Por que Abramovich comprou o Chelsea?

O russo tem uma fortuna avaliada em 7.6 bilhões de dólares (2015)

11 de maio de 2003, última rodada da Premier League. Chelsea e Liverpool se enfrentariam em Stamford Bridge. De um lado, uma equipe que precisava apenas de um empate para se classificar para a Champions League da próxima temporada, de outro, um time aflito, com esperanças, apesar do nervosismo por uma possível falência e com uma imensa vontade de voltar a disputar a principal competição continental, cuja não participava desde 1999/2000.


A equipe londrina venceu por 2 a 1 e se garantiu em quarto lugar, o que lhe deu a vaga na Champions League de 2003/04. Os gols marcados por Desailly e Gronkjaer seriam os mais importantes para a história do clube do bairro de Fulham. Essa vitória — e a consequente classificação para a maior competição interclubes do mundo — foi um dos motivos principais para Roman Arkadyevich Abramovich fazer parte de um dos principais clubes do mundo.

Desde aquela época, o Chelsea já tinha ótimos jogadores: o islandês Eiður Guðjohnsen; o seguro John Terry; a revelação Frank Lampard; o consistente William Gallas, além da lenda Gianfranco Zola e vários outros. Roman Abramovich chegou a Londres para desenvolver uma segunda potência na cidade.

A verdade é que ele estava dividido. O russo era um grande fã de Zola, mas não estava decididamente cego em comprar o Chelsea. Haviam outras opções, como o Tottenham Hotspur de Daniel Levy, presidente da equipe, que pediu uma quantia de 50 milhões de libras. Roman ponderou, e pensou na proposta.
Daniel Levy, presidente do Tottenham


Mas Roman queria mais. Ele queria uma equipe que não fosse preciso gastar meio milhão de libras para vencer a Liga, por exemplo. E como todo bom bilionário, ele tinha contatos. Sven Goran Eriksson, treinador da Inglaterra naquela época, era um dos homens próximos a Abramovich. O russo estava em dúvida e foi procurar conselhos com um das pessoas que mais confiava:
Em 2003, Roman queria comprar um clube na Rússia. Fui com ele à Moscou para ver como eram as estruturas de dois, três clubes. Mas aí ele mudou de ideia e disse que queria comprar um clube londrino. Estava dividido entre Chelsea e Tottenham.

Ele me ligou e disse: ‘Qual devo comprar?’ Então respondi que, se ele queria vencer a liga, então o Chelsea — porque você precisaria mudar apenas metade do time. Àquela altura, você precisaria mudar o time dos Spurs por completo.
O Arsenal não estava a venda. O Chelsea, perto da falência devido aos altos salários dos jogadores e do alto custo de manutenção devido a estar numa área nobre da capital inglesa, procurava mais do que nunca um investidor para não correr novamente o risco de fechar as portas.


Trevor Birch, então diretor esportivo do clube, disse que a falha em se qualificar para a Champions League seria o estopim para uma crise sem precedentes no clube, que poderia tomar rumos semelhantes ao Leeds ou ao Portsmouth, atualmente nas divisões inferiores da Inglaterra. Gronkjaer acabou fazendo o gol de um bilhão.

Roman assistiu a partida e começou a analisar melhor os fatos. Por que não? Um clube numa área nobre londrina, com um ótimo estádio, que tinhas as melhores infraestruturas para os visitantes — incluindo dois hotéis —, participando da Champions League e procurando em todos os lugares alguém para pagar as dívidas?
Gus Poyet comemorando o gol vencedor da Supercopa da UEFA em 1998 sobre o Real Madrid

O Chelsea não era qualquer clube. Não era uma equipe inexpressiva nas últimas quinze temporadas, que era o caso do Tottenham. Pelo contrário, havia conquistado dois títulos europeus, copas nacionais e estava terminando na parte de cima da tabela. Custaria muito menos para fazer um super time, uma grande esquadra. Não era o Manchester City, que participava das segundas e terceiras divisões. Também não era tão caro para comprar, como Manchester United e Liverpool. Eram situações diferentes, e Roman enxergava isso.

Então, em junho de 2003, um mês após a partida de um bilhão de libras, o russo comprou os direitos do time por 60 milhões. Era mais que o que pedia o Tottenham, mas foi um negócio bem mais lucrativo. Além de se tornar acionista majoritário, Roman limpou toda a dívida do Chelsea, que era avaliada em 140 milhões de libras esterlinas. Logo na sua temporada de estreia, 2003/04, com investimentos pesados, como a transferências de Claude Makélélé, Hernán Crespo e Damien Duff, seu clube atingiu o segundo lugar da competição nacional, alcançou as semifinais da Champions League e teria a glória da Premier League no ano seguinte. O resto é história.
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