Precisamos falar de Carlos Henrique Casemiro. Provavelmente, se você hoje chegar na mesa de jantar e falar aos seus pais que o brasileiro jogou muito na partida de mais cedo, eles poderão te perguntar a nacionalidade deste jogador. Quem é? Onde joga? É espanhol? Isto, claro, se não forem dos mais aficionados. Mas o ponto é simples: o Kaiser vive na sombra, sem a famigerada mídia exacerbada e, pode ter certeza, ali é o seu lugar.
Carlos Henrique não merece vídeos editados no Youtube com alguma música eletrônica tosca de fundo e alguns efeitos especiais de qualquer editor de vídeo que já venha baixado em um notebook comprado e parcelado no carnê das Casas Bahia. Não, este não é o perfil do nosso jogador.
O volante brasileiro é um verdadeiro cão (no és um perro). Mordedor nato. E o melhor de tudo, não é sujo. Casemiro é incansável em campo, tenta o bote uma, duas, três vezes até parar o jogador de alguma forma. Chegadas duras (não violentas), botes precisos, saídas de jogo, mas... bom futebol?
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| Casemiro é um cão de guarda. Preenche todos os espaços, briga por toda bola. |
Desta forma, eu deveria parar e indagar ao leitor: o que é bom futebol? O que é o futebol “bonito de se ver”? Aquele à lá Ronaldinho Gaúcho, cheio de dribles no meio de campo ou aquele jogo brigado, tático, duro, decidido nos mínimos detalhes? Perdoe-me, mas este não é o objetivo do meu texto.
Apesar de ser fã de carteirinha do jogo intenso e dos belos desarmes no futebol, precisarei usar um pouco de senso comum e pouca ideologia futebolística. Voltando ao merecedor do título, Casemiro não é bom. Simples. Fato. Para a população geral e apaixonada por futebol, ele não joga bonito, não dá show, não faz festa, não vende camisa. E não vou te iludir mesmo, até a saída de bola dele é fraca, também não é o famoso volante que chega de surpresa na área. Porém, nunca ouse o chamar de mau jogador. Nem bom. Nem mau. Confuso? Talvez, mas isto define o meio campista.
Se o Aurélio e a gramática portuguesa me permitissem, o título desse texto seria “O maU necessário.” Mau oposto de bom mesmo. Mas, por ajuda do destino, o mal oposto de bem também serve ao jogador. Apesar de pouca técnica, Carlos Henrique é extremamente necessário numa das maiores equipes da história. A consistência que este deu ao sistema defensivo da equipe de Madrid é assustadora.
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| Antes questionado e cercado de desconfiança, Casemiro alça voos cada vez mais altos. |
Mesmo que alguns discordem, Casemiro foi importante até mesmo na conquista de La Decima, visto que sua permanência no plantel ajudou a desafogar o elenco na sequencia absurda de jogos que teve o Real Madrid. Contudo, o ponto principal é a sua volta. O brasileiro voltou do Porto com uma maturidade impressionante e, após amargar o banco nas primeiras partidas, logo foi ovacionado pela torcida em suas participações espetaculares.
Casemiro joga como se fosse madridista de berço. E seria assim em qualquer time do mundo. Com uma raça invejável, o meio campista brasileiro dá seu sangue pela camisa que vestes. Diria até que é um dos jogadores menos egoístas do mundo, posto que deixa de lado sua preocupação física para dar tudo que pode a equipe, o que é uma das características mais raras no futebol moderno e o que faz a percepção do brasileiro ser tão importante.
Desta forma, amante do futebol, agora, na hora do jantar, você já pode explicar aos seus pais quem é Carlos Henrique Casemiro. Diga mais: crave para eles que este jogador é o que a nossa seleção brasileira precisa. Mostre que o rapaz que saiu desacreditado e pela porta dos fundos no São Paulo está conquistando a Europa e o Mundo. Além de tudo, agradeça que até o mal, o ruim, o leigo, é necessário para que as maiores coisas aconteçam.



