Zaga fraca? Não é bem assim

É mais do que reconhecida a qualidade dos jogadores ofensivos do futebol argentino. Messi, Dí Maria, Agüero, Higuain são nomes que dão um grande potencial ofensivo para a seleção. Jogadores criativos para o meio como Banega, Pastore e substitutos no ataque como Gaitán ou os promissores Dybala, Vietto, Angel Correa, Erik Lamela dão um leque de opções muito grande para o técnico Tata Martino (apesar de sub-aproveitadas). Entretanto, é repetitivo o discurso nas redes sociais ou nas transmissões de jogos da seleção: o ataque é forte, mas a zaga é fraca. Mas quando se olha para os nomes disponíveis a realidade é bem diferente.

NICOLÁS OTAMENDI

Hoje Otamendi é talvez o defensor argentino de maior renome no futebol mundial. Mas nem sempre foi assim. Revelado no Vélez Sarsfield, ainda jovem chamou a atenção do Real Madrid que via nele um zagueiro muito promissor. Durante a campanha instável da seleção nas Eliminatórias para a copa de 2010 foi um dos inúmeros jogadores convocados, mas ganhou a confiança de Diego Maradona. Entretanto, na Copa do Mundo, jogando improvisado na lateral direita (que para muitos deveria ter sido uma vaga para Javier Zanetti) e em um esquema quase suicida armado por Don Diego, decepcionou. Com Batista e Sabella chegou a cometer algumas falhas e passou muito tempo distante da seleção, apesar de certa regularidade no Porto. Até que em 2014 uma transferência foi talvez o ponto de mudança em sua carreira. Comprado pelo Valência, teve de ser emprestado ao futebol brasileiro. Com um nível técnico maior a maioria dos jogadores no futebol brasileiro era esperado um bom rendimento, porém a maior exigência por jogar numa equipe que o deixava exposto principalmente pelos laterais muito ofensivos e a disputa da Libertadores de 2014 foram duas experiências essenciais na carreira do beque que retornou a seleção apesar de na convocação final ter sido preterido pelo experiente Martín Demichelis. Chegando ao Valencia mostrou altíssimo nível e foi um dos melhores zagueiros do campeonato espanhol de 2014/2015 e um dos destaques da seleção na campanha da Copa América o que despertou o interesse do Manchester City. Com boa velocidade, posicionamento, antecipação e um excelente jogo aéreo, mesmo sem tanta estatura, se tornou figura carimbada na seleção e peça chave na equipe.

EZEQUIEL GARAY

Menos lembrado que Otamendi, porém superior na opinião de muitos argentinos. Revelado pelo Newell's e com passagem pelo Real Madrid, Garay veio se firmar como grande zagueiro no Benfica. Outro que também sofreu por causa de uma equipe que o deixava exposto, potencializou seu posicionamento e antecipação, compensando a pouca velocidade. Além disso, mostra bastante tranquilidade e é quase imbatível pelo alto, tendo também boa saída de bola. Desde que foi para Portugal, se firmou como presença constante no time de Sabella e um ponto de confiança do treinador, o que se comprovou com o excelente nível demonstrado na copa de 2014 (ainda que ofuscado pelas grandes exibições de Javier Mascherano). Mesmo despertando interesse de equipes superiores, como Bayern, Manchester United e Napoli, Garay acabou se transferindo para o Zenit da Rússia, o que para muitos é um "desperdício de talento", visto que ele tem qualidade para jogar em equipes de maior nível.

MATEO MUSACCHIO


Revelado pelo River Plate, Musacchio chegou muito jovem ao Villarreal. Veloz, com ótima capacidade de desarme, também com boa qualidade de posicionamento e antecipação, Musacchio é hoje um dos principais jogadores da forte equipe do submarino amarelo (que tem na defesa seu ponto forte). Desde o seu retorno após a grave lesão sofrida em 2015 (fratura na perna esquerda), vem mostrando alto nível e deve ser a primeira opção de Martino para os lugares de Otamendi e Garay. Musacchio vem se tornando um ídolo da equipe, até por ter permanecido no time mesmo após o recente rebaixamento para a Liga Adelante e é um dos capitães do clube atualmente. Antes de sua lesão, chegou a ser cotado para uma transferência ao Barcelona e aclamado para uma convocação para a copa de 2014 (que Sabella não atendeu, mas resultou em testes antes da copa América com Martino).

RAMIRO FUNES MORI 

Ramiro Funes Mori estreou dois anos após seu irmão, o atacante Rogelio Funes Mori. Mas ao que tudo indica terá carreira mais consistente. Com 24 anos, vem se firmando como bom zagueiro na Premier League (mesmo com a instabilidade do Everton no setor) após se destacar pelo River Plate. Rápido, com boa estatura, tem boa antecipação e é versátil podendo jogar nos dois lados da defesa. Além das laterais, o que o garante como a quarta opção para a defesa, ganhando espaço que pertencia ao antes titular com Sabella (mas nem tanto confiável), Federico Fernández.
Apesar de bons nomes é justo dizer que o rendimento defensivo como um todo ainda é inferior ao mostrado com Sabella. Muito pela mudança de posicionamento que ainda não foi bem assimilada (antes jogava-se em uma linha defensiva baixa, hoje já se tem uma defesa bem mais adiantada) e a maior exposição ocasionada pelo esquema de Martino (mesmo com a presença de Javier Mascherano). Mesmo assim, a zaga tem sido responsável direta por não ter tido um desempenho ainda mais inferior e com isso vem salvando a pele do comandante.
Tata Martino tem bons nomes, mas ainda não
acertou o sistema defensivo da Albiceleste

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