid. Contrato de 8 anos, com o mesmo salário que
recebia na época. Uma proposta irrecusável para a maioria dos jogadores, qualquer
um no terceiro ano como profissional agarraria essa oportunidade na hora. No entanto,
Edmundo não viu motivos para se mudar para a Espanha. O motivo? O fato de ele
sempre receber aumento salarial na equipe alviverde. Desta forma, ele perdeu uma
chance concreta de se tornar ídolo de um dos maiores times do mundo, podendo
ter conquistado inúmeras taças.
Mas jogo que segue, o craque acabou por sair
do Palmeiras em 95. Rumou para o Flamengo, onde pôde jogar ao lado de Romário.
Acabou decepcionando, assim como o time rubro negro em si, naquele ano. Em 1996
Edmundo fechava negócio com seu 4° clube da carreira. O Corinthians,
arquirrival do time que o consagrou no cenário nacional.
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| A dupla prometia, mas acabou não rendendo tanto quanto o esperado. |
Pelo alvinegro ele jogou bem, em uma
oportunidade comandou o time numa épica goleada sobre o rival São Paulo. Nesta partida, desencantou, marcando duas vezes na vitória por 5 a 0. No
entanto, não passou muito disso. Tanto que naquele mesmo ano, Edmundo arrumara
uma briga interna dentro do clube e fez as malas para retornar ao Vasco, depois
de 4 anos.
E pelo clube cruzmaltino o Animal reina. Leva o time da luta contra o rebaixamento em 96 ao título brasileiro em 97. Isso tudo de forma magistral, esbanjando classe, habilidade e faro de gol. Chega até a quebrar o recorde, então pertencente a Reinaldo, de maior artilheiro de uma única edição do Campeonato Brasileiro.
E pelo clube cruzmaltino o Animal reina. Leva o time da luta contra o rebaixamento em 96 ao título brasileiro em 97. Isso tudo de forma magistral, esbanjando classe, habilidade e faro de gol. Chega até a quebrar o recorde, então pertencente a Reinaldo, de maior artilheiro de uma única edição do Campeonato Brasileiro.
O Edmundo de 1997 foi absurdo, estupendo; chegaram a colocá-lo no páreo do prêmio de Melhor Jogador do Mundo. Não tinha mais jeito, ele estava preparadíssimo para a Europa. O sortudo a levá-lo ao Velho Continente foi a Fiorentina. E por lá ele não decepcionou no que diz respeito ao futebol apresentado dentro das 4 linhas. Compôs um incrível trio de ataque, ao lado de Batistuta e Rui Costa. Alcançou a 3° colocação no Campeonato Italiano da edição 98-99, sendo que há quem diga que se o brasileiro tivesse sido mais comprometido o campeão poderia ter sido outro. Isso pelo fato de Edmundo desfalcar a equipe numa reta importante do campeonato em 99, simplesmente para comparecer ao carnaval do Rio de Janeiro. E ainda por cima, o camisa 11 fez declarações ofensivas aos seus companheiros de equipe, Batistuta e Rui Costa. Foi a gota d’água para os torcedores: o Animal ficou completamente sem clima em território italiano. Isso acabou animando tanto a diretoria como a torcida do Vasco.
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| Edmundo comemorando um de seus 3 gols contra o Flamengo, em 97. |
Mas aquilo foi um claro declínio na carreira dele. Até porque, paralelamente a isso, o craque não se firmava na seleção. Não recebeu as merecidas chances na Copa de 1998, fora a forte concorrência no setor ofensivo da amarelinha na época. O tempo foi passando, Edmundo ia se firmando como grande ídolo no Vasco, amadíssimo pela torcida. Algo que certamente foi bom para ele, pois se firmou em um clube novamente. Apresentava um ótimo futebol, era o verdadeiro patrão daquele fortíssimo time vascaíno. Jogou muito bem o Mundial de Clubes do ano 2000, mas perdeu o pênalti decisivo por capricho do destino. Após o acontecimento, sua situação no Vasco se desgastou. Algo terrível para os cofres da instituição na época, visto o preço salgado que o craque custara para o clube: 15 milhões de euros.
Com tudo isso, o atacante acaba saindo do Vasco e é emprestado
ao Santos. O motivo foi sua enorme rixa com ninguém menos que Romário, na
disputa pelo protagonismo da equipe. E por mais que a torcida preferisse ele ao
baixinho, foi o Animal quem sofreu com a rivalidade interna. No Santos o
jogador viu uma grande chance de recomeçar. O que não aconteceu, exatamente. Ele
jogou bem no pequeno período que passou lá, mas longe de ser o Edmundo de 2 ou
3 anos atrás.
O camisa 7 acabou sendo dispensado da equipe
paulista por conta dos problemas financeiros que o clube sofria. O craque foi
novamente emprestado, mas dessa vez para o Napoli. Novamente na Itália, ele
passou longe de demonstrar o futebol de outrora. Jogou abaixo de todas as
expectativas, e o clube acabou rebaixado.
Em 2001, Edmundo fecha com o Cruzeiro, onde
ocorre um dos episódios mais emblemáticos de sua carreira, numa partida contra
o Vasco, seu ex-clube, em São Januário. Romário marca todos os 3 gols do jogo,
numa grande vitória vascaína. O Animal chega até a perder pênalti. No final do embate, Edmundo vai para os braços da torcida vascaína e faz juras de amor ao
clube. Graças a isso, o Cruzeiro rescinde contrato com o jogador. Em seguida, ele
vai para o Tokyo Verdy, em 2003 se transfere para o Urawa Red Diamonds. Ambos
clubes japoneses. O talentosíssimo jogador claramente não se interessava mais
tanto por futebol, visto que saía de um clube para outro sem mais nem menos,
por qualquer motivo que fosse. Seleção havia deixado de ser realidade fazia
anos.
Uma das últimas decepções de sua carreira foi
no Fluminense, em 2004. Edmundo jogaria novamente ao lado de Romário e de
Ramon. Mas mais uma vez ele não conseguia embalar, saindo de lá com apenas 19
jogos e 17 gols marcados.
Já completamente desiludido, o Animal foi bem
pelo Figueirense em 2005 e no Palmeiras em 2006 e 2007. Mostrando que mesmo os
anos não o impediram de ainda possuir técnica, faro de gol e classe. Em 2008
Edmundo se aposenta de forma melancólica, no Vasco, com o time sendo rebaixado.
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| Edmundo em seu último ano de carreira, pelo Vasco, sendo rebaixado junto da equipe. |
E assim foi a gloriosa carreira de Edmundo.
Essa foi invejável, é verdade. Ele certamente se firmou como um dos maiores
craques brasileiros de todos os tempos. Mas a sua irresponsabilidade o
prejudicou claramente. Vários jogadores menos talentosos possuíram carreiras
bem mais vitoriosas, regulares e que valham a pena serem lembradas. E o eterno
camisa 7 reconhece isso, tanto que sempre afirma se arrepender de ter saído do
Palmeiras, em 94.
Realmente, se ele tivesse se mantido no clube paulista, teria alcançado voos mais altos que em Flamengo e Corinthians. Fora as oportunidades que teve de ser destaque na Europa. Existem, de fato, várias outras especulações possíveis quanto ao que poderia ter acontecido com o craque. Poderia ele ter se tornado ídolo até do Chelsea, antes de Abramovich ter comprado o clube, para se ter ideia. É, sem sombra de dúvidas, um questionamento bastante complicado. Uma pergunta sem resposta exata. Até onde Edmundo poderia ter chegado?




