Nada de convicção


Depois da excelente Copa do Mundo com a Holanda, Louis van Gaal desembarcou em Manchester com muita expectativa. Não era pra menos. Depois da desastrosa passagem de David Moyes, esperava-se um treinador top para recolocar os red devils nos trilhos, e ele parecia ser o nome. Porém, nada foi como o esperado. O treinador holandês já está a quase 600 dias no cargo, e até aqui, nada para se orgulhar. Até aqui, seu trabalho é marcado pelo futebol ruim, invenções desnecessárias e eliminações precoces em copas e até mesmo na Champions League, competição que o clube até voltou a disputar, mas passou vexame na fase de grupos.

Boring. É assim que os ingleses definem o jogo dos vermelhos de Manchester. Nada de movimentação intensa, toque de bola envolvente ou qualquer sintoma de maior criatividade. O time é previsível, a transição é lenta e a troca de posições é raríssima, o que torna ainda mais fácil bater de frente com a equipe. Basicamente: dá sono ver o United em campo.

Martial ou Lingard hora ou outra tentam alguma jogada mais plástica, Mata de vez em quando acerta um belo passe e Memphis também tem seus momentos de brilho, mas é tudo muito raro. Não há constância de atuação, muito menos de escalação. Van Gaal parece sentir prazer pelo "não-óbvio". Até mesmo quando está com opções da posição, prefere improvisar outro atleta. Podemos citar inúmeras vezes em que Blind, lateral esquerdo se viu na defesa para que Darmian (lateral direito) jogasse na esquerda e McNair (zagueiro) aparecesse na direita. É, até lendo isso parece confuso, em campo então, nem se fala. Três jogadores que se veem fora de posição e olhando para seu lugar de origem, veem alguém também improvisado, sem necessidade alguma.
O time até tenta, mas o jogo não flui

Responder qual o time titular do United é difícil até mesmo para um torcedor fanático. Van Gaal parece desconhecer  a palavra continuidade. No futebol, a repetição é fundamental para atingir o maior nível de atuação possível. Se a repetição dos jogadores e esquema não for possível, pelo menos a maneira de jogar e se postar deveria ser mantida, e o holandês parece não fazer questão.

Quem paga o pato são os jogadores. Grande maioria do elenco dos red devils não rende o que pode, muito pela falta de organização e suporte. Alguns defendem até hoje que Di Maria não deu certo na Inglaterra por causa do treinador. Memphis ainda não rende, e já começam a creditar mais um flop ao técnico. Obviamente a culpa não é só dele, mas o dever de um profissional da área técnica é tirar o máximo possível de cada atleta, algo que improvisados ou num time mal montado se torna bem difícil.



A tendência é que van Gaal não renove para a temporada que vem, mas grande parte da torcida é favorável a uma demissão ainda nessa temporada. Com nomes como Carlo Ancelotti e possivelmente Pep Guardiola, a pressão sob o atual comandante aumenta, e com o futebol pobre, praticamente duplica. São quase dois anos com dinheiro e estrutura para realizar um bom trabalho, e até aqui, nada de produtivo. Van Gaal não tem convicção quando vai ao mercado, muito menos quando escala seu time. A saudade de Alex Ferguson é enorme em Manchester.
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