Naquela altura do campeonato, Tite e seus comandados ocupavam a quarta colocação, tendo vencido em quatro oportunidades, mas ainda sem convencer e em busca do desenho ideal para a limitada e "nova" equipe. Falava-se então da enorme capacidade do treinador de tirar muito de tão pouco. Colocar o Corinthians na briga pelo G4, e até pelo título, era algo elogiável.
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| A imagem que fica é de que Tite passou um super-Corinthians à Cristóvão. Coisa que não aconteceu. |
Passados quase três meses, Cristóvão mantém a equipe no grupo dos quatro melhores times da competição, mas a avaliação por parte de torcida e até da mídia é bastante diferente. É bem verdade que o futebol apresentado não condiz com tal colocação, no entanto, nem com Tite víamos algo destacável na forma de jogar do plantel alvinegro.
Algumas escolhas do atual treinador corinthiano podem ser bastante questionadas. Quando assumiu, por exemplo, Guilherme vinha numa crescente bastante interessante de produção. Cristóvão optou por saca-lo do time, e hoje tenta novamente dar ritmo ao camisa 10. Falha grande do professor, visto que o meia é um dos, se não o mais técnico jogador do elenco. Fica ainda mais estranho quando a justificativa pela troca foi a falta de criação, coisa que, sob o comando de Tite, vinha rendendo enormes elogios ao ex-Atlético Mineiro. Além dessa e de outras escolhas questionáveis, pesam contra o treinador o nível de suas substituições, constantemente vaiadas pelo torcedor do timão.
Mas, se Tite "tirava leite de pedra" e era elogiado por um quarto lugar, por que o trabalho de Cristóvão é considerado péssimo estando em terceiro? De maio para cá o elenco alvinegro melhorou?
Pois é. Não melhorou. Muito pelo contrário inclusive. Só nesta semana foram três saídas. É bem verdade que Luciano e André passaram longe de convencer, mas quanto menos opções mais difícil é trabalhar. O que pesa mesmo é a saída de Bruno Henrique, que vinha sendo um dos principais jogadores da temporada. Para seus lugares, chegaram duas promessas: Jean e Gustavo, de Paraná e Criciúma, respectivamente.
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| Poucos acréscimos e perdas importantes, como a de Bruno Henrique: plantel limitado dificulta o trabalho. |
É bem fácil analisar o baixo nível técnico do plantel corinthiano atualmente e durante todo o ano. Foi com Tite, por exemplo, que a equipe fez sua pior atuação em termos de passes trocados, justamente contra o Palmeiras, quando tocou a bola 313 vezes, errando 54 dessas. Outro ponto bastante óbvio é a falta de qualidade do ataque. Por mais que a equipe de Cristóvão passe longe de fazer grandes atuações, em muitas partidas as chances são criadas, mas a finalização não entra por incompetência. Culpa do técnico? Não. Também com Tite o time chegou a chutar 16 vezes contra o Grêmio no primeiro turno, acertando um único chute a gol, não suficiente para tirar o 0-0 que permaneceu no placar. Outro dado interessante são as perdas de posse. Se nos sete jogos de Tite o time perdeu a bola 35 vezes em media por partida, com Cristóvão a media sobe para 35,2. Diferença mínima, suficiente para comprovar o óbvio: o plantel é bastante questionável.
Cristóvão está longe de fazer um grande trabalho. Pode fazer o time render mais, mas nada muito além do que acontece hoje. Suas opções são escassas e de pouca qualidade, e é preciso muito encaixe para que o time desponte. Tite fazia muito com pouco, por isso, cobram demais o novo treinador, mesmo sabendo que ele tem pouquíssimo em mãos. Substituir o maior técnico da história de um clube já seria complicado, com material humano reduzido fica mais complicado ainda. O treinador merece o fardo de vilão que vem recebendo?



