Precisamos falar (um pouco mais) sobre o Ganso


Um ano após se destacar no Santos campeão paulista sub-20, Paulo Henrique Ganso assinava, em janeiro de 2008, seu primeiro contrato profissional. Em fevereiro, estreava no profissional do time da Vila Belmiro. Buscou consolidação nas temporadas de 2008 e 2009. Brilhou em 2010 - sendo quase unanimidade do público brasileiro nos pedidos de convocação para a Copa – quando conquistou o Paulista e a Copa do Brasil, em um Santos que encantava pelo estilo plástico de jogo que praticavam principalmente Neymar, Ganso e Robinho. Ainda nesse ano, estreou pela Seleção Brasileira: titular e camisa 10, com apenas 21 anos. O roteiro perfeito para um grande maestro do futebol mundial. Oito anos após sua estreia como principal, o que esperar do Ganso?

Depois da temporada de 2011, com a conquista da Libertadores, PH passou longe de alçar os voos que eram esperados. Foi para o São Paulo em 2012. Hoje, sofre com as comparações com um Ganso que existiu antes das lesões (entre elas um rompimento no ligamento do joelho, em 2010) e, mais do que isso, sofre com o “que ele poderia ter sido”.

No meio disso, muitos especialistas, jornalistas, ex-jogadores e treinadores debateram sobre o desempenho do jogador, questionando a intensidade dentro das quatro linhas, uma possível mudança de função dentro de campo ou outras formas de aproveitar o talento, quase indiscutível, demonstrado por Ganso.

Nesse meio tempo, o camisa 10 continuou desempenhando sua função de titular no time do São Paulo. A verdade é que, depois da mudança de clube, Ganso sempre se mostrou necessário. Em anos de jejum de títulos dos lados do Morumbi, independente do técnico, o time é pior sem ele, mesmo que no time titular Ganso não tenha tanto destaque.
Liderança e divisão de responsabilidade com Kaká ajudou demais o camisa 10.

Seu melhor desempenho talvez tenha sido no segundo semestre de 2014, quando perdeu o protagonismo com a chegada de Kaká. Ganso dividia as funções. Não carregava o piano. Não cabia a ele – sozinho – a responsabilidade da criação do time.

2016 chega e mostra ser (mais um) ano de aprovação para o camisa 10 tricolor. Com Edgardo Bauza no comando, o jogador já conseguiu, em 14 jogos, bater a quantidade de gols em 53 disputados em 2015. Tem média menor de passes certos (35/jogo) em relação ao ano passado (44/jogo), ao mesmo tempo que dobrou a de finalizações certas – 1,0 em 2016 contra 0,48 em 2015. Parece ter escolhido entre as duas opções para o meia clássico no futebol moderno: ou vira meia-atacante, entra na área e participa mais das conclusões dos lances, ou recua um pouco para ser o primeiro construtor de jogadas. Ainda instável, mostra oscilações até mesmo dentro de um jogo: contra o Trujillanos, na Venezuela, foi de herói - marcando o gol de empate - a quase vilão, perdendo o pênalti que viraria o jogo para o time do Morumbi.
Por melhor que tenha sido sua atuação, fica marcado pelo pênalti. Os altos e baixos são constantes para Ganso.

O problema do meia parece nítido para todos. Falta energia, movimentação, envolvimento com a partida. Por mais que muitos tentem "culpar" o tal futebol moderno e cravar que ele seria um craque em outras épocas, é obrigação do meia se adaptar ao que temos hoje e isso não é impossível, basta querer. Como o próprio Bauza já disse, "quando se propõe não tem limites". Ou seja, basta querer, algo que o camisa 10 raramente parece estar afim.

Já com 26 anos, é unânime que Paulo Henrique Ganso não deve ir para um time A da Europa. Talvez nem para um time B. E certamente não seria titular absoluto. Aqui no Brasil, pode ser titular na maioria dos times, se não em todos. Já mostrou que tem lampejos de craque. Está amadurecendo dentro de campo, e junto, pode vir a regularidade que há anos não vemos.

Daqui a oito anos, o que teremos a falar da carreira de Paulo Henrique Ganso?
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