O dono do chute mais forte da história - Ronny


Por vezes, nos deparamos com brasileiros que despontam jogando em algum clube europeu e nos fazemos a clássica perguntas: Onde fulano começou no Brasil?

Promessas saem cada vez mais cedo das nossas terras para brilhar por gramados estrangeiros, Ronny é um desses exemplos. Junto com o seu irmão Raffael, forma uma família que tem o futebol no DNA. Atual jogador do Herta Berlim da Alemanha, conversamos com o brasileiro sobre diversos temas.

Confira a entrevista na íntegra:

1.Você é dono de um dos chutes mais rápidos do mundo, é realmente uma pancada absurda que você consegue dar na bola, tem alguma técnica especial ou forma diferente de bater? Como fazer pra sair um foguete desses a meia e longa distância?

É como dizem: filho de peixe peixinho é. No passado o meu pai foi jogador de futebol. Ele era lateral direito e defendeu vários clubes, como por exemplo o Ceará, Fortaleza e o Ferroviário. Ele chutava muito forte, e fazia muitos gols em cobranças de faltas, bem como chutando firme de fora da área. Acho que o futsal também me ajudou muito. Lá eu aprimorava muito o chute e o passe.

2.Certa vez quando pertencia ao Sporting em um jogo contra o Naval em 2006, chutou a uma velocidade de 222km/h. Este número superaria de longe, o recorde atual de 129 km/h. Entretanto, infelizmente não havia nenhum instrumento de medição adequado para que pudessem comprovar por A+B que o chute atingiu aquela velocidade, por isso não entrou para o Guiness Book. Seria uma marca um tanto curiosa, não? Ainda mais se pensarmos que seu chute ultrapassou o recorde atual em quase 100 km/h.

Quase sempre nas entrevistas eu tenho que falar sobre aquele gol. Foi demais! Pelo momento do nosso time naquela partida (fiz o gol da vitória nos minutos finais) e pela potência do chute. Eu vou guardar aquele momento pro resta da minha vida. Seria uma marca histórica. Eu gostaria que tivesse o instrumento de medição pra ficar marcado, não só naquele jogo, mas na história do futebol. Seria algo muito gratificante pra mim.


3. No Corinthians, você era lateral esquerdo e reserva imediato do na época bastante aclamado, Gustavo Nery. Hoje em dia costuma jogar mais avançado, mais pro meio campo. Afinal,  em que posição se sente melhor em campo? E sobre o Nery, porque acha que ele teve aquela grande queda de qualidade após boas temporadas que chegaram até a dar a ele vaga na seleção?

Eu quero jogar, independentemente da posição que o treinador me colocar. Eu deixo essa questão para o treinador. Quanto ao Nery, ele foi uma pessoa que me ajudou bastante quando eu estava começando. Me ensinou muitas coisas! Acho que jogador têm sempre o seu momento. Quando o jogador está bem, normalmente todo mundo fala, e quando está mal, também. E jogar no Corinthians é pressão toda hora, jogando bem ou não. Acho que isso também pesa. Ele é um jogador que admiro e respeito muito.

4. Ainda sobre o Corinthians, quem lançou você no time principal, curiosamente foi o atual treinador do timão, Tite. Naquela época ele já dava indícios do treinador que viria a ser hoje em dia? Qual foi o melhor treinador com o qual você já trabalhou?

Sim, naquele tempo o Tite já dava indícios de que seria um grande treinador. E hoje está aí a confirmação: campeão da Libertadores, do Mundial, do Campeonato Brasileiro. Ele foi uma pessoa que também me ajudou muito na minha trajetória no Corinthians. Pegou no meu pé quando eu precisava aprimorar em algumas coisas. Eu devo muito a ele também. Eu gostei da relação que eu tive com todos os treinadores que tive a oportunidade de trabalhar. Mas, guardo um carinho especial pelo Tite.

5. Mesmo com poucos jogos como profissional aqui no Brasil, você despertou o interesse de alguns clubes europeus mas acabou escolhendo o português Sporting, onde infelizmente demorou para se adaptar e acabou sendo emprestado ao Leiria. Se pudesse voltar atrás, teria mudado de escolha na hora de acertar com a Europa?

Não! Acho que foi uma boa experiência eu ter ido cedo pra Europa. O primeiro ano na Europa é sempre mais complicado. Não é fácil se habituar logo de início. Mas eu não me arrependo não. Amadureci jogando na Europa. Ganhei títulos também. Fico muito feliz e grato por essas conquistas!
O brasileiro chegou muito novo ao Sporting: experiência muito boa, segundo o próprio.

6. Quando saiu de Portugal para jogar no Hertha Berlim o clube alemão se encontrava na segunda divisão. Se tratando da sua carreira e enxergando com o panorama daquela época, teoricamente teria sido um passo atrás na vida profissional sair de um grande português para ir a um clube da segunda divisão alemã? Como você via seu futuro quando assinou pelo Hertha?

Eu acho que foi um desafio pra mim, bem como um sonho. Até porque tive a oportunidade de atuar ao lado do meu irmão. Isso sempre foi um sonho pra mim. E eu abracei esse desafio e graças a Deus conquistei os objetivos que queria conquistar. Fui campeão logo no primeiro ano. Além disso, a segunda divisão do campeonato alemão é muito forte, creio que uma das mais fortes do mundo, com jogos de qualidades e estádios lotados. Sem dúvida foi uma experiência incrível.

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7. Jogando a serie B alemã, atuou ao lado do seu irmão Raffael (que inclusive, já nos concedeu entrevista). Como é atuar ao lado de um familiar tão próximo? Em campo você costumava procura-lo mais?

Como eu disse antes, foi um sonho! A gente se entendia muito bem em campo. Ele sabia o que eu queria fazer e eu também sabia aquilo que ele queria fazer. Por isso, se tornava de certa forma até um pouco mais fácil quando a gente jogava no mesmo time. Inclusive, nós subimos pra primeira divisão logo no primeiro ano. No ano seguinte, jogamos juntos a elite do futebol alemão.
Hoje em lado diferentes, Raffael e Ronny já foram companheiros de vestiário.


8. Você fez alguns jogos pela seleção brasileira sub-17. Porque acha que não conseguiu dar continuidade a sua carreira na seleção canarinha? Foram más escolhas, pouca visibilidade? Qual fator considera preponderante?

Acho que faltou oportunidade pra eu dar continuidade. Ser convocado pra seleção não é uma tarefa fácil. Creio que a grande quantidade de jogadores talentosos torna difícil a vida de um treinador que passa pela seleção. Por exemplo, até mesmo o meu irmão, que tem jogado um futebol excelente, ainda não foi lembrado. Mas, enfim, chega a ser um assunto polêmico. Então, prefiro não entrar no mérito.

9. No Hertha Berlim, acabou virando ídolo da torcida após algumas ótimas temporadas vestindo a camisa do clube alemão. Hoje em dia, como os adeptos te tratam? É o clube pelo qual tem mais identificação?

É um clube que eu tenho muita identificação sim. No ano que o Hertha caiu pra segunda divisão eu fiz uma temporada muito boa, e assim eu conquistei um carinho muito grande da torcida e do clube. Até hoje a torcida tem esse carinho por mim. Certamente é o time que eu me mais me identifiquei.
A identificação com o clube é a maior de sua carreira. Berlim é sua casa.

10. Essa pergunta é de praxe para brasileiros que jogam na Europa, você pensa em voltar ao Brasil? Se sim, qual clube seria seu plano A?

No momento não penso. Até porque eu pretendo cumprir o meu contrato. Tenho mais um ano e meio de contrato aqui no Hertha. Essa questão contratual eu deixo para o meu empresário resolver, o Dino Lamberti.

11. É sempre um prazer para nós poder conversar com jogadores do seu calibre! Gostaria de dizer algo para seus fãs ou citar algum ponto que não o indagamos? Fique a vontade, um grande abraço de toda a equipe 4-3-3!

Queria agradecer aos meus fãs que sempre me apoiam. Um grande abraço a todos! Gostaria de agradecer também a toda equipe 4-3-3 pela oportunidade de conceder essa entrevista.
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