Problema além da zaga


“Defesa”. Sem dúvidas, essa vai ser a resposta de praticamente todo o torcedor do Flamengo ao ser perguntado sobre o maior problema do time para 2016. 

De fato, o sistema defensivo do Fla não inspira confiança. Juan, que é de longe o melhor zagueiro do elenco, tem idade avançada e precisa de um companheiro que não o sobrecarregue. O experiente defensor muitas vezes pode ter que “jogar por dois”, visto que nomes como César Martins e principalmente o capitão Wallace não inspiram confiança e jogadores como Antônio Carlos e Léo Duarte ainda são incógnitas.
Juan parece o único nome de confiança no setor, mas idade pesa e ele precisa de um companheiro

Porém, além deste, o Flamengo possui outro setor com grandes problemas, e por ter jogadores de nome, pode demorar a ser corrigido, visto que não é a prioridade da diretoria no momento. 

As pontas.

Convenhamos, Sheik não é mais um garoto e apesar de o jogador ter uma resistência boa para a idade, é visível de que ele está mais “duro” e os seus 37 anos, que deveriam lhe dar mais experiência, parecem ter tido efeito contrário. Isso por que Sheik perdeu em seu arranque e força física que sempre foram essenciais em seu jogo. Buscando imprimir velocidade e por vezes trombadas, Emerson não utilizava tanto de recursos como drible curto ou participar da construção de jogadas. Com a perda da velocidade, tem de usar mais recursos técnicos e buscar participar mais da construção de jogadas, um estilo pelo qual não está adaptado a jogar.  Isso fica claro quando se analisa o que ele vem mostrando: além de escolher a decisão errada muitas vezes, atrasar contra ataques, o quase quarentão demonstra em alguns momentos, afobação de um menino, as irresponsáveis tentativas de dribles ou firulas, que quando são mal executados, acabam gerando contra-ataques perigosíssimos contra a meta do Fla e por fim, a ineficiência nas finalizações. Sendo mais claro, a queda física de Sheik refletiu também na sua parte técnica e sua presença em campo vem sendo tão prejudicial quanto a do contestado zagueiro Wallace.
Queda física afeta demais o jogo do incansável Emerson Sheik

Do lado direito do campo rubro negro, há outro jogador, que assim como no ano passado, vem fazendo um bom início de temporada. Porém, uma queda de rendimento de Marcelo Cirino não seria surpresa para ninguém. Enfrentando na maioria das vezes adversários fracos, apesar de ter feito bons clássicos contra Atlético Mineiro e Fluminense, ele não pode ser considerado uma certeza, até pela sua nítida falta de qualidade técnica demonstrada em alguns lances. Cirino não tem tanta qualidade em aspectos como passe, finalização ou drible curto, o que resulta em grandes dificuldades frente a equipes mais compactas, o que já fica indiciado na partida diante do Figueirense na Primeira Liga e sugere que o baixo desempenho de 2015 não foi apenas uma má fase. Se tratando de um jogador que precisa de espaço para imprimir velocidade, não se adapta a outro modelo de jogo que não seja o contraataque e assim sendo, dificilmente ele será útil contra equipes que saiam pouco para o jogo e que não deixarão espaço para que ele dê suas arrancadas.

As outras opções: Gabriel e Everton já mostraram que são jogadores questionáveis até mesmo para preencher elenco. O primeiro, apesar de demonstrar alguma habilidade, é extremamente irregular e comete alguns erros bobos, até mesmo por não tido nenhuma preparação em categoria de base e ter virado jogador do “dia para a noite”, enquanto o segundo, tem muita velocidade, mas peca em praticamente todos os atributos restantes. Ambos chegaram a se destacar, principalmente no segundo semestre de 2014, num time que tinha como proposta de jogo exclusivamente o contragolpe, mas desde aquele período nunca mais apresentaram um nível convincente.
A dupla não passa muita confiança e a oscilação é a principal marca

Outra opção é o ainda incógnita Thiago Santos, jogador que lembra em alguns aspectos o jogador ex-Flamengo Paulinho, tanto nas virtudes (velocidade, drible), quanto nas deficiências (passe, finalização). Paquetá (outra promessa e ainda incógnita) que vem entrando mais centralizado, mostra-se um jogador com mais qualidade para passe ou finalização, embora menos veloz. Nixon, veloz segundo atacante que se destacou em 2014 e é também prata da casa, está em fase final de recuperação da grave lesão que teve no ano passado. Nenhum dos 3 são nomes confiáveis, mas podem eventualmente jogar por ali e se bem lapidados podem agregar ao elenco de Muricy.

Uma das alternativas com mais chances de êxito até o momento, é a escalação de Ederson na ponta esquerda, na vaga de Emerson Sheik, assim que Mancuello recuperar-se da lesão. O camisa 10 da Gávea, já atuou em praticamente todas as posições do meio para frente e em suas duas últimas partidas, fez boas jogadas quando caiu por aquele lado (esquerdo). Tendo razoável velocidade e muita qualidade técnica, pode ser boa opção para o setor. O único porém da entrada de Ederson na equipe é o seu histórico de lesões, que também o transforma em uma incerteza e sua utilização pelo flanco, pode representar maior desgaste e maximizar o risco de contusões. O deslocamento do argentino Mancuello para a função é outra possibilidade, embora seja improvável.
A mudança de posição do camisa 10 pode ser importantíssima para a equipe de Muricy

Abdicar de ter jogadores pelos flancos é outra alternativa. Num possível 4-3-1-2 seria necessário a colocação de Ederson no ataque e a entrada de Alan Patrick como meia. Os volantes Mancuello e William Arão deveriam atacar mais abertos, assim como os laterais Jorge e Rodinei deveriam avançar mais, para que a equipe não perca em amplitude.

Com tantas incertezas na posição, o melhor para o Flamengo é contratar além de um zagueiro, ao menos um ponta de qualidade para a disputa do campeonato brasileiro. A vinda de pelo menos um jogador de qualidade para cada uma das duas posições, elevariam o rubro negro para outro patamar.


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