MODÃO CAIPIRA #43 - A veterana de Franca


A Associação Atlética Francana é mais um clube tradicional do interior paulista que não vive bons momentos nos últimos anos. Com 103 anos de história, fundada em 12 de outubro de 1912, já disputou até o Campeonato Brasileiro de Futebol, em 1979, porém hoje em dia se encontra licenciada do futebol profissional, pois não obteve verbas para disputar o Campeonato Paulista da Segunda Divisão deste ano. Tem como mascote a Feiticeira, um tanto quanto exótico.

No início do Século XX, foi criado o clube de futebol da cidade de Franca. Permaneceu disputando campeonatos amadores até 1947, e no ano seguinte disputou a Divisão de Acesso da FPF, seu primeiro torneio de nível profissional. Nesta época, passou pelos gramados de Franca aquele que é considerado até hoje o maior ídolo do clube: Tonho Rosa. Natural da cidade, Tonho era um grande atacante e foi muito importante na evolução da equipe esmeraldina. Outro fato que ocorreu na década de 50, que é interessante salientar: o campeoníssimo Hélio Rubens, famoso jogador e treinador de basquete, já jogou profissionalmente pela Francana, no ano de 1957. Mas por falta de garantias em sua carreira de jogador de futebol, acabou optando pelo basquete, esporte muito praticado em Franca. Até 1976, disputou a divisão inferior, sem nunca conseguir o acesso. Mas ele veio em 77. Com uma vitória por 2x0 sobre o Araçatuba, no Estádio José Lancha Filho, o famoso Lanchão, em Franca, a Veterana conquistou o título da Série A2, que na época era chamada de Divisão Intermediária.

O fato mais curioso deste título foi o prefeito da cidade de Franca, Maurício Sandoval Ribeiro, ter decretado feriado municipal no dia seguinte à conquista, para que a cidade pudesse comemorar a conquista com mais tranquilidade. Isso demonstra o quanto a cidade abraçava o clube naquela época. Naquele 4 de dezembro de 1977, 19500 pessoas estavam no Lanchão para testemunhar este feito inesquecível da equipe esmeraldina. Os gols do título foram marcados por Zé Antônio e Antenor. Aquele time contava com grandes nomes do futebol brasileiro, como Geninho (ex-goleiro e atualmente técnico do ABC-RN) e Assis (ídolo do Fluminense). Time-base da conquista: Geninho; Gasparzinho, Boca, Zé Mauro e Eraldo; Renê, Zé Antônio e Marinho; Antenor, Assis e Delei.
O Lanchão é o estádio que a Francana costumava lotar (Foto: Estadão) 


Dois anos depois, a Francana disputava seu primeiro e único Campeonato Brasileiro da Série A. Já entrou direto na segunda fase, como todos os times paulistas. No Grupo A, ficou na quarta posição, atrás de Coritiba, Atlético-MG e Campinense, mas a frente de América-RJ, Brasil-RS, Colorado (atualmente Paraná Clube) e Mixto-MT, tendo uma campanha satisfatória para os planos da diretoria, com três vitórias, um empate e três derrotas.

Permaneceu na elite do estadual até 1982, quando acabou sendo rebaixado para o segundo nível do futebol paulista. No período em que esteve na Série A1, conseguiu vitórias históricas, contra o São Paulo no Pacaembu em 1978 (2x0), contra o Corinthians, no mesmo Pacaembu um ano depois (1x0) e contra o Santos na Vila Belmiro em 1982 (3x1).

Depois de rodar entre Série A2 e Série A3 por vários anos, em 1996 a Veterana fez boa campanha no terceiro nível do estadual e conseguiu voltar para a divisão que equivale a segunda melhor do estado, sendo vice-campeã. No ano seguinte, com boa campanha na A2, conquistou vaga para a Série C do Brasileiro.

No nacional, fez uma campanha muito boa, chegando até o quadrangular final, numa competição que foi disputada por 64 equipes, e ficando a apenas um ponto do acesso. Juventus da Mooca e Sampaio Corrêa ficaram a frente da equipe esmeraldina naquela ocasião, que poderia ter mudado drasticamente o futuro do clube tão querido pela população de Franca.
Equipe de 97 que chegou muito perto da Série B do Brasileiro (Foto: GCN)


2002: foi vice-campeão da Série A2, mas o regulamento daquele ano previa uma repescagem entre o segundo colocado da A2 contra o penúltimo da A1, que foi a Portuguesa Santista. Após dois empates por 2x2, a Briosa conseguiu se manter na elite ao vencer nos pênaltis, frustrando novamente os planos da Francana de voltar para o primeiro nível do futebol estadual. O atacante Tico Mineiro foi o artilheiro daquele campeonato, sendo o principal destaque da Veterana.

Em 2005 foi rebaixada para a Série A3 novamente, e desde então vinha fazendo campanhas de meio de tabela. Até que em 2015, fez uma campanha péssima e foi rebaixada, e na lanterna. A crise chegou a seu estopim, e não foi possível aguentar mais um ano na terceira divisão.

Para piorar, a equipe não conseguiu se estruturar neste ano, e acabou se licenciando do futebol profissional em 2016, abrindo mão da vaga na Segunda Divisão (quarto nível estadual). Aos poucos, o clube está passando por mudanças e a expectativa é que em 2017 retome as atividades e volte com tudo, buscando retomar seu lugar entre os principais times do estado, para voltar a dar alegrias para o povo francano!
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